image/svg+xml
Rev. Hipótese,
Bauru, v. 8, esp. 1, e022027, 2022. e-ISSN: 2446-7154
DOI:
https://doi.org/10.47519/eiaerh.v8.2022.ID422
| 1
RESENHA CRÍTICA: “THE SINGING NEANDERTHALS: THE ORIGINS OF
MUSIC, LANGUAGE, MIND, AND BODY”
RESEÑA CRÍTICA: “THE SINGING NEANDERTHALS: THE ORIGINS OF MUSIC,
LANGUAGE, MIND, AND BODY”
CRITICAL REVIEW: “THE SINGING NEANDERTHALS: THE ORIGINS OF MUSIC,
LANGUAGE, MIND, AND BODY”
José Fornari
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
e-mail: fornari@unicamp.br
Como referenciar este artigo
FORNARI, J. Resen
ha crítica: “The singing neanderthals: The origins of music, language, mind,
and body”.
Revista Hipótese
, Bauru, v. 8, esp. 1, e022027, 2022. e-ISSN: 2446-7154. DOI:
https://doi.org/10.47519/eiaerh.v8.2022.ID422
Submetido em
: 10/03/2022
Revisões requeridas em
: 05/05/2022
Aprovado em
: 01/07/2022
Publicado em
: 01/
12/2022
image/svg+xml
Resenha crítica: “The singing neanderthals: the origins of music, language, mind, and body”
Rev. Hipótese,
Bauru, v. 8, esp. 1, e022027, 2022. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.47519/eiaerh.v8.2022.ID422
| 2
RESUMO
: Esta revisão crítica é um trabalho fascinante de Mithen sobre a disposição de fazer
e ouvir música dos humanos. A linguagem e a música são provavelmente restritas ao Homo
sapiens, mas a musicalidade tem origem em nossos ancestrais e parentes hominídeos. Mithen
busca explicações associadas a linguagem e a música reunindo subsídios teóricos da
arqueologia, antropologia, biologia, neurociências e musicologia para desenvolver uma
compreensão sofisticada dos sistemas de comunicação pré-modernos do que atualmente existe.
A obra explica como a capacidade para a música evoluiu ao longo do tempo abordando a
evolução da linguagem, do corpo e da mente.
PALAVRAS-CHAVES
: Homo Sapiens. Musicalidade. Evolução da linguagem.
RESUMEN
: Esta revisión crítica es un trabajo fascinante de Mithen sobre la voluntad de los
humanos para hacer y escuchar música. Es probable que el lenguaje y la música estén
restringidos al Homo sapiens, pero la musicalidad tiene su origen en nuestros antepasados y
parientes homínidos. Mithen busca explicaciones asociadas con el lenguaje y la música
reuniendo conocimientos teóricos de la arqueología, la antropología, la biología, la
neurociencia y la musicología para desarrollar una comprensión sofisticada de los sistemas
de comunicación premodernos de lo que existe actualmente. La obra explica cómo ha
evolucionado la habilidad para la música a lo largo del tiempo abordando la evolución del
lenguaje, el cuerpo y la mente.
PALABRAS CLAVE
:
Homo Sapiens. Musicalidad. Evolución del lenguaje
ABSTRACT
: This critical review is a fascinating work by Mithen on the willingness of humans
to make and listen to music. Language and music are probably restricted to Homo sapiens, but
musicality originates in our hominid ancestors and relatives. Mithen seeks explanations
associated with language and music by bringing together theoretical insights from archaeology,
anthropology, biology, neuroscience, and musicology to develop a sophisticated understanding
of pre-modern communication systems of what currently exists. The work explains how the
ability for music has evolved by addressing the evolution of language, body, and mind.
KEYWORDS
: Homo Sapiens. Musicality. Language evolution.
image/svg+xml
José FORNARI
Rev. Hipótese,
Bauru, v. 8, esp. 1, e022027, 2022. e-ISSN: 2446-7154
DOI:
https://doi.org/10.47519/eiaerh.v8.2022.ID422
| 3
Vivemos numa sociedade obliquamente dominada e determinada pela tecnologia digital
de comunicação audiovisual, instantânea e remota, da qual dependemos, tanto em termos
funcionais quanto estéticos. No entanto, muitas vezes esquecemos que "tecnologia" acompanha
a evolução humana desde seus primórdios. A capacidade de conceber, desenvolver e utilizar
artefatos que ampliem a ação de nossos gestos e sentidos é algo que teve inicio até mesmo antes
da origem da nossa espécie (Homo sapiens). A música é também uma decorrência da tecnologia.
Todos os instrumentos musicais são desenvolvimentos tecnológicos de uma época, que
expressam a habilidade gestual e a competência cognitiva daquele período. Registros
arqueológicos dos primeiros instrumentos musicais datam de cerca de 35.000 anos atrás,
período em que nossos primos evolutivos, os neandertais, foram extintos.
O livro “The Singing Neanderthals: The Origins of Music, Language, Mind, and Body”,
do Prof. Mithen, arqueólogo cognitivo, trata da origem da música e da linguagem (duas
comunicações exclusivas e essencialmente humanas) sob o viés da arqueologia, da seleção
natural e da neurociência. Este analisa o caminho evolutivo evidenciado pela tecnologia, mesmo
anterior à origem da nossa espécie, há 6 milhões de anos, na bifurcação evolutiva dos
"Hominini", em duas espécies: os "Hominidae" (como são os chimpanzés e os gorilas) e os
"Homo" (como somos nós e como foram os neandertais). Isto é marcado pelo início do período
paleolítico (ou seja, da tecnologia da pedra lascada), época do Homo erectus, extinto há 300.000
anos, de onde surgiram o Homo neandertal e nós, Homo sapiens, atualmente os únicos
descendentes ainda não extintos, dessa linhagem evolutiva.
Este livro descreve como a linguagem e a música descendem de uma mesma forma
primordial de comunicação sonora, que o autor chama de "Hmmmmm" (Holística,
Manipuladora, MultiModal, Mimética e Musical). A análise arqueológica da tecnologia de todo
o período neandertal demonstra pouco avanço, não se expandindo muito além da pedra lascada
(usada na confecção de machados e lanças), o que sugere que neandertais, apesar de terem tido
capacidade cerebral semelhante à nossa, não desenvolveram habilidades de fluência cognitiva
decorrentes da comunicação composicional que constitui a linguagem (que possibilita
descrever objetos, ações, qualidades e compor recursivamente com estes módulos sonoros,
conceitos mais complexos e precisos). Os neandertais limitaram-se a uma forma de
comunicação sonora holística (não-composicional e emotiva, como são as nossas interjeições
ou a comunicação espontânea de adultos com crianças em fase pré-verbal e animais de
estimação), manipuladora (representando saudações, ameaças, comandos e solicitações),
multimodal (acompanhando gestos e expressões exageradas) e mimética (baseada na repetição
image/svg+xml
Resenha crítica: “The singing neanderthals: the origins of music, language, mind, and body”
Rev. Hipótese,
Bauru, v. 8, esp. 1, e022027, 2022. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.47519/eiaerh.v8.2022.ID422
| 4
de sonoridades e gestos entre interlocutores). Essa protolinguagem apresenta características da
comunicação sonora afetiva que apreciamos, necessitamos e chamamos de “música”.
Neandertais, pela ausência de linguagem, eram essencialmente musicais, ainda mais do
que nós, os sapiens. Mythen sugere que todos os neandertais possuíam "ouvido absoluto" (como
é o caso das crianças em fase pré-verbal) e eram particularmente emotivos, já que a emoção é
a força propulsora que antecede a razão expressa pela linguagem. Este conteúdo afetivo era
expresso através da comunicação sonora vocal holística e manipuladora que constituía a
protolinguagem musical dos neandertais, justificando o título deste livro (traduzindo: “os
neandertais cantores”).
A extinção dos neandertais não foi de fato completa. Houve cruzamento entre sapiens e
neandertais e atualmente existem traços dessa genética, calculados em cerca de 2% do genoma
humano. A protolinguagem neandertal, equivalente à comunicação sonora musical, é tão
essencial para nós que não existe registro histórico ou arqueológico de algum grupo humano
que não apresente tanto linguagem quanto música. No entanto, o livro deixa indubitável a
distinção entre ambas, inclusive citando casos estudados pela neurociência de indivíduos que
perderam uma dessas habilidades, mas permaneceram com a outra intacta. Música é assim mais
do que um subproduto da linguagem; é a comunicação sonora anterior a esta, expressando a
intenção ou a motivação afetiva por trás da ação descrita pela linguagem. Comparado ao gesto,
para mim a linguagem seria o equivalente à ação do movimento coordenado e lógico, enquanto
música seria a intenção expressiva e inefável que motivou aquela ação. Por isso que a linguagem
e a música são comunicações sonoras essenciais, distintas e complementares, que irão existir e
continuar prosperando através dos avanços da tecnologia, enquanto ainda houver humanidade.
REFERÊNCIAS
MITHEN, S. J.
The singing Neanderthals
: The origins of music, language, mind, and
body. Cambridge: Harvard University Press, 2006.
image/svg+xml
José FORNARI
Rev. Hipótese,
Bauru, v. 8, esp. 1, e022027, 2022. e-ISSN: 2446-7154
DOI:
https://doi.org/10.47519/eiaerh.v8.2022.ID422
| 5
SOBRE OS AUTORES
José FORNARI
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas – SP – Brasil. Pesquisador de
carreira Pq do CPG/DM/IA. Doutorado em Engenharia Elétrica (UNICAMP).
Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.
Correção, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xml
Rev. Hipótese,
Bauru, v. 8, esp. 1, e022027, 2022. e-ISSN: 2446-7154
DOI:
https://doi.org/10.47519/eiaerh.v8.2022.ID422
| 1
CRITICAL REVIEW: “THE SINGING NEANDERTHALS: THE ORIGINS OF
MUSIC, LANGUAGE, MIND, AND BODY”
RESENHA CRÍTICA: “THE SINGING NEANDERTHALS: THE ORIGINS OF MUSIC,
LANGUAGE, MIND, AND BODY”
RESEÑA CRÍTICA: “THE SINGING NEANDERTHALS: THE ORIGINS OF MUSIC,
LANGUAGE, MIND, AND BODY”
José Fornari
State University of Campinas (UNICAMP)
e-mail: fornari@unicamp.br
How to refer to this article
FORNARI, J. Critical review: “The singing neanderthals: The origins of music, language, mind,
and body”.
Revista Hipótese
, Bauru, v. 8, esp. 1, e022027, 2022. e-ISSN: 2446-7154. DOI:
https://doi.org/10.47519/eiaerh.v8.2022.ID422
Submitted
: 10/03/2022
Revisions required
: 05/05/2022
Approved
: 01/07/2022
Published
: 01/12/2022
image/svg+xml
Resenha crítica: “The singing neanderthals: The origins of music, language, mind, and body”
Rev. Hipótese,
Bauru, v. 8, esp. 1, e022027, 2022. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.47519/eiaerh.v8.2022.ID422
| 2
ABSTRACT
: This critical review is a fascinating work by Mithen on the willingness of humans
to make and listen to music. Language and music are probably restricted to Homo sapiens, but
musicality originates in our hominid ancestors and relatives. Mithen seeks explanations
associated with language and music by bringing together theoretical insights from archaeology,
anthropology, biology, neuroscience, and musicology to develop a sophisticated understanding
of pre-modern communication systems of what currently exists. The work explains how the
ability for music has evolved by addressing the evolution of language, body, and mind.
KEYWORDS
:
Homo Sapiens. Musicality. Language evolution.
RESUMO
: Esta revisão crítica é um trabalho fascinante de Mithen sobre a disposição de fazer
e ouvir música dos humanos. A linguagem e a música são provavelmente restritas ao Homo
sapiens, mas a musicalidade tem origem em nossos ancestrais e parentes hominídeos. Mithen
busca explicações associadas a linguagem e a música reunindo subsídios teóricos da
arqueologia, antropologia, biologia, neurociências e musicologia para desenvolver uma
compreensão sofisticada dos sistemas de comunicação pré-modernos do que atualmente existe.
A obra explica como a capacidade para a música evoluiu ao longo do tempo abordando a
evolução da linguagem, do corpo e da mente.
PALAVRAS-CHAVES
: Homo Sapiens. Musicalidade. Evolução da linguagem.
RESUMEN
: Esta revisión crítica es un trabajo fascinante de Mithen sobre la voluntad de los
humanos para hacer y escuchar música. Es probable que el lenguaje y la música estén
restringidos al Homo sapiens, pero la musicalidad tiene su origen en nuestros antepasados y
parientes homínidos. Mithen busca explicaciones asociadas con el lenguaje y la música
reuniendo conocimientos teóricos de la arqueología, la antropología, la biología, la
neurociencia y la musicología para desarrollar una comprensión sofisticada de los sistemas
de comunicación premodernos de lo que existe actualmente. La obra explica cómo ha
evolucionado la habilidad para la música a lo largo del tiempo abordando la evolución del
lenguaje, el cuerpo y la mente.
PALABRAS CLAVE
:
Homo Sapiens. Musicalidad. Evolución del lenguaje.
image/svg+xml
José FORNARI
Rev. Hipótese,
Bauru, v. 8, esp. 1, e022027, 2022. e-ISSN: 2446-7154
DOI:
https://doi.org/10.47519/eiaerh.v8.2022.ID422
| 3
We live in a society obliquely dominated and determined by the digital technology of
audiovisual, instant, and remote communication, on which we depend both functionally and
aesthetically. However, we often forget that "technology" has accompanied human evolution
since its beginnings. The ability to conceive, develop and use artifacts that amplify the action
of our gestures and senses is something that began even before the origin of our species (Homo
sapiens). Music is also an offspring of technology. All musical instruments are technological
developments of an epoch, expressing the gestural skill and cognitive competence of that period.
Archaeological records of the first musical instruments date back about 35,000 years, when our
evolutionary cousins, the Neanderthals, became extinct.
The book "The Singing Neanderthals: The Origins of Music, Language, Mind, and
Body," by Prof. Mithen, a cognitive archeologist, deals with the origin of music and language
(two unique and essentially human communications) from the perspective of archeology,
natural selection, and neuroscience. He analyzes the evolutionary path evidenced by technology,
even before the origin of our species, 6 million years ago, in the evolutionary bifurcation of the
"Hominini" into two species: the "Hominidae" (as are the chimpanzees and the gorillas) and the
"Homo" (as are we and as were the Neanderthals). This was marked by the beginning of the
Paleolithic period (i.e., the chipped stone technology), the time of Homo erectus, extinct
300,000 years ago, from which emerged Homo neanderthal and us, Homo sapiens, currently
the only descendants not yet extinct, of this evolutionary lineage.
This book describes how language and music descend from the same primordial form
of sound communication, which the author calls "Hmmmmm" (Holistic, Manipulative,
MultiModal, Mimetic, and Musical). Archaeological analysis of the technology of the entire
Neanderthal period shows little advancement, not expanding much beyond the chipped stone
(used in making axes and spears), which suggests that Neanderthals, although they had brain
capacity similar to ours, had brain capacity similar to ours, did not develop cognitive fluency
skills arising from the compositional communication that constitutes language (which makes it
possible to describe objects, actions, qualities, and to recursively compose with these sound
modules, more complex and precise concepts). Neanderthals were limited to a holistic (non-
compositional and emotive, as are our interjections or the spontaneous communication of adults
with pre-verbal children and pets), manipulative (representing greetings, threats, commands,
and requests), multimodal (accompanying gestures and exaggerated expressions) and mimetic
(based on the repetition of sounds and gestures between interlocutors) form of sound
image/svg+xml
Resenha crítica: “The singing neanderthals: The origins of music, language, mind, and body”
Rev. Hipótese,
Bauru, v. 8, esp. 1, e022027, 2022. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.47519/eiaerh.v8.2022.ID422
| 4
communication. This protolanguage presents characteristics of the affective sound
communication we appreciate, need, and call "music."
Neanderthals, due to the absence of language, were essentially musical, even more so
than us sapiens. Mythen suggests that all Neanderthals possessed "absolute hearing" (as is the
case with children in the pre-verbal stage) and were particularly emotional, since emotion is the
driving force that precedes reason expressed through language. This affective content was
expressed through the holistic and manipulative vocal sound communication that constituted
the musical protolanguage of Neanderthals, justifying the title of this book (translating: "the
singing Neanderthals").
The extinction of the Neanderthals was not, in fact, complete. There was interbreeding
between Sapiens and Neanderthals, and today there are traces of these genetics, estimated to be
about 2% of the human genome. Neanderthal protolanguage, the equivalent of musical sound
communication, is so essential to us that there is no historical or archaeological record of any
human group that does not have both language and music. However, the book distinguishes
between the two indubitable, even citing cases studied by the neuroscience of individuals who
lost one of these abilities but remained intact. Music is thus more than a by-product of language;
it is sound communication before language, expressing the intention or affective motivation
behind the action described by language. Compared to gesture, language is the equivalent of
the act of coordinated and logical movement. At the same time, music would be the expressive
and ineffable intention that motivated that action. This is why language and music are essential
to sound communications, distinct and complementary, which will exist and continue to thrive
through technological advances as long as there is still humanity.
REFERENCES
MITHEN, S. J.
The singing Neanderthals
: The origins of music, language, mind, and
body. Cambridge: Harvard University Press, 2006.
image/svg+xml
José FORNARI
Rev. Hipótese,
Bauru, v. 8, esp. 1, e022027, 2022. e-ISSN: 2446-7154
DOI:
https://doi.org/10.47519/eiaerh.v8.2022.ID422
| 5
ABOUT THE AUTHORS
José FORNARI
State University of Campinas (UNICAMP), Campinas – SP – Brasil. Career Researcher Pq
CPG/DM/IA.
Doctoral degree
in Electrical Engineering (UNICAMP).
Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação.
Reviewing, formatting, standardization and translation.