Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 1
A RACIONALIDADE NEOLIBERAL NA PRODUÇÃO DE DISCURSOS SOBRE A
EDUCAÇÃO FINANCEIRA EM COLEÇÕES DIDÁTICAS DO NOVO ENSINO MÉDIO
LA RACIONALIDAD NEOLIBERAL EN LA PRODUCCIÓN DE DISCURSOS SOBRE
LA EDUCACIÓN FINANCIERA EN COLECCIONES DIDÁCTICAS DEL NUEVO
ENSEÑANZA MEDIA
THE NEOLIBERAL RATIONALITY IN PRODUCING DISCOURSES ON FINANCIAL
EDUCATION IN DIDACTIC COLLECTIONS OF THE NEW HIGH SCHOOL
Francisco Vieira da SILVA1
e-mail: francisco.vieiras@ufersa.edu.br
Wyllamy Samuel da COSTA2
e-mail: wyllamysamuel@gmail.com
Como referenciar este artigo:
SILVA, F. V.; COSTA, W. S. A racionalidade neoliberal na
produção de discursos sobre a educação financeira em coleções
didáticas do novo ensino médio.Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00,
e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154. DOI:
https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425
| Submetido em: 18/12/2022
| Revisões requeridas em: 02/01/2023
| Aprovado em: 11/03/2023
| Publicado em: 17/04/2023
Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Caraúbas RN Brasil. Docente do Departamento de
Linguagens e Ciências Humanas (DLCH). Doutor em Linguística (UFPB).
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Caraúbas RN Brasil. Mestrando no Programa de
Pós-Graduação em Ensino.
A racionalidade neoliberal na produção de discursos sobre a educação financeira em coleções didáticas do Novo Ensino Médio
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 2
RESUMO: O artigo analisa como a racionalidade neoliberal margeia a construção de discursos
sobre a educação financeira em coleções didáticas do Novo Ensino Médio. Para tanto, toma
como aporte teórico as investigações de Foucault (2008; 2010), de Dardot e Laval (2016),
Saraiva (2017) dentre outros autores. Quanto à metodologia, trata-se de um estudo descritivo-
interpretativo de abordagem qualitativa. O corpus é composto por enunciados extraídos de dois
livros didáticos de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas em diálogo com a Matemática e suas
Tecnologias, aprovadas pelo Plano Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), edição
de 2021. As análises possibilitam entrever que os discursos sobre a educação financeira
ancoram-se num modelo ideal de renda pessoal e familiar, passível de planejamento, poupança
e investimento, que não dialogam com as condições objetivas dos alunos brasileiros e suas
família, de modo a silenciar as desigualdades sociais existentes.
PALAVRAS-CHAVE: Discurso. Racionalidade neoliberal. Educação financeira. Novo
Ensino Médio.
RESUMEN: El artículo analiza cómo la racionalidad neoliberal margina la construcción de
discursos sobre la educación financiera en colecciones didácticas del Nuevo Enseñanza Media.
Para ello, se toma como aporte teórico las investigaciones de Foucault (2008; 2010), de Dardot
y Laval (2016), y Saraiva (2017), entre otros autores. En cuanto a la metodología, se trata de
un estudio descriptivo-interpretativo de enfoque cualitativo. El corpus está compuesto por
enunciados extraídos de dos libros de texto de Ciencias Humanas y Sociales Aplicadas en
diálogo con la Matemática y sus Tecnologías, aprobados por el Plan Nacional del Libro y del
Material Didáctico (PNLD), edición de 2021. Los análisis permiten entrever que los discursos
sobre la educación financiera se anclan en un modelo ideal de ingreso personal y familiar,
susceptible de planificación, ahorro e inversión, que no dialogan con las condiciones objetivas
de los estudiantes brasileños y sus familias, de modo a silenciar las desigualdades sociales
existentes.
PALABRAS CLAVE: Discurso. Racionalidad neoliberal. Educación financiera. Nuevo
Enseñanza Media.
ABSTRACT: The article analyzes how neoliberal rationality marges on constructing
discourses about financial education in didactic collections of the New High School. Thus, it
takes as a theoretical contribution the investigations of Foucault (2008; 2010), Dardot and
Laval (2016), and Saraiva (2017), among other authors. As for the methodology, this is a
descriptive-interpretative study of a qualitative approach. The corpus comprises statements
extracted from two Applied Human and Social Sciences textbooks in dialogue with Mathematics
and its Technologies, approved by the National Plan of Books and Teaching Materials (PNLD),
2021 edition. The analyses allow us to see that the discourses on financial education are
anchored in an ideal personal and family income model, amenable to planning, saving, and
investment, which do not dialogue with the objective conditions of Brazilian students and their
families to silence the existing social inequalities.
KEYWORDS: Discourse. Neoliberal rationality. Financial education. New High School.
Francisco Vieira da SILVA e Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 3
Introdução
O Novo Ensino Médio, doravante NEM, foi gestado num contexto turbulento da história
política brasileira. Em 2016, após a destituição da presidenta Dilma Rousseff (PT), vice-
presidente Michel Temer (MDB) assumiu o comando do país e intensificou uma série de
reformas, de acordo com a racionalidade neoliberal, dentre as quais nos interessa a reforma do
ensino médio, editada de forma autoritária, via medida provisória (n.º 746, de 22 de setembro
de 2016). Esse foi o primeiro passo para a configuração de um novo paradigma para essa etapa
educacional de ensino, tida como um gargalo na educação brasileira, com elevados índices de
abandono e de reprovação. No entanto, a forma como a reforma foi discutida não seguiu os
procedimentos democráticos e nem contou com a ampla participação da comunidade escolar, o
que resultou em diversas reações contrárias vieram à tona, desde organizações de pesquisa na
área de Educação até mobilizações estudantis.
As principais mudanças da reforma, promulgada pela lei 13. 415/2017, consiste na
mudança da carga horária (ampliação de 2400h para 3000h no final dos três anos) e no novo
desenho curricular, composto por uma parte obrigatória (1800h), prevista pela Base Nacional
Comum Curricular do Ensino Médio (BNCC-EM) e uma parte diversificada, relativa aos
chamados Itinerários Formativos (1200h), que correspondem às áreas do conhecimento
Linguagens e suas tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Ciências da Natureza e
suas tecnologias, Matemática e suas tecnologias e Formação Técnica e Profissional. A principal
mudança da reforma consiste em delegar aos discentes a missão de escolherem qual itinerário
formativo querem se aprofundar, considerando os desejos, aspirações e o projeto de vida. Não
obstante, as redes de ensino não são obrigadas a ofertar todos os itinerários formativos, razão
pela qual a tão propagada liberdade de escolha dos alunos pode ser relativizada.
Convém discutir que subsiste nas bordas do NEM toda uma retórica de matriz
neoliberal, tendo em vista o emprego incessante de termos como empreendedorismo,
protagonismo, competências socioemocionais, mundo do trabalho, dentre outros, os quais
levam a produção de subjetividades baseadas na concorrência e no empresariamento de si.
Compreendemos o neoliberalismo, na esteira de Dardot e Laval (2016), não simplesmente como
uma doutrina de viés econômico, mas, sim, como uma razão a incidir sobre todos os âmbitos
da vida social, especialmente no campo da subjetividade. Para esses autores franceses, “[…] a
racionalidade neoliberal tem como principal característica a generalização da concorrência
como norma de conduta e da empresa como modo de subjetivação” (DARDOT; LAVAL, 2016,
A racionalidade neoliberal na produção de discursos sobre a educação financeira em coleções didáticas do Novo Ensino Médio
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 4
p. 17). Nesse sentido, os discentes do NEM são conduzidos a emoldurarem os seus percursos
formativos, com base nas tendências do mercado e são orientados a se comportarem conforme
o planejamento estratégico, o cálculo dos riscos e a gestão dos projetos de vida.
Dessa forma, determinados temas são abordados com mais ênfase, dentre os quais
podemos citar a educação financeira. Apesar de não ser uma questão atual, uma vez que remete
aos primeiros anos do século XXI, com as iniciativas da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico, com o NEM, essa discussão ganha um novo rumo, uma vez que
é de luxo saber administrar os recursos financeiros sob a lógico da individualidade neoliberal,
evitando o endividamento e o consumo desenfreado. Na leitura de Leite (2017), a educação
financeira espraia-se pelos mais variados setores da sociedade e, notadamente nos espaços
escolares, pela ótica de consultores financeiros, pela expansão do mercado da autoajuda
financeira, pela ampliação do serviço de crédito e do apelo aos investimentos e à poupança.
Seguindo esse viés, o objetivo deste artigo consiste em analisar como a racionalidadade
neoliberal incide sobre a produção de discursos acerca da educação financeira em livros
didáticos do NEM. Para isso, responderemos às seguintes indagações: como a racionalidade
neoliberal incide sobre a produção de discursos sobre a educação financeira em livros didáticos
do NEM? Como, na construção desses discursos, emergem modos por meio dos quais os
discentes são levados a governar a si mesmos e os outros no âmbito da gestão de finanças?
O aporte teórico a nortear as análises alicerça-se em autores como Foucault (1995; 2008;
2010) a respeito do discurso, do poder, do neoliberalismo e do sujeito, em Dardot e Laval
(2016), quando postulam as especificidades da racionalidade neoliberal, e em Leite (2017)
sobre a educação financeira. O corpus de análise recobre enunciados extraídos de dois livros
didáticos do NEM, aprovados pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático
(PNLD), de 2021. Tais materiais visam tecer um diálogo entre as Ciências Humanas e Sociais
e a Matemática e constituem, assim, uma novidade na elaboração de livros didáticos para o
ensino médio brasileiro, critério por meio do qual os escolhemos para análise.
O estudo organiza-se em mais quatro tópicos, além da presente introdução. Na seção
seguinte, discutimos a respeito de conceitos nucleares para a análise dos materiais didáticos,
tais como discurso, enunciado, poder, sujeito, neoliberalismo e educação financeira. Logo
adiante, apresentamos algumas informações de cunho metodológico. Posteriormente, temos o
gesto analítico do corpus e, por último, as considerações finais.
Francisco Vieira da SILVA e Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 5
Fundamentação Teórica
A presente seção está estruturada em dois tópicos. No primeiro deles, refletimos sobre
os discursos e conceitos adjacentes, considerando, sobremaneira, a abordagem de Foucault. No
segundo, ponderamos acerca das interlocuções entre a racionalidade neoliberal e a educação
financeira.
O discurso e seus desdobramentos
Pensar o discurso na obra foucaultiana significa ir além dos elementos puramente
formais e/ou linguísticos e mergulhar no acontecimento, quer dizer, tomar como enquadre os
diversos elementos que constituem as condições de existência de um dado discurso,
especialmente o saber, a política, a verdade, o poder, história, dentre outros. Para Daher (2020,
p. 89), embora o objetivo de Foucault não fosse o de elaborar uma teoria do discurso, “[…] suas
pesquisas, ao articular o linguístico com o social, provocaram constantes reflexões, releituras,
retomadas e deslocamentos teóricos ao longo de sua trajetória de pesquisa em um processo
sempre inacabado”.
Conforme Foucault (2010), apesar de o discurso ser formado por signos, a sua
problematização envolve ultrapassar essa dimensão, procurar o que vai além dela, sem,
contudo, cair na abstração. Isso porque o discurso se apresenta em sua materialidade, no jogo
de sua instância, no interior das coisas efetivamente ditas. Na voz do pensador francês: “[…] é
preciso estar pronto para acolher o discurso na sua irrupção de acontecimentos, nessa
pontualidade em que aparece e nessa dispersão temporal que lhe permite ser sabido, esquecido,
repetido e apagado” (FOUCAULT, 2010, p. 28).
O autor ainda nos ensina que o discurso é compreendido como um conjunto de unidades
menores, chamadas enunciados, os quais pertencem a uma mesma formação discursiva. Tendo
em vista que o discurso é marcado pela dispersão e pela ausência de uma ordenação a priori,
as formações discursivas podem ser flagradas a partir do reconhecimento de determinadas
regularidades enunciativas, expressas na recorrência de certos temas, objetos e/ou estratégias.
Os enunciados, por sua vez, conforme Foucault (2010), representam um átomo, uma unidade
indivisível do discurso e legitima a emergência de outras unidades correlativas.
Concebido como uma função enunciativa, é caracteriza por algumas propriedades. A
primeira diz respeito ao referencial, isto é, às leis de possibilidade que permitem o aparecimento
de um dado enunciado num tempo e lugar. A segunda compreende o funcionamento de uma
A racionalidade neoliberal na produção de discursos sobre a educação financeira em coleções didáticas do Novo Ensino Médio
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 6
posição de sujeito, que não deve ser confundida como a pessoa do discurso, o autor da
formulação ou ainda o ser empírico, mas, sim, como uma posição a ser assumida no enunciado,
posição essa que poderia ser ocupada por diferentes sujeitos. A terceira circunscreve o domínio
associado, espécie de rede por meio da qual um enunciado se relaciona com outros,
formulados ou ainda a serem produzidos. A quarta e última propriedade constitui a
materialidade repetível, ou seja, uma instância, uma data, um local, um campo de estabilização
que permite a identificação do enunciado. Segundo Foucault (2010, p. 118), “[…] o enunciado,
ao mesmo tempo que surge em sua materialidade, aparece com um status, entra em redes, se
coloca em campos de utilização”.
Nos estudos foucaultianos, é importante salientar que o discurso está fortemente ligado
ao poder. Conforme Foucault (2006), o discurso abriga uma série de elementos que atuam no
interior dos mecanismos gerais de poder. Convém, nesse ângulo, ponderar a perspectiva de
poder derivada das teorizações desse pensador francês. Assim, o poder é conceituado de modo
diferente de outras abordagens, como o marxismo e as teorias contratualistas. Dessa forma, o
poder não se encontra apenas na esfera económica, como o Estado, ou em uma classe social
especifica (a burguesia, por exemplo), mas também não se limita à economia, embora Foucault
(2006) negue a existencia desse tipo de poder. Além disso, não se trata de um poder que se
limita à negação, à proibição, mas, sim, de relações de poder que transparentam todo o corpo
social. Ou seja, onde existem relações sociais, relações de poder. O poder não pode ser detido
ou tomado, porque ele não se encontra num ponto fixo e identificável, senão totalmente disperso
e possibilitando a emergência de estratégias de resistência, de um campo de respostas possíveis,
de práticas de liberdade.
O poder atua frontalmente nos processos de objetivação e subjetivação. Esses são
entendidos como estratégias que objetivam os sujeitos através de relações de poder e de saber,
bem como a partir de modos nos quais eles são levados a prestar atenção sobre si mesmos,
ligando-se a uma determinada identidade, tendo em vista o funcionamento de regimes de
verdade a atuarem sobre a produção de subjetividade. De acordo com Foucault (2016, p. 12),
“[…] Em nossa cultura, em nossa civilização, numa sociedade como a nossa, certos discursos
que, institucionalmente, ou por consenso, são reconhecidos como verdadeiros a partir do
sujeito”. Nesse prisma, o sujeito é constantemente instado a engendrar a sua existência com
base na constituição de um discurso verdadeiro sobre si mesmo, principalmente a partir de
técnicas, como a confissão, antes restrita aos domínios da religião cristã, mas, atualmente,
corporificadas em relatos diversos e em campos discursivos também multiformes.
Francisco Vieira da SILVA e Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 7
O neoliberalismo e a educação financeira
Na obra de Foucault, o neoliberalismo foi tratado no curso ministrado no Collège de
France, em 1979, postumamente publicado na obra Nascimento da biopolítica, compilação das
aulas dadas por esse professor no ano antes referido. O objetivo principal deste curso é
descrever as condições de existência da biopolítica, ou seja, o reconhecimento da população
como um problema de ordem política, tendo como cenário a problematização do liberalismo e
suas ramificações posteriores (ordoliberalismo alemão e neoliberalismo norte-americano) como
artes de governar que impuseram ao Estado determinados limites e coerções. Foucault (2008)
salienta que o neoliberalismo norte-americano não se limita ao campo econômico, mas se
apresenta como um modo de governo que incide sobre áreas até então indiferentes à lógica da
economia, com o objetivo de governar as ações dos homens.
Apesar de o autor não poder dar prosseguimento às essas reflexões, por falecer no
começo dos anos de 1980, alguns apontamentos tecidos por Foucault (2008) sobre o tema foram
tomados como aporte para discussões mais contemporâneas a respeito do modus operandi da
razão neoliberal. De acordo com Dardot e Laval (2016), um dos principais méritos do
neoliberalismo é expandir a ideia de concorrência como uma norma social e propagar a
liberdade como condição sine que non para a condução das condutas. Nessa perspectiva, sob o
crivo da concorrência, os sujeitos são orientados a se comportarem como empresários de si
mesmos e enxergarem os outros como inimigos a serem combatidos. o governo pela
liberdade busca “[…] agir ativamente no espaço de liberdade dado aos indivíduos para que estas
venham a conformar-se por si mesmos a certas normas” (DARDOT; LAVAL, 2016, p. 19).
Importa considerar que essa liberdade não é dada a priori, não sendo, portanto, um
universal, mas é continuamente produzida e, por mais paradoxal que seja, é controlada. Ou seja,
o sujeito é livre para fazer as suas escolhas, mas o campo de escolhas possíveis mostra-se
limitado. O NEM se fundamenta nessa premissa: o aluno tem a liberdade de escolher o seu
itinerário formativo, no entanto, nem todos esses itinerários estão disponíveis no desenho
curricular. Em suma, temos uma liberdade que os idealistas da reforma do NEM vendem como
uma estratégia de governo das subjetividades juvenis. Sobre isso, Ribeiro e Zanardi (2020, p.
12) denunciam “[…] o discurso de liberdade de escolha é mais uma falácia que se dissolve nas
necessidades materiais e culturais que milhões de jovens brasileiros possuem e não são
atendidas”.
No núcleo neoliberal, o empresariamento do indivíduo se torna constante e isso se
por meio de uma variedade de estratégias, tais como: a) a cultura do ranking que classifica os
A racionalidade neoliberal na produção de discursos sobre a educação financeira em coleções didáticas do Novo Ensino Médio
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 8
melhores e pune os piores, numa competição ininterrupta; b) o imperativo da performance e do
rendimento responsável pela autoexploração do trabalho e pelo esgotamento físico e mental,
pois o sujeito é conduzido a produzir de maneira contínua; c) o investimento numa formação
para toda a vida como condição para o aperfeiçoamento de competências e habilidades; d) as
técnicas de avaliação e de auditoria (accountability) incidem sobremaneira sobre as
subjetividades, a serem responsabilizadas pelo seu sucesso ou fracasso; e) a gestão de riscos
torna-se essencial na administração de si mesmo, porque “[…] o sujeito empresarial é exposto
a riscos vitais, dos quais ele não vai poder se esquivar, e a gestão desses riscos será ligada a
decisões meramente privadas” (DARDOT; LAVAL, 2016, p. 346).
Assim, com o esgarçamento das seguridades estatais e das políticas protecionistas, o
empresário torna-se o responsável pelos riscos, assim como pelas possíveis escolhas que podem
induzir esses riscos. Seguindo o raciocínio de Dardot e Laval (2016), a partir do momento em
que o sujeito tem acesso à informação, pressupõe que ele tenha a responsabilidade de assumir
determinados riscos, por ter a “liberdade” de fazê-lo em diversos meandros da vida, a exemplo
da saúde, da educação, do mundo do trabalho.
A educação financeira pode ser inscrita no domínio da gestão de riscos, enquanto “[…]
aponta para a necessidade de tornar cada um responsável pelas suas escolhas de consumo, capaz
de continuar jogando o jogo do mercado, o que seria inviabilizado pelo mau uso dos recursos”
(SARAIVA, 2017, p. 174). Dessa forma, o indivíduo precisa ter conhecimentos que o permitam
administrar as suas finanças, sem incorrer no consumo desnecessário, mas sabendo investir e
poupar, como se todos estivessem numa mesma situação econômica. Em suma, apela-se para a
moderação, a temperança, a racionalidade, supondo, pois, uma adequada administração de si.
A existência do capital humano (FOUCAULT, 2008) requer uma gestão eficiente dos recursos
de que cada um dispõe. Isso se efetiva a partir da emergência de subjetividades calculistas,
sábias na compreensão do jogo entre as receitas e as despesas (SOUZA, 2021), numa sincronia
indelével com a razão neoliberal.
A inclusão da educação financeira no currículo escolar atende às demandas globais, na
figura de órgãos transnacionais, como a OCDE, que elaborou diretrizes para os países membros
implementarem ações relativas à educação financeira. O decreto presidencial n.º 7.397/2010
instituiu a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), coordenada pelo Conselho
Nacional de Educação Financeira (CNEF), com o objetivo de incentivar a educação financeira
e previdenciária, de modo a colaborar com o fortalecimento da cidadania, a eficiência do
sistema financeiro nacional e a tomada de decisões conscientes pelo sujeito consumidor
Francisco Vieira da SILVA e Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 9
(BRASIL, 2010). Tal normativa foi revogada pelo decreto n.º 10.393/2020, que criou uma nova
ENEF e o Fórum Brasileiro de Educação Financeira (FBEF), formado por órgãos e entidades
do governo e organizações da sociedade civil. Na análise de Merola (2023), apesar de a OCEDE
e a Enef , inicialmente, terem apresentado uma narrativa de atendimento a todas as demandas e
todas as classes sociais, existe um discurso a priorizar os interesses de grupos financeiros e,
podemos acrescentar, a ênfase no domínio individual para a regulação dos recursos econômicos,
sem considerar as desigualdades sociais existentes.
A educação financeira, no NEM, está inserida nos Temas Contemporâneos Transversais
(TCTs), na macroárea da Economia, que também o Trabalho e a Educação Fiscal. O objetivo
principal abordagem [dos TCTs] é que o estudante finalize a sua educação formal,
reconhecendo e aprendendo sobre temas que são relevantes para a sua atuação na sociedade
(BRASIL, 2022, p. 7). Na BNCC da etapa do ensino médio, é possível ler que ''[…] essas
temáticas são contempladas em habilidades dos componentes curriculares, cabendo aos
sistemas de ensino e escolas, de acordo com suas especificidades, tratá-las de forma
contextualizada” (BRASIL, 2018, p. 20). No no que diz respeito à educação financeira, as
habilidades previstas estão inscritas na área de Matemática e suas tecnologias, notadamente no
campo da Matemática Financeira, mas convém entender que se trata de uma questão que
envolve uma série de campos do saber, a exemplo da História, da Psicologia, da Filosofia, da
Sociologia e da Educação Ambiental, conforme defendem Baroni e Maltempi (2021).
Metodologia
O presente estudo pode ser situado como descritivo-interpretativo, pois visamos analisar
e descrever os discursos sobre a educação financeira em livros didáticos do NEM, visando
radiografar o funcionamento da racionalidade neoliberal na construção desses dizeres. Ainda
podemos pontuar que se trata de uma abordagem predominantemente qualitativa, haja vista a
problematização do fenômeno em foco, não considerando dados estatísticos e/ou variáveis
controladas, embora no corpus possa aparecer esses elementos, dado que são livros que
integram, interdisciplinarmente, os domínios da Matemática.
O material de análise é composto por duas coleções didáticas de Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas no diálogo com a Matemática e as suas Tecnologias, aprovados pelo PNLD
(2021) e, por isso, em íntima consonância com a Reforma do NEM e com a BNCC. Segundo o
Guia do PNLD dessas coleções, a interface entre esses campos “[…] destina-se a concretizar a
A racionalidade neoliberal na produção de discursos sobre a educação financeira em coleções didáticas do Novo Ensino Médio
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 10
interdisciplinaridade como um importante modo de promoção da produção de sentidos
vinculados a ambas as áreas” (BRASIL, 2021, p. 20). Dessa forma, escolhemos as seguintes
coleções didáticas: a) Cenários para a investigação: humanidades e matemática em contexto,
sob a organização de Brunna Paulussi e Juliana Grassmann, publicada pela editora Ática; b)
Diálogo: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Matemática, obra coletiva editada por Ana
Flávia Dias Zammataro e Eduardo Neto, publicada pela editora Moderna.
Os procedimentos de análise dos dados foram os seguintes: a) coletamos cinco coleções
didáticas, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas no diálogo com a Matemática e as suas
Tecnologias no site das respectivas editoras; b) fizemos uma leitura exploratória e constatamos
que duas delas tratavam da educação financeira numa das unidades e/ou capítulos; c) após essa
seleção inicial, recortamos alguns enunciados de cada coleção que, sob nossa perspectiva,
denotam como se constituem discursos acerca da educação financeira nesses materiais,
considerando o que discutimos na seção teórica deste artigo.
Análise dos livros didáticos
Organizamos esta seção em duas partes. Cada uma delas corresponde à uma coleção
didática de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas no diálogo com a Matemática.
Análise da coleção didática cenários para a investigação: humanidades e matemática em
contexto
A coleção em em questão está dividida em cinco sessões, a saber: Saúde e crises
sanitárias, Consumo e educação financeira, Agricultura urbana e sustentabilidade,
Desigualdade e Justiça Social, e Instituições Políticas e Democracia. A unidade que nos
interessa aqui apresenta, em página dupla, uma fotografia de várias pessoas fazendo compras.
Na legenda da postagem, lemos: “imagem de loja de departamento durante megaliquidação, em
São Paulo, SP, na qual consumidores compram televisores” (PAULUSSI; GRASSMANN,
2020, p. 45). A imagem é apresentada no contexto da imagem, pontuando que as ofertas e
liquidações “são situações em que a necessidade de um produto ou serviço pode ser satisfatória,
em equilíbrio com as finanças pessoais, no entanto, são situações que podem incentivar o
consumismo e provocar o endividamento” (PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 45).
Como é possível observar nesse enunciado do livro didático, o discurso de alerta é
eficazem relação aos desejos de aquisição de produtos e serviços e à necessidade de administrar
Francisco Vieira da SILVA e Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 11
as finanças das pessoas, pois, caso, contrário, o sujeito pode assumir o risco de se endividar.
Podemos identificar os princípios neoliberais, pois cabe a cada um boa gestão de si e os
estudantes precisam se aperfeiçõar nesses conhecimentos para poderem tomar decisões futuras.
Conforme Lazzarato (2017, p. 169), o governo do Estado de bem-estar social torna-se privatiza
e “[…] é a administração da empresa que se impõe como método de gestão”. Isso também é
destacado em outro enunciado do livro didático, em mais uma legenda de uma ilustração que
mostra várias pessoas num centro comercial de Florianópolis, em Santa Catarina: “Situações
relacionadas ao consumo, como finanças pessoais e assuntos de poupança ou empréstimos
precisam ser administradas e organizadas racionalmente” (PAULUSSI; GRASSMANN, 2020,
p. 46).
O livro didático em questão defende que, para tomar, decisões “de acordo com as
necessidades de sobrevivência, é importante administrar a renda, e isso envolve o poder de
compra, que se refere à quantidade de bens e de serviços que uma pessoa adquire conforme sua
renda” (PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 47). O posicionamento apresentado neste
material didático é de considerar a importância de educar financeiramente os alunos, de forma
que eles possam atuar como multiplicadores desse discurso nas suas famílias. Isso é ressaltado
quando o livro propõe uma atividade que consiste na elaboração de planilhas eletrônicas para
administrar o orçamento familiar e faz as seguintes perguntas: “Com base na análise feita
anteriormente, reflita: será necessário fazer alguma mudança nos seus hábitos de consumo ou
de sua família? As despesas estão adequadas aos ganhos e a possíveis planos que exijam
reservas financeiras?” (PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 69).
Cabe salientar que essas perguntas têm como objetivo incentiver o aluno a ter um
controle dos gastos que ele realiza, bem como da sua família, com o objetivo de elaborar um
orçamento de acordo com a renda e os hábitos de consumo. Dessa forma, a atividade tinha como
objetivo diagnosticar possíveis excessos consumistas e, assim, realizar um trabalho de
autoavaliação, de auditoria e de modificação das condutas, a partir da construção de
subjetividades vigilantes e atentas quanto à relação entre as despesas e as receitas. Vale ressaltar
que é importante poupar e assugurar um fundo de reserva para gastos inesperados, pois, de
acordo com Leite (2017, p. 127), atualmente “[…] a imagem do indivíduo bem-sucedido é
composta por aquele que poupa e investe”; ou seja, “aquele que usa o dinheiro com
‘racionalidade’ para atingir a sua independência financeira”.
A coleção em questão parece ignorar que a maioria dos brasileiros não tem condições
de investir ou poupar, pois os rendimentos, frequentemente, são insuficientes para os gastos
A racionalidade neoliberal na produção de discursos sobre a educação financeira em coleções didáticas do Novo Ensino Médio
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 12
considerados essenciais, o que demonstra a íntima ligação com o modus operandi da
racionalidade neoliberal. É possível notar uma certa postura de concordância frente às
desigualdades econômicas, quando o livro didático sugere que “[…] uma pessoa precisa
modificar o seu padrão de vida (e o que costuma consumir) para adequá-lo à sua renda e poder
de compra” (PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 63), o que supõe “[…] por exemplo, o
consumo de produtos mais baratos e que não sejam de sua preferência” (PAULUSSI;
GRASSMANN, 2020, p. 63). Esses enunciados, ao se relacionarem com outros em que se
percebem orientações de contenção de gastos, o subjetivos de acordo com a sua condição
econômica, devendo, portanto, fazer sacrifícios para se adequar. Em suma, esse discurso não
produzirá espaços de resistência, de insurgência ou de enfrentamento à racionalidade neoliberal,
senão a obediência a esse regime de verdade. O que estamos afirmando encontra sustentação
em Saraiva (2017, p. 160), quando pondera que a educação financeira pertence “[…] a um
conjunto de estratégias das sociedades de controle que visam minimizar a força política e
maximizar a conformação dos sujeitos”.
Em continuidade, o livro didático enfatiza a necessidade de um letramento financeiro,
através do qual é possível “[…] evitar situações que possam gerar gastos desnecessários como
a cobrança de juro (com o pagamento de contas em atraso, compras parceladas, etc) e consumo
sem antes pesquisar preços e descontos” (PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 65). Nesse
enunciado, o sujeito é responsabilizado pelas ações que levam à dívida, uma vez que não tem
conhecimento sobre conceitos, como os juros, bem como os gastos considerados indevidos. No
entanto, é importante salientar que, para muitas pessoas e famílias, a compra parcelada é a única
forma de adquirir um determinado bem ou serviço. Apesar de ser relevante o conhecimento do
funcionamento do sistema financeiro, isso pode não ser o bastante para evitar a inadimplência,
uma vez que outros fatores estão em jogo.
A opção apresentada pelo livro didático para organizar o orçamento familiar está
relacionada à elaboração de planilhas eletrônicas, pois “[…] constitui um instrumento de por
meio do qual é possível antecipar, prevenir e evitar possíveis problemas com a falta de dinheiro,
com base na previsão de gastos fixos mensais” (PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 65). Esse
discurso pressupõe um modelo ideal de renda familiar, que não encontra eco na realidade dos
estudantes das escolas públicas brasileiras, o que, a nosso ver, permite afirmação no campo de
atuação da racionalidade neoliberal, tendo em vista que, segundo esse viés, todas as famílias
podem evitar a falta de dinheiro, bastando, para isso, o planejamento financeiro.
Francisco Vieira da SILVA e Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 13
Análise da coleção didática Diálogo: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Matemática
A coleção está dividida em nove unidades que apresentam temáticas variadas, como a
produção de lixo, a desigualdade racial e o mercado de trabalho, o crescimento urbano e a
mobilidade, a gestão dos recursos hídricos e a educação financeira, que nos interessam neste
estudo. A unidade, denominada Orçamento: como está em casa?, tem como um dos seus
objetivos “desenvolver conhecimentos no campo da matemática financeira para incentivar a
reflexão nas decisões e atitudes que envolvem despesas e receitas” (ZAMMATARO; NETO,
2020, p. 113). O discurso do livro didático, desde o título, chama a atenção do aluno, para que
esta analise como se encontra o orçamento de sua família, requerendo uma atitude de
fiscalização dos gastos efetuados, com o intuito de retardar ou mesmo evitar o endividamento.
A justificativa apresentada no livro para abordar esse tema é reforçada pelos altos índices de
dívidas que os brasileiros têm, nos últimos tempos, especialmente os mais jovens.
Essa informação consta logo do começo da unidade: “Em 2018, os jovens entre 18 e 30
anos representavam 25% dos endividados em nosso país, ou seja, cerca de 25,5 milhões de
pessoas” (ZAMMATARO; NETO, 2020, p. 113). O efeito real dos números seja no
percentual, seja na estimativa da quantidade absoluta legitima esse discurso a ser
reconhecido como um dado que causa preocupação e credibiliza as perguntas apresentadas pelo
material didático: “Você que faz parte, ou que está prestes a entrar para o mercado de trabalho
e ter a sua própria renda, tem noção de como gerir seus rendimentos e despesas?”
(ZAMMATARO; NETO, 2020, p. 113). O jovem é, então, incentivado a refletir sobre a forma
como deve administrar as de suas finanças, projetando uma ação futura ele entrará no
mercado de trabalho ou considerando que já faz parte da população economicamente ativa.
De qualquer forma, o indivíduo é conduzido a se comportar como uma unidade-empresa, ciente
dos riscos assumidos e do perigo iminente de endividamento.
O livro didático, ao contrário, sustenta que “[…] a impulsividade e para o consumo e as
compras não planejadas também compõem as causas do endividamento, por ser geralmente
gasta uma quantia que ainda nem foi recebida, criando assim dívidas prematuras”
(ZAMMATARO; NETO, 2020, p. 118). Nesse discurso, o sujeito consumidor é construído
como aquele que não consegue conter os seus ímpetos e desejos, o que o leva a condição de
endividado. A educação financeira, mais uma vez, é o antídoto para esse mal, pois, a partir
desses conhecimentos, o indivíduo passará a agir de forma racional e planejada. Há uma gestão
de si que está indicutível com a racionalidade neoliberal, pois, se o consumidor se excedeu nas
suas compras, assumiu o risco de se endividar e cabe a ele mudar essa situação.
A racionalidade neoliberal na produção de discursos sobre a educação financeira em coleções didáticas do Novo Ensino Médio
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 14
Os alunos para os quais este material se destina são, permanentement, incentivados a se
identificarem com esse discurso que defende a representação do consumidor, tido como
consciente, cauteloso e autônomo em suas decisões. O livro apresenta, como resultado, um
quadro, extraído de um material sobre educação financeira, elaborado pelo Banco Central, no
qual estão dispostos dois tipos de consumidor: o consumidor consciente e o consumidor
consumista. No primeiro perfil, o azul predomina, indicando um qusdro desejado, enquanto no
segundo perfil, a cor vermelha é o tom predominante, o que transmite um sentimento de perigo
e de alerta. É necessário incluir e excluir os sujeitos, pois, enquanto o consumidor consciente é
aquele que avalia antes de comprar, o consumidor consumista gasta de maneira compulsiva.
Enquanto o consumidor consciente compra somente o necessário e se previne em relação ao
futuro, o seu oponente compra tudo o que deseja e é considerado imediatista, pois não se
importa com o que virá, dentre outras diferenças dispostas no quadro.
Essa produção de discursos está fundamentada no neoliberalismo, pois cria a
subjetividades que ressentiam em relação a si, porque sempre estão em dívida consigo mesmo,
devido a tantas demandas de autorregulação. Para Lazzarato (2017,p. 175), “[…] a frustração,
o ressentimento, a culpabilidade e o medo constituem as ‘paixões’ em relação a si neoliberal,
que as promessas de realização de si, de liberdade e autonomia se volta contra uma realidade
que as nega sistematicamente”. Em outras palavras, a desigualdade social do país dificulta
aplicar as lições de educação financeira postuladas no livro didático, uma vez que se trata de
um modelo diferente do cenário econômico vigente no Brasil. Não pretendemos, portanto,
argumentar que a educação financeira não seja relevante, mas é importante salientar o visível
distanciamento dos discursos presentes nesses materiais das condições objetivas dos alunos e
suas famílias.
Para tanto, no livro didático, a escolha do termo saúde financeira não é aleatória: “Mas
como devemos começar essa mudança para melhorar a saúde financeira, pessoal e das pessoas
que vivem conosco?” (ZAMMATARO; NETO, 2020, p. 122). Eis a resposta: “[…] por meio
do planejamento, da execução e da análise do controle do orçamento pessoal ou familiar”
(ZAMMATARO; NETO, 2020, p. 122). O termo saúde, por meio do domínio associado,
representa o bem-estar e o equilíbrio que surgem de uma situação financeira sem dívidas e sem
investimento e poupança. Para tal, é conveninte tomar medidas estratégicas, através de um
controle aperfeiçoado do orçamento. Os termos planejamento, execução e análise são usados
para se conhecer o universo empresarial que se impõe no governo do sujeito, de modo a conter
os anseios consumistas e a desregulação dos gastos. Conforme Dardot e Laval (2016), essas
Francisco Vieira da SILVA e Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 15
técnicas de gestão neoliberais criam um ethos empresarial nas diferentes dimensões subjetivas.
Com o objetivo de fazer uma análise dos planejamento de cada família, o livro didatico
questiona: “Você sabe quais são os tipos de despesa que consomem a maioria da sua renda ou
de sua família? Você e seus familiares planejam os gastos?” (ZAMMATARO; NETO, 2020, p.
123). Esses questionamentos revelam uma interpretação da verdade pelo aluno e seu núcleo
familiar quanto à identificação das despesas e à falta (ou não) de um planejamento financeiro.
Dessa forma, está preparado o terreno para uma intervenção que possa modificar o cenário da
economia doméstica.
De acordo com a posição de sujeito apresentada no livro em questão, o planejamento
financeiro permite que a contenção de gastos desnecessários gere um balanço positivo, a ser
investido: “quando o saldo é positivo, podemos investir o dinheiro para constituir um fundo de
emergência ou conquistar um objetivo pessoal, ou familiar” (ZAMMATARO; NETO, 2020, p.
123). Aqui, novamente, é possível notas as vantagens que a educação financeira traz para a
gestão individual e familiar, reforçando a imagem positiva do indivíduo que poupa e investe.
Como lembra Saraiva (2017, p. 163), “[…] O sucesso passa por uma vida com metas a serem
cumpridas por meio de um planejamento financeiro; ou seja, uma vida que se distancia do
consumo exacerbado e por impulso”. E, mais uma vez, podemos questionar qual perfil de renda
familiar se encaixa nesse modelo propagado pelo livro didático. Esses discursos celebram um
ideal a ser perseguido e não tratam, de forma crítica, de pontos cruciais ligados às causas da
desigualdade social que estão sob a norma neoliberal.
Considerações finais
No decorrer deste texto, visamos cumprir com o objetivo de analisar como a
racionalidadade neoliberal incide sobre a produção de discursos acerca da educação financeira
em livros didáticos do NEM. O corpus de análise é composto por enunciados retirados de dois
materiais didáticos de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, em diálogo com Matemática e
suas Tecnologias, aprovados pelo PNLD (2021).
A lógica neoliberal foi possível delinear uma correlação muito próxima entre as
orientações presentes nesses materiais e a lógica neoliberal, devido a algumas recorrências,
como: a) os estudantes são constantemente convocados para examinar as suas finanças e as de
suas famílias, com o objetivo de planejar gastos, a partir de conhecimentos que remetem ao
campo empresarial; b) as causas do endividamento brasileiro estão relacionadas à
A racionalidade neoliberal na produção de discursos sobre a educação financeira em coleções didáticas do Novo Ensino Médio
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 16
responsabilidade individual, especialmente a ausência de educação financeira, e não às
precárias condições em que vivem boa parte da população, em situações de desemprego,
subemprego e precarização do trabalho; c) os discursos presentes nesses livros preconizam uma
conduta de conformismo, pois não se questiona a razão das desigualdades econômicas, senão
se viverá com o que se tem; d) priorizam-se atitudes moderadas na gestão das financeiras, como
poupar, investir e não ostentar, tanto em relação ao próprio discente quanto em relação aos
outros (famílias, mais precisamente).
Diante do que foi apresentado, é possível concluir que, apesar de os livros didáticos
compreenderem a educação financeira, para além da Matemática financeira, representando,
dessa forma, um avanço relevante na compreensão da natureza complexa desse fenômeno,
não conseguem criar uma agenda em que se possa criar condições de resistências, formas de
emancipação e discursos mais críticos em torno da racionalidade neoliberal, a qual parece se
constituir num consenso, num já-dado, natural e irreversível e isso se dá, em grande medida,
pelo modo como o NEM foi planejado e implementado. É preciso que criemos outras
maneiras de lidar com essa questão, tendo em vista as dificuldades da realizade brasileira, sem
perder o potencial transformador do campo educacional.
REFERÊNCIAS
BARONI, A. K. C.; MALTEMPI, M. V. A educação financeira e a formação do professor de
Matemática: uma compreensão e algumas possibilidades. In: BARONI, A. K. C.;
HARTMANN, A. L. B.; CARVALHO, C. C. S. (org.). Uma abordagem crítica da
educação financeira na formação do professor de matemática. Curitiba: Appris, 2021. p.
23-35.
BRASIL. Decreto n. 7.397, de 22 de dezembro de 2010. Institui a Estratégia Nacional de
Educação Financeira ENEF, dispõe sobre sua gestão e dá outras providências. Brasília:
Presidência da República, 2010. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7397.htm. Acesso em:
11 fev. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei n. 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis
nº9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, a
Consolidação das Leis do Trabalho -CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio
de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de
agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio
em Tempo Integral. Brasilia: MEC, 2017. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm. Acesso em: 13
Francisco Vieira da SILVA e Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 17
nov. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular BNCC. Brasília:
MEC, 2018. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=85121-
bncc-ensino-medio&category_slug=abril-2018-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 05 fev. 2020.
BRASIL. Decreto n. 10.393, de 09 de junho de 2020. Institui a nova Estratégia Nacional de
Educação Financeira ENEF e o Fórum Brasileiro de Educação Financeira FBEF. Brasília:
Presidência da República, 2020. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/d10393.htm. Acesso em:
10 fev. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Guia do PNLD 2021 objeto 2: Ciências Humanas e
Sociais no diálogo com a Matemática. Brasília: MEC, 2021. Disponível em:
https://www.professoresdematematica.com.br/wa_files/guia_pnld_2021_didatico_pnld-2021-
obj2-ciencias-humanas-sociais-aplicadas-dialogo-matematica.pdf. Acesso em: 20 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Caderno de economia:
educação financeira, educação fiscal e trabalho. Brasília: MEC, SEB, 2022. (Série temas
transversais: Base Nacional Comum Curricular BNCC)
DAHER, D. C. “Onde, afinal, está o perigo?” Foucault e o paradoxo de uma aula inaugural.
In: DIAS, R. O.; RODRIGUES, H. B. C. (org.). Ordens do discurso: comentários marginais
à aula inaugural de Michel Foucault. Rio de Janeiro: Lamparina, 2020. p. 88-100.
DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaios sobre a sociedade neoliberal.
Trad. Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2016.
FOUCAULT. M. Ditos e Escritos IV: Estratégia, Poder-Saber. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2006.
FOUCAULT, M. O nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France: (1978-
1979). Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Trad. Luiz Neves. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2010.
FOUCAULT, M. Subjetividade e verdade. Trad. Rosemary Costhek Abílio. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2016.
LAZZARATO, M. O governo do homem endividado. Trad. Daniel P. P. da Costa. 1. ed.
São Paulo: N-1 edições, 2017.
LEITE, E. S. A ressignificação da figura do especulador-investidor e as práticas de educação
financeira. Civitas, Porto Alegre, v. 17, n. 1, p. 114-130, 2017. DOI: 10.15448/1984-
7289.2017.1.24446. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/civitas/a/LsJs85tCR9CWDFLLYrNvjbc/?lang=pt. Acesso em: 11 fev.
2023.
A racionalidade neoliberal na produção de discursos sobre a educação financeira em coleções didáticas do Novo Ensino Médio
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 18
MEROLA, R. M. Juros, consumo e meio ambiente: um olhar para a educação financeira
presente no livro didático do ensino médio da educação para jovens, adultos e idosos. 153 f.
Dissertação (Mestrado em Educação Matemática). Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho: Rio Claro, 2023. Disponível em:
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/238935/merola_rm_me_rcla.pdf?sequenc
e=3&isAllowed=y. Acesso em 20 mar. 2023.
PAULUSSI, B.; GRASSMANN, J. Cenários para investigação: humanidades e matemática
em contexto. São Paulo: Ática, 2020.
RIBEIRO, M. P.; ZANARDI, T. A. C. O novo ensino médio e a liberdade de escolha,
Educação, Santa Maria, v. 45, n. 1, p. 1-20, 2020. DOI: 10.5902/1984644439519. Disponível
em: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/39519. Acesso em: 20 abr. 2022.
SARAIVA, K. S. Os sujeitos endividados e a Educação Financeira. Educar em revista,
Curitiba, n. 66, p. 157-173, 2017. DOI: 10.1590/0104-4060.53867. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/er/a/dCY3fwLdRBWdgSbmSfdS3sy/?format=pdf&lang=pt. Acesso
em: 12 fev. 2023.
SOUZA, J. I. Educação financeira: práticas discursivas na educação matemática. 2021. 131
f. Tese (Doutorado em Educação Científica e Tecnológica) Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2021. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/227167/PECT0477-T.pdf?sequence=-
1&isAllowed=y. Acesso em: 10 fev. 2023.
ZAMMATARO, A. F. D.; NETO, E. Diálogo: ciências humanas e sociais aplicadas e
matemática. São Paulo: Moderna, 2020.
Francisco Vieira da SILVA e Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 19
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não há.
Financiamento: Não há financiamento.
Conflitos de interesse: Não há conflito de interesse.
Aprovação ética: Não há necessidade de passar pelo comitê de petica.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho estão
disponíveis para acesso nos sites das editoras dos livros didáticos.
Contribuições dos autores: Francisco Vieira da Silva escrita do artigo e coleta de dados;
Wyllamy Samuel da Costa revisão do texto, coleta de dados, tradução de resumo para a
língua inglesa.
Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 1
THE NEOLIBERAL RATIONALITY IN PRODUCING DISCOURSES ON FINANCIAL
EDUCATION IN DIDACTIC COLLECTIONS OF THE NEW HIGH SCHOOL
A RACIONALIDADE NEOLIBERAL NA PRODUÇÃO DE DISCURSOS SOBRE A
EDUCAÇÃO FINANCEIRA EM COLEÇÕES DIDÁTICAS DO NOVO ENSINO MÉDIO
LA RACIONALIDAD NEOLIBERAL EN LA PRODUCCIÓN DE DISCURSOS SOBRE
LA EDUCACIÓN FINANCIERA EN COLECCIONES DIDÁCTICAS DEL NUEVO
ENSEÑANZA MEDIA
Francisco Vieira da SILVA1
e-mail: francisco.vieiras@ufersa.edu.br
Wyllamy Samuel da COSTA2
e-mail: wyllamysamuel@gmail.com
How to reference this paper:
SILVA, F. V.; COSTA, W. S. The neoliberal rationality in
producing discourses on financial education in didactic collections
of the new high school.Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003,
2023. e-ISSN: 2446-7154. DOI:
https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425
| Submitted: 18/12/2022
| Revisions required: 02/01/2023
| Approved: 11/03/2023
| Published: 17/04/2023
Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Federal Rural University of the Semi-Arid Region (UFERSA), Caraúbas RN Brazil. Professor at the
Department of Languages and Humanities (DLCH). PhD in Linguistics (UFPB).
Federal Rural University of the Semi-Arid Region (UFERSA), Caraúbas RN Brazil. Master's candidate in
the Graduate Program in Teaching.
The neoliberal rationality in producing discourses on financial education in didactic collections of the New High School
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 2
ABSTRACT: The article analyzes how neoliberal rationality marges on constructing
discourses about financial education in didactic collections of the New High School. Thus, it
takes as a theoretical contribution the investigations of Foucault (2008; 2010), Dardot and Laval
(2016), and Saraiva (2017), among other authors. As for the methodology, this is a descriptive-
interpretative study of a qualitative approach. The corpus comprises statements extracted from
two Applied Human and Social Sciences schoolbook in dialogue with Mathematics and its
Technologies, approved by the National Plan of Books and Teaching Materials (PNLD), 2021
edition. The analyses allow us to see that the discourses on financial education are anchored in
an ideal personal and family income model, amenable to planning, saving, and investment,
which do not dialogue with the objective conditions of Brazilian students and their families to
silence the existing social inequalities.
KEYWORDS: Discourse. Neoliberal rationality. Financial education. New High School.
RESUMO: O artigo analisa como a racionalidade neoliberal margeia a construção de
discursos sobre a educação financeira em coleções didáticas do Novo Ensino Médio. Para
tanto, toma como aporte teórico as investigações de Foucault (2008; 2010), de Dardot e Laval
(2016), Saraiva (2017) dentre outros autores. Quanto à metodologia, trata-se de um estudo
descritivo-interpretativo de abordagem qualitativa. O corpus é composto por enunciados
extraídos de dois livros didáticos de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas em diálogo com a
Matemática e suas Tecnologias, aprovadas pelo Plano Nacional do Livro e do Material
Didático (PNLD), edição de 2021. As análises possibilitam entrever que os discursos sobre a
educação financeira ancoram-se num modelo ideal de renda pessoal e familiar, passível de
planejamento, poupança e investimento, que não dialogam com as condições objetivas dos
alunos brasileiros e suas família, de modo a silenciar as desigualdades sociais existentes.
PALAVRAS-CHAVE: Discurso. Racionalidade neoliberal. Educação financeira. Novo
Ensino Médio.
RESUMEN: El artículo analiza cómo la racionalidad neoliberal margina la construcción de
discursos sobre la educación financiera en colecciones didácticas del Nuevo Enseñanza Media.
Para ello, se toma como aporte teórico las investigaciones de Foucault (2008; 2010), de Dardot
y Laval (2016), y Saraiva (2017), entre otros autores. En cuanto a la metodología, se trata de
un estudio descriptivo-interpretativo de enfoque cualitativo. El corpus está compuesto por
enunciados extraídos de dos libros de texto de Ciencias Humanas y Sociales Aplicadas en
diálogo con la Matemática y sus Tecnologías, aprobados por el Plan Nacional del Libro y del
Material Didáctico (PNLD), edición de 2021. Los análisis permiten entrever que los discursos
sobre la educación financiera se anclan en un modelo ideal de ingreso personal y familiar,
susceptible de planificación, ahorro e inversión, que no dialogan con las condiciones objetivas
de los estudiantes brasileños y sus familias, de modo a silenciar las desigualdades sociales
existentes.
PALABRAS CLAVE: Discurso. Racionalidad neoliberal. Educación financiera. Nuevo
Enseñanza Media.
Francisco Vieira da SILVA and Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 3
Introduction
The New High School, henceforth NEM, was conceived in a turbulent context of
Brazilian political history. In 2016, after the removal of President Dilma Rousseff (PT), Vice-
president Michel Temer (MDB) took over the country and intensified a series of reforms
according to neoliberal rationality, among which we are interested in the high school reform,
edited in an authoritarian way, via provisional measure (No. 746, September 22, 2016). This
was the first step towards configuring a new paradigm for this stage of Education, considered
a bottleneck in Brazilian Education, with high dropout and failure rates. However, the way the
reform was discussed did not follow democratic procedures, nor did it count on the wide
participation of the school community, which resulted in several counter-reactions coming to
the surface, from research organizations in the field of Education to student mobilizations.
The main changes of the reform, enacted by law 13. 415/2017, consists of the shift in
the workload (expansion from 2400h to 3000h at the end of three years) and the new curricular
design, composed of a mandatory part (1800h), provided by the Common National Curricular
Base for High School (BNCC-EM) and a diversified part, related to the so-called Formative
Itineraries (1200h), corresponding to the areas of knowledge - Languages and their
technologies, Applied Human and Social Sciences, Nature Sciences and their technologies,
Mathematics and their technologies, and Technical and Vocational Training. The main change
in the reform consists in delegating to the students the mission of choosing which educational
itinerary they want to follow, considering their desires, aspirations, and life project. However,
the education systems are not obliged to offer all the training paths, which is why students'
much-vaunted freedom of choice can be relativized.
It is worth discussing that there is a whole rhetoric of neoliberal matrix on the edges of
the NEM, given the incessant use of terms such as entrepreneurship, protagonism,
socioemotional skills, and a world of work, among others, which lead to the production of
subjectivities based on competition and entrepreneurialism of the self. In the wake of Dardot
and Laval (2016), we understand neoliberalism not simply as a doctrine of economic bias but
as a reason to affect all areas of social life, especially subjectivity. For these French authors,
"[...] neoliberal rationality has as its main characteristic the generalization of competition as a
norm of conduct and the company as a mode of subjectivation" (DARDOT; LAVAL, 2016, p.
17, our translation). In this sense, NEM students are led to frame their educational paths based
on market trends and to behave according to strategic planning, risk calculation, and life project
The neoliberal rationality in producing discourses on financial education in didactic collections of the New High School
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 4
management.
Thus, certain topics are addressed with more emphasis, among which we can mention
financial education. Although it is not a current issue, since it dates back to the early years of
the 21st century, with the initiatives of the Organization for Economic Cooperation and
Development with the NEM, this discussion takes a new direction since it is of luxury to know
how to manage financial resources under the logic of neoliberal individuality, avoiding
indebtedness and unbridled consumption. In Leite's (2017) reading, financial education spreads
through the most varied sectors of society and, notably in school spaces, through the optics of
financial consultants, the expansion of the financial self-help market, the development of credit
services, and the appeal to investments and savings.
Following this approach, this article aims to analyze how neoliberal rationality affects
the production of discourses about financial education in schoolbook of the NEM. For this, we
will answer the following questions: how does neoliberal rationality affect the production of
discourses about financial education in NEM schoolbook? How, in the construction of these
discourses, emerge ways through which learners are led to govern themselves and others in the
context of managing finances?
The theoretical support to guide the analysis is based on authors such as Foucault (1995;
2008; 2010) regarding discourse, power, neoliberalism, and subject, Dardot and Laval (2016)
when they postulate the specificities of neoliberal rationality and Leite (2017) on financial
education. The analysis corpus covers statements extracted from two NEM schoolbook,
approved by the National Book and Teaching Material Program (PNLD), 2021. Such materials
aim to weave a dialog between the Humanities, Social Sciences, and Mathematics and thus
constitute a novelty in elaborating schoolbook for Brazilian high schools, the criterion through
which we have chosen them for analysis.
The study is organized into four topics in addition to this introduction. The next section
discusses core concepts for analyzing the didactic materials, such as discourse, enunciation,
power, subject, neoliberalism, and financial education. Next, we present some methodological
information. Afterward, we have the analytical gesture of the corpus and, finally, the final
considerations.
Francisco Vieira da SILVA and Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 5
Theoretical Foundation
This section is structured into two topics. We first reflect on the discourses and adjacent
concepts, considering Foucault's approach. In the second, we ponder on the interlocutions
between neoliberal rationality and financial education.
The discourse and its unfoldings
Thinking about discourse in Foucauldian work means going beyond the purely formal
and linguistic elements and diving into the event, that is, taking as a frame the various elements
that constitute the conditions of existence of a given discourse, especially knowledge, politics,
truth, power, history, among others. For Daher (2020, p. 89, our translation), although
Foucault's goal was not to elaborate a discourse theory, "[...] his researches, by articulating the
linguistic with the social, provoked constant reflections, re-readings, retakes, and theoretical
displacements along his research trajectory in an always unfinished process".
According to Foucault (2010), although signs form the discourse, its problematization
involves going beyond this dimension, seeking what goes beyond it, without falling into
abstraction. This is because the lesson presents itself in its materiality, in the game of its
instance, inside the things effectively said. In the voice of the French thinker: "[...] one must be
ready to welcome the discourse in its irruption of events, in this punctuality in which it appears
and in this temporal dispersion that allows it to be known, forgotten, repeated and erased"
(FOUCAULT, 2010, p. 28, our translation).
The author also teaches us that the discourse is understood as a set of smaller units called
statements, which belong to the same discursive formation. Considering that the discourse is
marked by dispersion and the absence of an a priori ordering, the discursive formations can be
flagged from recognizing certain enunciative regularities expressed in the recurrence of specific
themes, objects, and strategies. The utterances, in turn, according to Foucault (2010), represent
an atom, an indivisible unit of discourse, and legitimize the emergence of other correlative units.
Conceived as an enunciative function, it is characterized by some properties. The first
concerns the referential, that is, the laws of possibility that allow the appearance of a given
enunciation in a time and place. The second comprehend the functioning of a subject position,
which should not be confused with the person of discourse, the author of the formulation, or
the empirical being, but, yes, as a position to be assumed in the enunciation, a situation that
different subjects could occupy. The third property is the associated domain, a network through
The neoliberal rationality in producing discourses on financial education in didactic collections of the New High School
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 6
which an utterance is related to others, already formulated or yet to be produced. The fourth
and last property constitutes the repeatable materiality, that is, an instance, a date, a place, a
field of stabilization that allows the identification of the utterance. According to Foucault (2010,
p. 118, our translation), "[...] the utterance, while appearing in its materiality, appears with a
status, enters networks, places itself in fields of use."
In Foucauldian studies, it is essential to note that discourse is strongly linked to power.
According to Foucault (2006), discourse houses a series of elements that act within the general
mechanisms of power. It is convenient, in this angle, to ponder the perspective of power derived
from the theories of this French thinker. Thus, power is conceptualized differently from other
approaches, such as Marxism and contractual theories. In this way, power is not only found in
the economic sphere, such as the State, or in a specific social class (the bourgeoisie, for
example) but also is not limited to the economy, although Foucault (2006) denies the existence
of this type of power. Moreover, it is not a power limited to denial, to prohibition but rather to
power relations that permeate the entire social body. In other words, where there are social
relations, there are power relations. Power cannot be stopped or taken because it is not found
in a fixed and identifiable point but dispersed and allows the emergence of resistance strategies,
a field of possible answers, and freedom practices..
Power acts frontally in the processes of objectification and subjectification. These are
understood as strategies that objectify the subjects through power and knowledge relations, as
well as from how they are led to pay attention to themselves, binding themselves to an
individual identity because of the functioning of regimes of truth to act on the production of
subjectivity. According to Foucault (2016, p. 12, our translation), "[...] In our culture,
civilization, and society like ours, there are certain discourses that, institutionally or by
consensus, are recognized as true from the subject." In this prism, the issue is constantly urged
to engender its existence based on the constitution of a true discourse about itself, mainly from
techniques, such as confession, previously restricted to the domains of the Christian religion
but currently embodied in diverse accounts and discursive fields also multiform.
Francisco Vieira da SILVA and Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 7
Neoliberalism and financial education
In Foucault's work, neoliberalism was treated in the course taught at the Collège de
France in 1979, posthumously published in the work Birth of Biopolitics, a compilation of the
lectures given by that professor in the year before mentioned. The main objective of this course
is to describe the conditions of existence of biopolitics, that is, the recognition of population as
a political problem, against the backdrop of the problematization of liberalism and its later
ramifications (German ordoliberalism and American neoliberalism) as arts of governing that
imposed certain limits and coercions on the State. Foucault (2008) points out that American
neoliberalism is not limited to the economic field but presents itself as a mode of government
that affects areas hitherto indifferent to the logic of economics to govern the actions of men.
Although the author could not continue with these reflections because he died in the
early 1980s, some of Foucault's (2008) notes on the subject were taken as a contribution to more
contemporary discussions about the modus operandi of neoliberal reason. According to Dardot
and Laval (2016), one of the main merits of neoliberalism is to expand the idea of competition
as a social norm and propagate freedom as a sine que non condition for conducting conduct. In
this perspective, under the sieve of competition, subjects are oriented to behave as entrepreneurs
of themselves and see others as enemies to be fought. The government by freedom, on the other
hand, seeks "[...] to act actively in the space of freedom given to individuals so that they come
to conform themselves to certain norms" (DARDOT; LAVAL, 2016, p. 19, our translation).
It is essential to consider that this freedom is not given a priori, not being, therefore,
universal, but is continuously produced and, as paradoxical as it may be, is controlled. In other
words, the subject is free to make choices, but the range of possible choices is limited. The
NEM is based on this premise: the student has the freedom to choose his educational itinerary,
however, not all of these itineraries are available in the curricular design. In short, we have a
freedom that the idealists of the NEM reform sell as a strategy for governing juvenile
subjectivities. Ribeiro and Zanardi (2020, p. 12, our translation) denounce, "[...] the discourse
of freedom of choice is one more fallacy that dissolves into the material and cultural needs that
millions of young Brazilians possess and is not met."
In the neoliberal core, the entrepreneurship of the individual becomes constant, and this
happens through a variety of strategies, such as: (a) the ranking culture that ranks the best and
punishes the worst in a non-stop competition; (b) the imperative of performance and
performance responsible for self-exploitation of labor and physical and mental exhaustion, as
the subject is driven to produce continuously; c) the investment in a lifelong training as a
The neoliberal rationality in producing discourses on financial education in didactic collections of the New High School
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 8
condition for the improvement of skills and abilities; d) the techniques of evaluation and
auditing (accountability) have a significant impact on subjectivities, to be held responsible for
their success or failure; e) risk management becomes essential in the administration of oneself,
because "[... ] the entrepreneurial subject is exposed to vital risks, from which he will not be
able to evade, and the management of these risks will be linked to purely private decisions"
(DARDOT; LAVAL, 2016, p. 346, our translation).
Thus, with the fraying of state insurance and protectionist policies, the entrepreneur
becomes responsible for the risks and the possible choices that may induce these risks.
Following the reasoning of Dardot and Laval (2016), from the moment the subject has access
to information, it presupposes that he has the responsibility to take certain risks, for having the
"freedom" to do so in various meanders of life, for example, health, education, the world of
work.
Financial education can be inscribed in the domain of risk management, as it "[...] points
to the need to make everyone responsible for their consumption choices, able to continue
playing the market game, which would be made impossible by the misuse of resources"
(SARAIVA, 2017, p. 174, our translation). In this way, the individual needs the knowledge to
manage his finances without incurring unnecessary consumption but knowing how to invest
and save as if everyone were in the same economic situation. In short, it appeals to moderation,
temperance, and rationality, assuming an adequate administration of oneself. The existence of
human capital (FOUCAULT, 2008) requires efficient management of the resources available
to each person. This is effective from the emergence of calculating subjectivities, wise in
understanding the game between income and expenses (SOUZA, 2021), in an indelible
synchrony with the neoliberal reason.
The inclusion of financial education in the school curriculum meets global demands in
the figure of transnational bodies, such as the OECD, which has developed guidelines for
member countries to implement actions regarding financial education. For example, the
Presidential decree No. 7.397/2010 established the National Strategy for Financial Education
(Enef), coordinated by the National Council for Financial Education (CNEF), to encourage
financial and pension education to collaborate with the strengthening of citizenship, the
efficiency of the national financial system and conscious decision-making by the consumer
(BRASIL, 2010). This regulation was repealed by Decree 10.393/2020, which created a new
ENEF and the Brazilian Forum for Financial Education (FBEF), formed by government
agencies and entities and civil society organizations. In Merola's analysis (2023), although
Francisco Vieira da SILVA and Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 9
OCEDE and ENEF initially presented a narrative of meeting all demands and all social classes,
there is a discourse that prioritizes the interests of financial groups and, we can add, the
emphasis on individual mastery for the regulation of economic resources, without considering
the existing social inequalities.
Financial education, in the NEM, is inserted in the Transversal Contemporary Themes
(TCTs) in the macro area of Economics, which also includes Labor and Tax Education. The
main objective of the approach [of TCTs] is that students finish their formal education by
recognizing and learning about topics relevant to their performance in society (BRASIL, 2022,
p. 7, translation). In the BNCC of the high school stage, it is possible to read that ''[...] these
themes are contemplated in skills of the curricular components, and it is up to the education
systems and schools, according to their specificities, to treat them in a contextualized way"
(BRASIL, 2018, p. 20, our translation). Financial education, the expected skills are inscribed
in the area of Mathematics and its technologies, notably in the field of Financial Mathematics,
but it should be understood that this is an issue that involves several fields of knowledge, such
as History, Psychology, Philosophy, Sociology, and Environmental Education, as argued by
Baroni and Maltempi (2021).
Methodology
The present study is descriptive-interpretative because we aim to analyze and describe
the discourses on financial education in schoolbook of the NEM, aiming to radiograph the
operation of neoliberal rationality in constructing these statements. We can also point out that
this is a predominantly qualitative approach, given the problematization of the phenomenon in
focus, not considering statistical data and controlled variables, although, in the corpus, these
elements may appear, given that these are books that integrate, interdisciplinarily, the domains
of Mathematics.
The analysis material comprises two teaching collections of Applied Human Sciences
and Social Sciences in dialogue with Mathematics and its Technologies, approved by PNLD
(2021) and, therefore, in close alignment with the NEM Reform and the BNCC. According to
the PNLD Guide to these collections, the interface between these fields "[...] is intended to
concretize interdisciplinarity as an important way to promote the production of meanings linked
to both areas" (BRASIL, 2021, p. 20). Thus, we chose the following didactic collections: a)
Scenarios for Research: humanities and Mathematics in Context, organized by Brunna Paulussi
The neoliberal rationality in producing discourses on financial education in didactic collections of the New High School
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 10
and Juliana Grassmann, published by Ática; b) Diálogo: Applied Humanities and Social
Sciences and Mathematics, a collective work edited by Ana Flávia Dias Zammataro and
Eduardo Neto, published by Editora Moderna.
The data analysis procedures were as follows: a) we collected five didactic collections,
Applied Human and Social Sciences in dialogue with Mathematics and its Technologies, from
the website of the respective publishers; b) we did an exploratory reading and found that two of
them dealt with financial education in one of the units and chapters; c) after this initial selection,
we cut out some statements from each collection that, from our perspective, denotes how
discourses about financial education are constituted in these materials, considering what we
discussed in the theoretical section of this article.
Schoolbook Analysis
We organized this section into two parts. Each corresponds to a schoolbook collection
of Applied Humanities and Social Sciences in dialogue with Mathematics.
Analysis of the schoolbook collection Scenarios for Research: Humanities and
Mathematics in Context
The collection in question is divided into five sessions: Health and Health Crises,
Consumerism and Financial Education, Urban Agriculture and Sustainability, Inequality and
Social Justice, and Political Institutions and Democracy. The unit that interests us here features,
on a double-page spread, a photograph of several people shopping. In the post's caption, we
read: "image of a department store during mega liquidation, in São Paulo, SP, in which
consumers buy televisions" (PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 45, our translation). The
image is presented in the context of the picture, pointing out that offers and liquidations "are
situations in which the need for a product or service can be satisfactory, in balance with personal
finances, however, they are situations that can encourage consumerism and cause indebtedness"
(PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 45, our translation).
As it is possible to observe in this schoolbook statement, the discourse of warning is
effective about the desire to acquire products and services and the need to manage people's
finances because, otherwise, the subject can take the risk of getting into debt. We can identify
the neoliberal principles since it is up to everyone to manage themselves well, and students
need to perfect this knowledge to make future decisions. According to Lazzarato (2017, p. 169,
Francisco Vieira da SILVA and Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 11
our translation), the welfare state government becomes privatized, and "[...] it is corporate
governance that imposes itself as a method of management." This is also highlighted in another
statement in the schoolbook, in yet another caption of an illustration showing several people in
a shopping center in Florianópolis, Santa Catarina: "Situations related to consumption, such as
personal finances and matters of savings or loans need to be managed and organized rationally"
(PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 46, our translation).
The schoolbook in question argues that to make decisions "according to survival needs,
it is important to manage income, and this involves purchasing power, which refers to the
number of goods and services that a person acquires according to their income" (PAULUSSI;
GRASSMANN, 2020, p. 47, our translation). The positioning presented in this teaching
material is to consider the importance of educating students financially so that they can act as
multipliers of this discourse in their families. This is emphasized when the book proposes an
activity of preparing spreadsheets to manage the family budget and asks the following
questions: "Based on the analysis made previously, reflect: is it necessary to make any changes
in your consumption habits or those of your family? Are expenses appropriate to earnings and
possible plans that require financial reserves?" (PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 69, our
translation).
It should be noted that these questions aim to encourage the student to have control of
his expenses and those of his family to prepare a budget according to income and consumption
habits. In this way, the activity aimed to diagnose possible consumerist excesses and, thus, to
perform a self-assessment, auditing, and behavior modification work from the construction of
vigilant and attentive subjectivities regarding the relationship between expenses and income. It
is worth noting that it is important to save and build a reserve fund for unexpected expenses
because, according to Leite (2017, p. 127, our translation), currently "[...] the image of the
successful individual is composed of one who saves and invests"; that is, "one who uses money
with 'rationality' to achieve financial independence".
The collection in question ignores that most Brazilians cannot invest or save since their
income is often insufficient for essential expenses, which demonstrates the close connection
with the modus operandi of neoliberal rationality. It is possible to notice a certain posture of
agreement in the face of economic inequalities when the schoolbook suggests that "[...] a person
needs to modify his standard of living (and what he usually consumes) to fit his income and
purchasing power" (PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 63, our translation), which supposes
"[...] for example, the consumption of cheaper products that are not his preference"
The neoliberal rationality in producing discourses on financial education in didactic collections of the New High School
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 12
(PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 63, our translation). When related to others in which
one perceives guidelines to contain spending, these statements are subjective according to their
economic condition, and therefore they must make sacrifices to suit themselves. In short, this
discourse will not produce spaces of resistance, insurgency, or confrontation with neoliberal
rationality but obedience to this regime of truth. What we are stating finds support in Saraiva
(2017, p. 160, our translation), when he ponders that financial education belongs "[...] to a set
of strategies of control societies that aim to minimize political force and maximize the
conformation of subjects."
In continuity, the schoolbook emphasizes the need for financial literacy, through which
it is possible to "[...] avoid situations that can generate unnecessary expenses such as interest
charges (with the payment of bills in arrears, installment purchases, etc.) and consumption
without first researching prices and discounts" (PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 65, our
translation). In this statement, the subject is held responsible for the actions that lead to the debt
since they do not know concepts, such as interest and spending, that is considered improper.
However, it is important to note that buying in installments is the only way to acquire a certain
good or service for many individuals and families. Although knowledge of how the financial
system works is relevant, this may not be enough to avoid default since other factors are at play.
The option presented by the schoolbook to organize the family budget is related to the
preparation of spreadsheets because "[...] it is an instrument through which it is possible to
anticipate, prevent and avoid possible problems with lack of money, based on the forecast of
fixed monthly expenses" (PAULUSSI; GRASSMANN, 2020, p. 65, our translation). This
discourse assumes an ideal model of family income, which does not find an echo in the reality
of students in Brazilian public schools, which, in our view, allows affirmation in the field of
action of neoliberal rationality, given that, according to this bias, all families can avoid the lack
of money, all that is needed is financial planning.
Analysis of the Diálogo teaching collection: Applied Humanities and Social Sciences and
Mathematics
The collection is divided into nine units that present varied themes, such as waste
production, racial inequality and the labor market, urban growth and mobility, management of
water resources, and financial education, which interest us in this study. The unit, called Budget:
how is it at Home?, has as one of its objectives "to develop knowledge in the field of financial
mathematics to encourage reflection on decisions and attitudes that involve expenses and
Francisco Vieira da SILVA and Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 13
income" (ZAMMATARO; NETO, 2020, p. 113, our translation). The schoolbook speech, since
its title, calls the student's attention to analyze how his family's Budget, requiring an attitude of
control of the expenses made to delay or even avoid indebtedness. The justification presented
in the book to address this issue is reinforced by the high rates of debt that Brazilians have
recently, especially the younger ones.
This information appears right at the beginning of the unit: "In 2018, young people
between 18 and 30 years represented 25% of the indebted in our country, that is, about 25.5
million people" (ZAMMATARO; NETO, 2020, p. 113, our translation). The actual effect of
the numbers - either in the percentage or in the estimate of the absolute quantity - legitimizes
this discourse to be recognized as data that causes concern and gives credibility to the questions
presented by the didactic material: "You who are already part of, or who are about to enter the
labor market and have your income, do you have any notion of how to manage your income
and expenses?" (ZAMMATARO; NETO, 2020, p. 113, our translation). The young person is
then encouraged to reflect on how he should manage his finances, projecting a future action -
he will enter the labor market - or considering that he is already part of the economically active
population. Either way, the individual is led to behave as a business unit, aware of the risks
taken and the imminent danger of indebtedness.
The schoolbook, on the contrary, maintains that "[...] the impulsiveness and for
consumption and unplanned purchases also make up the causes of indebtedness, because it is
usually spent an amount that has not yet been received, thus creating premature debts"
(ZAMMATARO; NETO, 2020, p. 118, our translation). In this discourse, the consumer subject
is built as the one who cannot contain his impulses and desires, leading him to indebtedness.
Once again, financial education is the antidote for this evil because, based on this knowledge,
the individual will act rationally and planned way. On the other hand, self-management is in
line with neoliberal rationality because if the consumer has gone overboard with his purchases,
he has taken the risk of getting into debt, and it is up to him to change this situation.
The students for whom this material is intended are permanently encouraged to identify
with this discourse that defends the representation of the consumer, who is seen as conscious,
cautious, and autonomous in his decisions. As a result, the book presents a chart from material
on financial education prepared by the Central Bank, in which two types of consumers are
shown: the conscious consumer and the consumerist consumer. In the first profile, blue
predominates, indicating a desired quality, while in the second profile, red is the predominant
color, which conveys a feeling of danger and alertness. It is necessary to include and exclude
The neoliberal rationality in producing discourses on financial education in didactic collections of the New High School
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 14
the subjects, for a while, the conscious consumer is the one who evaluates before buying, and
the consumerist consumer spends compulsively. While the conscious consumer buys what is
necessary and prevents himself from the future, his opponent buys everything he wants and is
considered immature because he doesn't care about what is to come, among other differences
shown in the picture.
This production of discourses is grounded in neoliberalism, as it creates subjectivities
that resent themselves because they are always in debt with themselves due to so many demands
for self-regulation. For Lazzarato (2017,p. 175, our translation), "[...] frustration, resentment,
guilt, and fear constitute the neoliberal 'passions' toward the self, as the promises of self-
realization, freedom, and autonomy are turned against a reality that systematically denies them."
In other words, the social inequality in the country makes it difficult to apply the lessons of
financial education postulated in the schoolbook since it is a different model from the economic
scenario in force in Brazil. Therefore, we do not intend to argue that financial education is
irrelevant, but it is essential to highlight the visible distancing of the discourses present in these
materials from the objective conditions of students and their families.
To this end, in the schoolbook, the term financial health is not random: "But how should
we start this change to improve financial health, personal and of the people who live with us?"
(ZAMMATARO; NETO, 2020, p. 122, our translation). Here is the answer: "[...] by planning,
executing, and analyzing the control of the personal or family budget" (ZAMMATARO;
NETO, 2020, p. 122, our translation). Through the associated domain, the term health
represents the well-being and balance arising from a financial situation without debt,
investment, and savings. For this, taking strategic measures through improved budget control
is convenient. The terms planning, execution, and analysis are used to meet the business
universe that imposes itself on the subject's government to contain consumerist cravings and
the deregulation of spending. According to Dardot and Laval (2016), these neoliberal
management techniques create an entrepreneurial ethos in the different subjective dimensions.
The schoolbook asks to analyze the planning of each family: "Do you know what are
the types of expenses that consume most of your or your family's income? Do you and your
family plan your expenses?" (ZAMMATARO; NETO, 2020, p. 123, our translation). These
questions reveal an interpretation of the truth by the student and his family regarding the
identification of expenses and the lack (or not) of financial planning. Thus, the ground is
prepared for an intervention to change the domestic economy scenario.
According to the subject position presented in the book in question, financial planning
Francisco Vieira da SILVA and Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 15
allows the containment of unnecessary expenses to generate a positive balance to be invested:
"When the balance is positive, we can invest the money to build an emergency fund or achieve
a personal or family goal" (ZAMMATARO; NETO, 2020, p. 123, our translation). Here, again,
it is possible to note financial education's advantages to individual and family management,
reinforcing the positive image of the individual who saves and invests. As Saraiva (2017, p.
163, our translation) reminds us, "[...] Success involves a life with goals to be met through
financial planning; that is, a life that distances itself from exacerbated and impulse
consumption. And once again, we can question which family income profile fits this model
propagated by the schoolbook". These discourses celebrate an ideal to be pursued and do not
deal critically with crucial points related to the causes of social inequality under the neoliberal
norm.
Final considerations
Throughout this text, we aim to meet the objective of analyzing how neoliberal
rationality affects the production of discourses about financial education in schoolbook of the
NEM. The analysis corpus comprises statements from two Applied Humanities and Social
Sciences teaching materials in dialogue with Mathematics and its Technologies, approved by
PNLD (2021).
It was possible to delineate a very close correlation between the orientations present in
these materials and neoliberal logic due to some recurrences, such as: a) students are
constantly called upon to examine their finances and those of their families to plan to spend,
from the knowledge that refers to the business field; b) the causes of Brazilian indebtedness
are related to individual responsibility, especially the absence of financial education, and not
to the precarious conditions in which much of the population lives, in situations of
unemployment, underemployment, and deregulation of labor; c) the discourses present in
these books advocate a conformist behavior since the reason for economic inequalities is not
questioned, otherwise one will live with what one has; d) moderate attitudes are prioritized in
the management of finances, such as saving, investing and not showing off, both in relation to
the student himself and about others (families, more precisely).
Given what has been presented, it is possible to conclude that, although schoolbook
understand financial education beyond financial mathematics, thus representing a relevant
advance in the understanding of the complex nature of this phenomenon, they fail to create an
The neoliberal rationality in producing discourses on financial education in didactic collections of the New High School
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 16
agenda in which conditions of resistance, forms of emancipation and more critical discourses
around neoliberal rationality can be created, which seems to constitute a consensus, a given,
natural and irreversible and this is largely due to the way NEM was planned and
implemented. Therefore, we must create other ways to deal with this issue, given the
difficulties of the Brazilian reality, without losing the transformative potential of the
educational field.
REFERENCES
BARONI, A. K. C.; MALTEMPI, M. V. A educação financeira e a formação do professor de
Matemática: uma compreensão e algumas possibilidades. In: BARONI, A. K. C.;
HARTMANN, A. L. B.; CARVALHO, C. C. S. (org.). Uma abordagem crítica da
educação financeira na formação do professor de matemática. Curitiba: Appris, 2021. p.
23-35.
BRASIL. Decreto n. 7.397, de 22 de dezembro de 2010. Institui a Estratégia Nacional de
Educação Financeira ENEF, dispõe sobre sua gestão e dá outras providências. Brasília:
Presidência da República, 2010. Available at:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7397.htm. Access: 11
Feb. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei n. 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis
nº9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, a
Consolidação das Leis do Trabalho -CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio
de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de
agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio
em Tempo Integral. Brasilia: MEC, 2017. Available at:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm. Access: 13 Nov.
2022.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular BNCC. Brasília:
MEC, 2018. Available at:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=85121-
bncc-ensino-medio&category_slug=abril-2018-pdf&Itemid=30192. Access: 05 Feb. 2020.
BRASIL. Decreto n. 10.393, de 09 de junho de 2020. Institui a nova Estratégia Nacional de
Educação Financeira ENEF e o Fórum Brasileiro de Educação Financeira FBEF. Brasília:
Presidência da República, 2020. Available at:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/d10393.htm. Access: 10
Feb. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Guia do PNLD 2021 objeto 2: Ciências Humanas e
Sociais no diálogo com a Matemática. Brasília: MEC, 2021. Available at:
Francisco Vieira da SILVA and Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 17
https://www.professoresdematematica.com.br/wa_files/guia_pnld_2021_didatico_pnld-2021-
obj2-ciencias-humanas-sociais-aplicadas-dialogo-matematica.pdf. Access: 20 Jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Caderno de economia:
educação financeira, educação fiscal e trabalho. Brasília: MEC, SEB, 2022. (Série temas
transversais: Base Nacional Comum Curricular BNCC)
DAHER, D. C. “Onde, afinal, está o perigo?” Foucault e o paradoxo de uma aula inaugural.
In: DIAS, R. O.; RODRIGUES, H. B. C. (org.). Ordens do discurso: comentários marginais
à aula inaugural de Michel Foucault. Rio de Janeiro: Lamparina, 2020. p. 88-100.
DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaios sobre a sociedade neoliberal.
Trad. Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2016.
FOUCAULT. M. Ditos e Escritos IV: Estratégia, Poder-Saber. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2006.
FOUCAULT, M. O nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France: (1978-
1979). Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Trad. Luiz Neves. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2010.
FOUCAULT, M. Subjetividade e verdade. Trad. Rosemary Costhek Abílio. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2016.
LAZZARATO, M. O governo do homem endividado. Trad. Daniel P. P. da Costa. 1. ed.
São Paulo: N-1 edições, 2017.
LEITE, E. S. A ressignificação da figura do especulador-investidor e as práticas de educação
financeira. Civitas, Porto Alegre, v. 17, n. 1, p. 114-130, 2017. DOI: 10.15448/1984-
7289.2017.1.24446. Available at:
https://www.scielo.br/j/civitas/a/LsJs85tCR9CWDFLLYrNvjbc/?lang=pt. Access: 11 Feb.
2023.
MEROLA, R. M. Juros, consumo e meio ambiente: um olhar para a educação financeira
presente no livro didático do ensino médio da educação para jovens, adultos e idosos. 153 f.
Dissertação (Mestrado em Educação Matemática). Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho: Rio Claro, 2023. Available at:
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/238935/merola_rm_me_rcla.pdf?sequenc
e=3&isAllowed=y. Access 20 Mar. 2023.
PAULUSSI, B.; GRASSMANN, J. Cenários para investigação: humanidades e matemática
em contexto. São Paulo: Ática, 2020.
RIBEIRO, M. P.; ZANARDI, T. A. C. O novo ensino médio e a liberdade de escolha,
Educação, Santa Maria, v. 45, n. 1, p. 1-20, 2020. DOI: 10.5902/1984644439519. Available
at: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/39519. Access: 20 Apr. 2022.
The neoliberal rationality in producing discourses on financial education in didactic collections of the New High School
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 18
SARAIVA, K. S. Os sujeitos endividados e a Educação Financeira. Educar em revista,
Curitiba, n. 66, p. 157-173, 2017. DOI: 10.1590/0104-4060.53867. Available at:
https://www.scielo.br/j/er/a/dCY3fwLdRBWdgSbmSfdS3sy/?format=pdf&lang=pt. Access:
12 Feb. 2023.
SOUZA, J. I. Educação financeira: práticas discursivas na educação matemática. 2021. 131
f. Tese (Doutorado em Educação Científica e Tecnológica) Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2021. Available at:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/227167/PECT0477-T.pdf?sequence=-
1&isAllowed=y. Access: 10 Feb. 2023.
ZAMMATARO, A. F. D.; NETO, E. Diálogo: ciências humanas e sociais aplicadas e
matemática. São Paulo: Moderna, 2020.
Francisco Vieira da SILVA and Wyllamy Samuel da COSTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.425 19
CRediT Author Statement
Acknowledgements: There isn't.
Funding: There is no funding.
Conflicts of interest: There is no conflict of interest.
Ethical approval: There is no need to go through the petition committee.
Data and material availability: The data and materials used in the paper are available for
access on the websites of the schoolbook publishers.
Authors’ contributions: Francisco Vieira da Silva article writing and data collection;
Wyllamy Samuel da Costa proofreading, data collection, and translation of the abstract
into English.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.