Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.427 1
NARRATIVAS E ‘COM-VERSAÇÕES’ DE FAVELA: DISPOSITIVOS SENSÍVEIS E
COMPLEXOS PARA VIAGENS INVESTIGATIVAS EM TURISMO
NARRATIVAS DE FAVELAS Y ‘COM-VERSACIONES’: DISPOSITIVOS SENSIBLES
Y COMPLEJOS PARA VIAJES DE INVESTIGACIÓN EN TURISMO
FAVELA NARRATIVES AND ‘COM-VERSATIONS’: SENSITIVE AND COMPLEX
DEVICES FOR INVESTIGATIVE TRIPS IN TOURISM
Renan de Lima da SILVA1
e-mail: renan.turismo@gmail.com
Maria Luiza Cardinale BAPTISTA2
e-mail: malu@pazza.com.br
Como referenciar este artigo:
SILVA, R. De L. da; BAPTISTA, M. L. C. Narrativas e Com-
versações’ de Favela: Dispositivos sensíveis e complexos para
Viagens Investigativas em Turismo. Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n.
00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154. DOI:
https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.427
| Submetido em: 10/07/2023
| Revisões requeridas em: 22/09/2023
| Aprovado em: 17/10/2023
| Publicado em: 09/11/2023
Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Universidade de Caxias do Sul (UCS), Caxias do Sul RS Brasil. Doutorando no Programad e Pós-Graduação
em Turismo e Hospitalidade. Membro do Amorcomtur! Grupo de Estudos em Comunicação, Turismo e
Autopoiese. Bolsista CAPES.
Universidade de Caxias do Sul (UCS), Caxias do Sul RS Brasil. Professora e pesquisadora do Programa de
Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade. Editora da Revista Conexão Comunicação e Cultura. Doutorado
em Ciências da Comunicação (USP). Coordenadora do Amorcomtur! Grupo de Estudos em Comunicação,
Turismo, Amorosidade e Autopoiese (CNPq-UCS).
Narrativas e ‘Com-versações’ de Favela: Dispositivos sensíveis e complexos para Viagens Investigativas em Turismo
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154
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RESUMO: O texto tem caráter ensaístico com dupla autoria, inscrevendo-se como meta texto
de viagem e viajem investigativa, visando refletir as narrativas e ‘com-versações’, como
dispositivo de pesquisa para o Turismo e viagens investigativas, como proposto por Baptista.
O texto apresenta sinalizadores epistemológico-teóricos para pesquisas orientadas pelas visões
ecossistêmica-complexa, nas viagens investigativas em Turismo. A trama de abordagens
teóricas tem destaque na Esquizoanalise de Deleuze e Guattari, associada à visão holística,
complexa de comunicação, subjetividade e turismo-trama de Baptista. A formulação foi
produzida, orientada metodologicamente pela estratégia da Cartografia dos Saberes e balizada
pelas Matrizes Rizomáticas, também de Baptista. A partir da experiência narrada de um dos
autores, em Favelas do Rio de Janeiro, produziram-se ‘com-versas’ transversais e reflexivas
sobre os fluxos do Turismo, como produtor de narrativas, e do fluxo narrativo, como produtor
de mais Turismo recursivamente, potencializando a (auto)transpoiese e o Desejo também por
viagens investigativas.
PALAVRAS-CHAVE: Turismo. Esquizoanálise. Narrativas de Viagem. Favela.
RESUMEN: El texto tiene un carácter ensayístico con doble autoría, inscribiéndose como un
metatexto de viajes y viajes de investigación, con el objetivo de reflejar narrativas y 'com-
conversaciones', como dispositivo de investigación para el Turismo y los viajes de
investigación, como propone Baptista. . El texto presenta señales epistemológico-teóricas para
investigaciones guiadas por una visión ecosistémica compleja, en viajes de investigación en
Turismo. La red de enfoques teóricos se destaca en el esquizoanálisis de Deleuze y Guattari,
asociado a la visión holística y compleja de Baptista sobre la comunicación, la subjetividad y
el turismo-trama. La formulación fue producida, guiada metodológicamente por la estrategia
Cartografía del Conocimiento y guiada por Matrices Rizomáticas, también de Baptista. A
partir de la experiencia narrada por uno de los autores, en Favelas de Río de Janeiro, se
produjeron 'conversaciones' transversales y reflexivas sobre los flujos del Turismo, como
productor de narrativas, y el flujo narrativo, como productor de más El turismo
recursivamente, potenciando la (auto)transpoiesis y el Deseo de viajes de investigación.
PALABRAS CLAVE: Turismo. Esquizoanálise. Narrativas de viaje. Favela.
ABSTRACT: The text is essayistic co-authored, positioning itself as a meta-text of a journey
and an investigative journey, aiming to reflect on narratives and "con-versations" as a research
device for Tourism and investigative travels, as proposed by Baptista. The text provides
epistemological and theoretical signposts for research guided by the ecologically complex
views in investigative journeys in Tourism. The array of theoretical approaches prominently
features Deleuze and Guattari's Schizoanalysis, combined with Baptista's holistic, complex
perspective on communication, subjectivity, and the tourism narrative. The formulation was
methodologically guided by the strategy of Knowledge Cartography and anchored by Baptista's
Rhizomatic Matrices. Based on the narrated experience of one of the authors in the favelas of
Rio de Janeiro, transversal and reflective "con-versations" were produced about the flows of
Tourism as a narrative producer and the narrative flow as a producer of more Tourism
recursively, potentiating (self)transposition and Desire for investigative journeys as well.
KEYWORDS: Tourism. Schizoanalyze. Travel Narratives. Shanty towns.
Renan de Lima da SILVA e Maria Luiza Cardinale BAPTISTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154
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Introdução
“Quando me mudei para outro estado em busca dos meus estudos, uma das
primeiras perguntas que faziam quando eu dizia que era do Rio de Janeiro
era, ‘de que lugar do Rio você é?’, a resposta nunca era, da Favela, de Santa
Margarida, de Cosmos ou do Barbante, nomes do sub bairro, bairro e favela
mais próxima respectivamente. A minha descrição era sempre sobre como eu
morava próximo de um lugar boêmio, próximo a uma escola de samba,
reconhecida no Brasil e representativa do Carnaval Carioca. ‘Ah! Eu moro
próximo a Mocidade Independente de Padre Miguel’, ou, um bairro citado e
reconhecido de alguma musica famosa, ‘Sabe realengo da música do Tim
Maia? Então, eu moro perto’ . Lembrar dessas histórias, como uma narrativa
das minhas viagens investigativas, contribui para a produção desta
investigação, da mesma maneira que outras investigações proporcionaram a
existência dessa narrativa, é sobre isso que vamos falar…” (ORIENTANDO).
Primeiramente, reconheça-se o desafio apresentado neste contexto: promover reflees
acerca das narrativas e 'com-versações' relacionadas às favelas, considerando-as dispositivos
metodológicos sensíveis e complexos para a realização de viagens investigativas no campo do
turismo. Convém dizer, como ponto de partida: trata-se de um texto que busca coerência, em
sua apresentação, entre o conteúdo refletido, os pressupostos científicos e as estratégias
metodológicas, que possibilitam construir reflexões, sobre relações entre as narrativas e as
viagens investigativas.
Essas reflexões e o modo de produção dessas narrativas são coerentes com o fato de
que, em nosso grupo de pesquisa, no Sul do Brasil, entendemos a pesquisa como uma ‘viagem
investigativa’, conforme vem sendo proposto por Baptista (2014, 2020a) em seus estudos.
Nesse contexto, este trabalho assume a forma de um metatexto, cujo propósito é abordar o tema
das narrativas, com o pleno reconhecimento de que o próprio texto constitui, por natureza, uma
narrativa. Além disso, este metatexto destina-se a apresentar um conjunto de narrativas relativas
à viagem investigativa, que, por sua vez, representa o próprio processo da pesquisa, com o
intuito de contribuir para a compreensão das reflexões desenvolvidas.
Como foi apresentado, o foco aqui está na abordagem de narrativas e ‘com-versações’
de Favela, como dispositivos metodológicos sensíveis e complexos para viagens investigativas
em turismo. Isso implica conversar sobre narrativas, como dispositivo de pesquisa, e conversar
sobre a Favela, como matriz dinâmica e viva, para pensar a pesquisa, a Ciência, o Turismo e as
Narrativas. Assim, o objetivo deste texto é apresentar a relevância das narrativas no contexto
da pesquisa em Turismo. Esse enfoque considera as narrativas tanto como geradoras quanto
como produtos de viagens investigativas, destacando ainda a sua natureza intrínseca de resultar
de interações e diálogos constantes, ou seja, são construídas em 'com-versações'. Dessa
Narrativas e ‘Com-versações’ de Favela: Dispositivos sensíveis e complexos para Viagens Investigativas em Turismo
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maneira, é importante explicitar, a priori, alguns pressupostos que serão retomados à medida
que em que o texto for sendo desenvolvido. Estes pressupostos são trazidos como ‘operadores
de leitura’ (BAPTISTA, 2000), para ampliar a legibilidade e a compreensão das narrativas e
reflexões.
É importante ressaltar que o termo 'Favela' está sendo empregado de acordo com a
abordagem apresentada em outro texto, na qual se considera como uma potência de
manifestações espontâneas (SILVA; BAPTISTA, 2021, 2022). Lembramos que,
etimologicamente, a palavra corresponde a um tipo de vegetação conhecida como favela, por
seu fruto ser parecido com a flor de fava. É interessante, neste sentido, uma incursão histórica.
Esta planta era representativa da região habitada irregularmente pelas tropas do exército
brasileiro, vindas do Rio de Janeiro, que foram convocadas para combater na campanha de
Canudos, no interior da Bahia. A Revolta dos Canudos foi um episódio marcante da história
brasileira, em que as tropas do exército brasileiro foram direcionadas para um confronto com
os integrantes de um movimento popular religioso, liderado por Antonio Conselheiro
(QUEIROZ FILHO, 2011).
Segundo o autor, os soldados chegaram se instalar no morro de Belo Monte, no interior
da Bahia, onde existia a vegetação homônima ao nome das habitações que hoje são conhecidas
pela palavra Favela. No retorno das tropas ao Rio de Janeiro, por uma promessa não cumprida,
de cedência de terras aos vitoriosos que retornassem, houve revolta e ocupação, por parte dessas
tropas, de uma chácara no morro da providência.
Posteriormente, o morro foi reconhecido e regularizado. Ainda que essa regularização
tenha ocorrido para as habitações que ‘surgiram espontaneamente’, sua organização se
manteve, gerando ‘habitações irregulares e espontâneas’ que, popularmente, se espalharam pelo
Brasil. Essas habitações ficaram conhecidas como favelas, em decorrência da associação com
o termo proveniente de sua etimologia botânica, mas significando, pejorativamente, qualquer
conjunto de habitações precárias e irregulares.
Nesse sentido, a favela é um sistema de construções que brotam espontaneamente, de
caráter precário e, muitas vezes, irregular, em condições de intempéries, inóspitas, sem apoio e
reconhecimento do poder público. Há, portanto, um núcleo de significação que expressa
brotação espontânea, precariedade nas construções e descaso do poder público, no ecossistema
favela. O contraponto a isso é também uma potência de ‘sobre-viver’, para além das
intempéries, que se configura nas vivências e nos modos de coexistência dos sujeitos em
sintonia com o lugar.
Renan de Lima da SILVA e Maria Luiza Cardinale BAPTISTA
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Reconhecemos que existe um sentido mais popularmente conhecido para Favela, que
remete à cidade do Rio de Janeiro, no Sudeste do Brasil, numa lógica vinculada à irregularidade
e à precariedade, de territórios e comunidades de periferia, sentido que é ‘deslizado’
, em muitas
situações, midiaticamente, para violência e criminalidade (POSTIGO, 2014). Reiteramos,
contudo, que o termo ‘favela’, neste texto, é considerado diferentemente desse sentido
pejorativo. Desse modo, em sentido diferenciado, Favela corresponde a território de potência
inscriacional que inscreve, cria e aciona potência (BAPTISTA, 2000). Portanto, o termo se
refere à brotação de autonomia, lugar condicionador de múltiplos atravessamentos narrativos.
Assim, reconhecemos, na Favela, potencialidades de transformação e, também, de manutenção
da própria existência.
A abordagem, nesse sentido,ajuda a refletir sobre a existência histórico-cultural do ‘Rio
de Janeiro de fachada’, expressão utilizada em conexão com o que chamamos no Amorcomtur!
Grupo de Estudos em Comunicação, Turismo, Amorosidade e Autopoiese, do Sul do Brasil, de
‘turismo de fachada’
. É importante destacar que o Rio de Janeiro é amplamente reconhecido
como um destino turístico tanto para viajantes nacionais quanto internacionais. Conforme o
Anuário Estatístico do Turismo (BRASIL, 2020), em 2019, a cidade recebeu um total de
1.252.267 turistas internacionais, sendo o segundo destino mais frequente em termos de
desembarques internacionais por via rea. No contexto do turismo doméstico, este destino
igualmente sobressai, classificando-se como o segundo maior em termos de receita gerada pela
atividade turística. Essa posição é notável, particularmente quando consideramos as dimensões
territoriais do país.
Além disso, o Rio de Janeiro se apresenta com peculiaridades que representam atrativos
para a cidade, principalmente em relação ao ambiente natural (IBGE, 2020). A relação da
sociedade com o ambiente natural resulta de ação humana, em seus processos antrópicos,
gerando uma pluralidade de possibilidades de trânsitos singulares entre natureza e cultura,
própria de um bioma específico. Essa maneira de se relacionar com o meio, historicamente,
representa uma configuração de ocupação do território, condicionada entre disputas subjetivas
e objetivas nos espaços sociais da cidade.
Trabalhamos aqui com o sentido de deslizamento com transposições de significações, associações dadas como
axiomas, naturalizadas e cristalizadas, de tal forma que passam a ser aceitas como dado, sem questionamento.
O termo se opõe ao que Baptista (2021a) denomina como o Avesso do Turismo, onde se expressam as tramas
complexas constituintes, em conexão com a sua espontânea e natural produção. A proposição de Avesso do
Turismo foi apresentada incialmente por Baptista no Seminário Anptur do ano de 2021, e posteriormente publicada
na Revista Cenário (BAPTISTA, 2021a).
Narrativas e ‘Com-versações’ de Favela: Dispositivos sensíveis e complexos para Viagens Investigativas em Turismo
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Portanto, a formação do centro histórico do Rio de Janeiro se estabeleceu a certa
distância das áreas marginais, que foram habitadas de maneira mais periférica em relação aos
principais distritos comerciais da cidade. Isso resultou em uma divisão econômica, com uma
área mais central pulsante e outra com menor atividade econômica. Esse ponto com maior
pulsação econômica é a região mais rica e é a menor parte do Rio de Janeiro, do ponto de vista
territorial. No entanto, essa área é a que abriga o maior número de atrações amplamente
reconhecidas e promovidas pela administração municipal do Rio de Janeiro. Ela funciona como
a vitrine do turismo, de acordo com a interpretação de vitrine que estamos adotando aqui, ou
seja, o que é concebido para ser exibido aos visitantes de fora.
O reverso, que se contrapõe ao que é apenas visível na superfície, ‘malandramente’
emerge de forma espontânea em áreas caracterizadas por adversidades e ocupadas pela parte da
população que desempenha funções nos serviços dos locais promovidos turisticamente. Essa
comunidade, ao emergir naturalmente, irradia criativamente o potencial de sua própria
existência. Embora more à margem da fachada”, essa população representa o avesso, devido
à sua relevância para uma esquizografia turística e também para uma fachada turística.
Embora essa comunidade não seja reconhecida por seu potencial na produção de cultura
e na sustentação de sua própria existência, desempenha um papel significativo como uma força
motriz por trás desses espaços “turísticos”, conferindo-lhes as condições necessárias para sua
existência, que dependem dessa vitalidade inerente, tanto do espaço quanto das pessoas
segregadas nesse ambiente.
Acontece que o Rio de Janeiro não é apenas essa ‘fachada turística’, preparada
artificialmente para ‘vender o destino’, como ‘cidade maravilhosa’. Trata-se, no caso, de um
turismo que se propõe a negar e a esconder a trama do avesso do ecossistema existencial do Rio
de Janeiro, em suas múltiplas dimensões e expressões. Reforçamos, então, aqui a visão de
Baptista (2021a) que propõe olhar para o turismo para além da ‘fachada’, a partir das múltiplas
e complexas relações estabelecidas no ecossistema do Turismo, da trama de inter-
relacionamentos que o turismo proporciona, não só em seu fim, mas em toda sua brotação.
A Favela, nesse contexto, emerge como o contraponto dessa fachada, constituindo-se
como um território de experiências humanas onde a complexa trama do Rio de Janeiro se
desenvolve e se insere. Essa trama não se desenrola nos cenários criados exclusivamente para
a exposição aos turistas, mas, sim, na história que envolve diversos territórios. É nesses espaços
que a dinâmica de poder se manifesta, fluindo, empurrando as pessoas para áreas periféricas ou
regiões pouco hospitaleiras, excluindo aqueles que não se encaixam na visão da ‘orla turística’.
Renan de Lima da SILVA e Maria Luiza Cardinale BAPTISTA
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Nesse contexto, é essencial reconhecer a presença da favela como um elemento de
potencial ligado à ideia de ‘brotações espontâneas’, em linha com a perspectiva que caracteriza
territórios sujeitos a adversidades e desafios diversos. O debate proposto por Boaventura de
Sousa Santos (2002) sobre a Sociologia das Ausências e das Emergências ganha relevância
nesse cenário.
Portanto, a favela representa um dos territórios de uma cidade que detém riqueza em
termos históricos, ambientais e culturais, embora não reconheça as suas próprias margens como
elementos constituintes dessa riqueza. A característica distintiva da favela é a ocupação de
espaço sem um planejamento profissional ou oficialmente organizado do ponto de vista urbano.
Ela se manifesta na abertura e fechamento de ruas conforme necessário para a sobrevivência
dessa manifestação da favela. Novamente, essa relação remete à inspiração botânica
mencionada anteriormente.
Este texto aborda um ambiente caracterizado por complexidade e características
singulares, um ‘ambiente-trama’ que se enquadra na categoria de um ambiente ecossistêmico
complexo. Nesse contexto, incluímos um trecho de diálogo derivado das conversas que
contribuíram para a elaboração deste ensaio. Nesse diálogo, propõe-se a definição do conceito
de episteme como: “O conjunto de saberes, valores, percepções e sentimentos, que,
entrelaçados, direcionam a produção do conhecimento”(ORIENTADORA).
Assim, ao explorar a episteme da Favela e seu contraponto com o turismo, este trabalho
se baseia em reflexões originadas de diálogos e na compreensão que se tem da relevância das
conversas e da criação de narrativas que emergem dessas interações. Trata-se, portanto, de um
texto produzido em conversa, entre dois autores com uma trajetória longa compartilhada, de
compartilhamento de narrativas, refletidas e conversadas para pensar a pesquisa e as viagens
investigativas.
Os autores deste texto, com uma extensa trajetória compartilhada, possuem histórias
permeadas por pesquisas conjuntas, tanto passadas quanto atuais. Atualmente, como orientando
e orientadora, dedicam-se a dois estudos que vêm sendo realizados na Universidade de Caxias
do Sul, no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade, vinculados ao
Amorcomtur! Grupo de Estudos em Comunicação, Turismo, Amorosidade e Autopoiese.
Desse modo, a escrita desse texto está alinhada com as estratégias metodológicas
Cartografia dos Saberes e Matrizes Rizomáticas, propostas por Baptista (2020, 2014),
plurimetodológicas, processuais, autorais e subjetivas. Estas estratégias correspondem a uma
série de pressupostos epistemológicos da ciência contemporânea ecossistêmica e complexa,
Narrativas e ‘Com-versações’ de Favela: Dispositivos sensíveis e complexos para Viagens Investigativas em Turismo
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entre eles, a importância de aproximação com indicativos da narrativa como dispositivo de
investigação.
Além disso, no âmbito da Cartografia dos Saberes, existe a diretriz de que a pesquisa,
concebida como uma jornada investigativa, ocorre por meio de trilhas investigativas, sendo
uma delas a Trilha de Saberes Pessoais, que incentiva a coleta e documentação das vivências,
experiências e conhecimentos dos pesquisadores relacionados ao tema de estudo.
Assim, o texto opera a partir de fragmentos do diário de pesquisa do orientando, que
funcionam como narrativas de sua jornada investigativa, oferecendo explicações
complementares ao que está sendo proposto e discutido em termos epistemológicos. Em
contrapartida, as reflexões orientam a seleção das narrativas e fornecem perspectivas reflexivas
sobre as mesmas. Portanto, na condução desta pesquisa, torna-se crucial e inseparável a
identificação das narrativas por meio do uso de aspas e itálico.
[…] fui fazer uma disciplina, e me descobri em um percurso de ensino e
aprendizagem, de trocas múltiplas entre alunos e professora. Tive a
oportunidade, no Doutorado em Turismo e Hospitalidade da Universidade de
Caxias do Sul, de transitar pelo estudo de narrativas em que a proposta era
escrevermos sobre narrativas nossas, e refletimos sobre a viagem
investigativa, a partir dessas narrativas. O resultado desse olhar para trás é
um pouco do que inscrevemos aqui… aprender a se (re)conhecer
(ORIENTANDO).
Como operação, essa narrativa representa descobrimento e orientação a respeito da
brotação desta pesquisa. Apresentamos narrativas de uma viagem investigativa, compartilhada
entre orientadora e orientando, com entrelaçamento de conversas e diário de pesquisa.
Seguimos, com a fundamentação sobre narrativa, a partir de Martinez (2012) e Botton (2012),
integrando-as à abordagem de viagem investigativa proposta por Baptista (2014, 2020a). As
conversações são consideradas manifestações de autopoiese, apresentando-se na forma de
narrativas de viagem. Nesse contexto, em consonância com a perspectiva de Baptista (2022),
essas narrativas são sugeridas e delineadas como um dispositivo de pesquisa no âmbito do
Turismo,
As com-versações’ são (auto)transpoiéticas, porque são transversais,
relacionadas à potência de reinvenção no movimento, tanto o movimento do
sujeito nos lugares, mas também o movimento entre os sujeitos que com-
versam’, produzem ‘com-versações’. São transpoiéticas também no
movimento dos dispositivos comunicacionais, utilizados como recursos para
a produção da narrativa. Isso quer dizer que a ‘transpoiese termo que
proponho para representação da produção transversalizada, seguindo a lógica
Renan de Lima da SILVA e Maria Luiza Cardinale BAPTISTA
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esquizoanalítica se também no trânsito entre recursos narrativos. A
narrativa, a ‘com-versação’, não é somente verbal. Todos os sentidos são
acionados e potencializados para a produção de saberes, numa espécie de
usina subjetiva de produção narrativa, com a consideração da trama
ecossistêmica geradora de relações, autoprodução dos pesquisadores
envolvidos, em uma dinâmica contínua de autopoiese (BAPTISTA, 2022, p.
258).
Isto implica na produção desta abordagem ensaística, a partir da escrita da narrativa
apresentada aqui na introdução e de outras narrativas que vão aparecer ao longo do texto. Este
recurso é empregado como uma forma de elucidar a viagem investigativa e fortalecer o
argumento de que, de maneira recorrente, tanto a narrativa quanto a viagem são geradas e
reiteradas.
A produção decorre de projeto de pesquisa internacional de Baptista (2018), intitulado
“Com-versar Amorcomtur, lugares e sujeitos”. Esse projeto fornece a base para as 'com-
versações' apresentadas neste estudo, centrando-se na Favela como o ponto de partida para
reflexões. Além disso, adota-se uma abordagem alinhada com a Ontologia do Conversar, de
Maturana (1988), que considera a produção do diálogo entre orientador e orientando como um
processo de dar voltas um com o outro’. Conforme a visão de Maturana, o ato de conversar é
fundamental para a vida compartilhada, a coexistência e, por conseguinte, para a criação de
laços sociais, conhecimentos e experiências compartilhadas. O autor ressalta a importância de
caminhar juntos e conversar, girar em torno, dar voltas, como ações fundamentais na construção
da convivência e no significado da vida. Portanto, compreendemos que esses elementos são
essenciais para a produção de sentido nas Ciências e nas viagens investigativas.
Este texto é uma composição que se alinha com a compreensão da pessoalidade e
subjetividade na produção do conhecimento científico. Na forma de uma narrativa, ele retrata
experiências que, quando contadas e refletidas, trazem uma ressignificação tanto da própria
vivência quanto do conhecimento em si. É uma coletânea de narrativas que emergem de
múltiplos encontros e vivências, apresentadas aqui com significados distintos e
complementares. Essas narrativas representam uma tapeçaria de histórias variadas, resultantes
de conversas e reflexões entre os autores deste texto, moldadas durante o processo de pesquisa
e a partir da análise das próprias narrativas conversadas e refletidas.
Narrativas e ‘Com-versações’ de Favela: Dispositivos sensíveis e complexos para Viagens Investigativas em Turismo
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Orientação teórica dos olhares para as narrativas
Ao se considerar o papel da narrativa na concepção das viagens investigativas, torna-se
evidente a importância da construção dessas narrativas. As narrativas são representações das
memórias que se originam de experiências passadas, trajetórias e fluxos que contribuem para
nossa constituição subjetiva.
De fato, nossas memórias, muitas das quais podem ser expressas sob a forma de
narrativas, desempenham um papel fundamental na formação de nossa identidade. Ao refletir
sobre eventos cotidianos do passado, somos capazes de dar novos significados a aspectos
aparentemente triviais em nossa experiência atual, enriquecendo assim nossa composição
subjetiva.
“Prof. eu tava pensando, sobre o meu encantamento com a praia. Penso que
ir à praia significava, para mim e meus amigos, um desafio, mas também uma
elevação social. Na favela, poder ser percebido como surfista significava uma
ascensão. Lembro que isso era representativo, a gente fazia de tudo para
tentar estar o mais próximo possível desse universo. Tinham muitas lojas de
roupas de surf e alguns dos meus amigos, meu irmão mais velho inclusive,
tentavam com muito custo conseguir uma prancha de surf, ir até a praia bem
cedo, muitos ônibus e horas depois, chegar à praia e tentar surfar. Eu, irmão
mais novo, olhava e ouvia, e sem poder ir, buscava o mesmo caminho, de
distanciamento da favela, com roupas que não representavam o lugar, mas
representavam a praia que era tão longe, além de buscar no skate, um pouco
da vivência que eu não tinha a oportunidade de que me atravessasse…”
(ORIENTANDO).
É possível observar, em consonância com a reflexão apresentada na introdução sobre o
Rio de Janeiro, a formação de uma complexa rede de interconexões e entrelaçamentos que
compõem uma teia intricada de significados, coerências, convergências e divergências. Essas
conexões surgem a partir das subjetividades que moldam um ecossistema específico. Nesse
contexto, as narrativas desempenham um papel fundamental ao registrar elementos que se
destacam, tornando-se representativas e enriquecendo a compreensão que embasa as
abordagens propostas.
Afirma-se, assim, que o foco deste estudo implica na análise de uma composição
complexa que envolve subjetividades, bem como agenciamentos naturais e maquínicos que se
entrelaçam de maneira transversal. Essas interações ocorrem em possíveis acoplamentos com
um ecossistema peculiar e desafiador. Essa abordagem se fundamenta em uma trilha teórica
essencial que orienta este estudo: a Esquizoanálise, proposta inicialmente por Deleuze e
Guattari (2004), no texto O Antiédipo: Capitalismo e Esquizofrenia.
Renan de Lima da SILVA e Maria Luiza Cardinale BAPTISTA
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O termo “esquizo”, etimologicamente derivado de “partido”, no contexto dos
pressupostos abordados neste estudo, adquire uma conotação dissipativa, assemelhando-se a
uma espécie de nebulosidade que se difunde e se torna invisível à distância, ao passo que se
torna tangível e visível quando se aglutina. Essa terminologia encontra sua base nos escritos de
Deleuze e Guattari (2004), nos quais os autores exploram a construção inconsciente da
subjetividade, tendo a esquizofrenia como referência. A partir dessas reflexões, eles
desenvolveram a Esquizoanálise como uma abordagem que reconhece a produção contínua da
subjetividade por meio de agenciamentos e interseções.
Ao se desvincularem dos aspectos deterministas da Psicanálise daquela época, os
autores concentraram sua atenção nos processos de acoplamento do universo de significados
capitalístico com outros universos de significação. Esses acoplamentos, que transcendem o
domínio puramente objetivo, manifestam-se como transbordamentos das subjetividades. Dessa
maneira, esses transbordamentos, caracterizados por uma propensão “esquizo” a ultrapassar as
fronteiras delimitadoras, contribuem para a construção e desconstrução de interseções
singulares, que são objeto de análise neste estudo. A escolha de abordar esses traços “esquizo”
resulta, portanto, dessas reflexões.
Com base nessa abordagem, o presente estudo concebe o Turismo como uma
composição esquizo, caracterizada por múltiplos entrelaçamentos subjetivos. Essa composição
resulta na formação de um Ecossistema Turístico, conforme previamente elaborado por
Baptista em seus textos anteriores (2020a, 2021a), permitindo encontros entre fluxos
comunicacionais e universos de significação. A noção de ecossistema turístico comunicacional,
explorada neste contexto, se fundamenta em uma teoria desenvolvida por Baptista (2020a).
Nessa teoria, a autora propõe uma compreensão do Turismo como um processo de
desterritorialização que ocorre nos entrelaçamentos ecossistêmicos. Essa perspectiva decorre
de uma visão da ciência como uma trama de um ecossistema complexo, interconectado e
comunicativo. Essa abordagem considera saberes primordiais e subjetivos, além de elementos
objetivos de sistemas vivos que são abertos e fluidos. Tudo isso ocorre em um equilíbrio
dinâmico de conhecimento e prática.
E se pensarmos o Turismo, como ecossistema turístico, de que maneira esse ecossistema
se instaura, ou ainda, como ele se inscreve? Em resposta a essa indagação, em 2021, foi
proposto o conceito de Esquizografias Turísticas, que se refere aos desdobramentos subjetivos
que levam o turismo a se difundir por diferentes lugares, culturas e entre os sujeitos, por meio
de inscrições frequentemente observadas em conversas e narrativas. O turismo, enquanto um
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processo complexo de desterritorialização, é inerente à experiência humana e à própria vida.
Portanto, o que se manifesta é uma configuração complexa que pode ser examinada sob a
perspectiva da trama e da lógica rizomática, caracterizando-se como sistemas complexos e
rizomáticos com múltiplas ramificações e interconexões. Essa abordagem sugere que não é
viável aderir a modelos de práticas turísticas e de lazer superficiais, conforme descritos por uma
única narrativa ou como uma simples representação do turismo.
Essas Esquizografias Turísticas devem ser interpretadas como camadas superpostas e
interconexões, exibindo uma complexidade múltipla e um caráter processual. Portanto, os
aspectos metodológicos adotados devem ser estratégicos e diversos, a fim de sustentar a
compreensão dessas composições, que se originam a partir de múltiplas narrativas, em vez de
uma única narrativa. Acreditamos que os significados e a dinâmica dos ecossistemas e dos
processos turísticos são moldados por uma lógica plural de transversalização e dissipação de
inscrições, justificando, assim, a utilização de narrativas para descrever essas Esquizografias.
Essas inscrições resultam da reflexão sobre diversos episódios vivenciados na trajetória
pessoal, em conjunto com o nicho ecológico dos autores, contribuindo para a formação da
subjetividade dos indivíduos inseridos nesse ecossistema. Nesse contexto, o presente texto
consiste em narrativas que refletem as conversas entre os autores e suas reflexões pessoais.
Além disso, a elaboração dessas narrativas é influenciada pela interação com os autores de
textos teóricos que embasam as reflexões, bem como pela pressuposição de diálogo com os
leitores que irão encontrar a narrativa.
O nosso entendimento é, em parte, influenciado pelos princípios de comunicação
apresentados por Baptista (1996), que ressaltam a importância das múltiplas vivências do
sujeito, em consonância com um jogo de desejos e reflexos envolvidos em uma complexa trama
comunicacional. Isso implica que a abordagem adotada segue essa perspectiva de
entrelaçamento de desejos e reflexos, dos movimentos desejantes que são gerados e, ao mesmo
tempo, dos espelhos nos quais nos vemos e nos refletimos, ao longo da vida.
Pensamos que essa significação é importante, porque, quando olhamos para nossa
produção narrativa, percebemos que ela resulta da composição dos espelhos que constitui como
sujeito quem narra, quem escuta e aqueles que vivenciam a jornada, buscando arte e
conhecimento na aparente simplicidade das memórias dessa viagem, notadamente no contexto
de sujeitos envolvidos com investigações de viagem.
Ademais, é relevante refletir sobre o fato de que, na Ciência, a narrativa tem sido
relegada a um papel secundário, sendo muitas vezes vista como um traço de subjetividade e
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imprecisão no discurso acadêmico. Martinez (2012) e Baptista (2016) argumentam que isso se
deve à ênfase nas materialidades e na objetividade da Ciência, característica dos princípios que
moldaram a Ciência nos últimos séculos, originados a partir da chamada Revolução Científica.
Diferentemente, a narrativa é compreendida neste contexto como uma forma de
produção que viabiliza a audição, leitura e expressão de subjetividades, resultando na criação
de diálogos (com-versações). Essa perspectiva pode implicar a revalorização de elementos que
a construção estruturada e mecanicista da Ciência tende a negligenciar. A concepção de
narrativa, neste contexto, baseia-se na compreensão de narrativas de viagem, incorporando o
relato histórico apresentado por Martinez (2012) e a abordagem à arte de viajar de Alain de
Botton (2016).
A forma como Martinez (2012) aborda a narrativa como uma ferramenta científica,
unindo elementos do gênero literário com a teoria do Jornalismo Literário Avançado e da
Etnografia, sustenta a narrativa como uma valiosa abordagem para pesquisas em Turismo e
destaca seu papel como um recurso essencial na pesquisa como uma jornada investigativa.
O que Martinez (2012) resgata está em sintonia com as ideias aqui apresentadas,
alinhando-se à concepção de viagem como uma forma de arte, conforme proposto por Botton
(2016). As perspectivas desses autores convergem no sentido de expandir as possibilidades
científicas das narrativas no contexto do Turismo.
Dessa forma, nesta pesquisa, a audácia de reconhecer o caráter recursivo da narrativa,
tanto como produto quanto como produtora do Turismo. Isso implica considerar a narrativa
como uma ferramenta para analisar e compreender os fluxos que compõem o ecossistema
turístico, e o Turismo como um catalisador do processo de desterritorialização desejante,
resultando na transversalização dos ecossistemas com tal intensidade que gera inscrições,
formando narrativas
. Portanto, a compreensão do Turismo que se desenvolve ao longo da
discussão do texto enfatiza sua natureza processual e permeável, abordando-o em sua ampla
complexidade. Em resumo, esta proposta está intrinsecamente ligada a outra, na medida em que
reconhece a possibilidade de a narrativa emergir do Turismo e o Turismo surgir da narrativa,
enquanto a ideia de narrativa como dispositivo de pesquisa é fundamentada na concepção da
relação recursiva entre narrativa e viagem investigativa.
Nesse contexto, a ideia do Ecossistema Turístico Comunicacional, conforme proposta
por Baptista (2016), emerge como a que melhor se harmoniza com a discussão apresentada,
Ecossistema turístico comunicacional, como apresentado por Baptista (2016), é o entendimento do turismo em
uma trama comunicacional complexa, composta por objetividade e subjetividade, envolvendo elementos bióticos
e abióticos que são compositivos dos múltiplas transversalidade que constituem o turismo.
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devido à sua concepção abrangente dos encontros comunicacionais facilitados pelo Turismo.
Esses encontros revelam uma natureza complexa, fluída e processual, muitas vezes
manifestando-se nas narrativas do cotidiano, que servem como indicativos de um Ecossistema
Turístico em ação. Portanto, as narrativas, abordadas aqui como resultado desse Turismo de
viagens investigativas, desempenham um papel significativo nessa dinâmica.
Com base nesse princípio, entende-se que as narrativas podem ser interpretadas como
componentes da rede de espelhos que integra a trama de desejos que molda o movimento do
sujeito. Assim, o sujeito propõe um acoplamento que origem e sustenta o processo de
inscrição e existência do sujeito viajante, que cria as Esquizografias Turísticas (SILVA;
BAPTISTA, 2021, 2022). Esse processo ocorre tanto por meio de suas próprias narrativas como
pelas narrativas que surgem em decorrência de suas experiências de viagem.
Desta maneira, o sujeito viajante é aquele que registra suas jornadas e cria suas
Esquizografias com base nesses trajetos, que são contados e ‘re-olhados’ a partir das narrativas.
A proposta subjacente a isso é desencadear o movimento do desejo por meio das
desterritorializações desejantes, alimentando o anseio pela viagem, seja através de narrativas
contadas ou ouvidas, dentro da complexa rede de interações entre sujeitos e consigo mesmos.
Para lidar com a complexidade inerente a esse processo de inscrição esquizo, é crucial
adotar uma abordagem metodológica que seja tanto coerente como intrincada, oferecendo a
capacidade de sistematização necessária. O próximo tópico tem por finalidade justificar e
aprofundar a estratégia metodológica empregada neste estudo, recorrendo à Cartografia dos
Saberes e às Matrizes Rizomáticas.
Orientação metodológica sobre como contar Favela
A estratégia metodológica conhecida como a Cartografia dos Saberes
, a qual foi
proposta por Baptista (2014, 2020) e extensamente aplicada no contexto do projeto
Amorcomtur, representa um enfoque que orienta a observação, compreensão, geração de
conhecimento e documentação de informações relacionadas ao mundo e à ciência. Para uma
apreensão mais profunda dessa abordagem, é essencial revisitar a noção de cartografia,
conforme delineada por Rolnik (1987), a qual serviu de inspiração para a concepção de
Baptista. Segundo Rolnik, a cartografia consiste na elaboração de um mapa que registra a
Estratégia metodológica do Amorcomtur, que dialoga com diversos métodos, com apresentado em diversos
textos do grupo e, principalmente, pelos textos de Baptista (2020, 2014).
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evolução de uma paisagem. Assim, na visão de Baptista, a cartografia se traduz no
direcionamento de amplas trilhas investigativas, envolvendo um mapeamento abrangente e em
constante evolução dos dados de pesquisa. Baptista relata que, com o intuito de auxiliar os
pesquisadores a compreender como implementar estudos com foco na complexidade,
desenvolveu a abordagem da Cartografia dos Saberes, realçando determinadas trilhas de
pesquisa como componentes-chave.
Como anteriormente enfatizado, a Cartografia dos Saberes orienta a condução da
pesquisa por meio de quatro distintas trilhas de investigação, as quais operam de forma
simultânea e se entrelaçam no decorrer do processo: Saberes Pessoais, Saberes Teóricos, Usina
de Produção e Dimensão Intuitiva da Pesquisa.
No ano de 2021, durante a apresentação de um trabalho no Seminário da Associação
Nacional da Pesquisa em Turismo, realizado no âmbito da pós-graduação no Brasil, e
posteriormente na publicação na Revista Cenário, os autores indicaram a relevância da
estratégia metodológica denominada Cartografia dos Saberes no contexto da mapeação das
Esquizografias Turísticas. Essa escolha metodológica se justifica pela sua capacidade de
registrar e inscrever o Turismo no discurso, representando uma materialização da complexa
rede de subjetividades que caracteriza a natureza efêmera do turismo (SILVA; BAPTISTA,
2021, 2022).
O propósito desta exposição é evidenciar a natureza processual e multidisciplinar da
Cartografia dos Saberes, a qual admite múltiplas fontes de entrada de dados, em consonância
com o princípio de que as saídas também devem ser igualmente diversificadas, conforme
delineado por Rolnik (1987). Portanto, a Cartografia dos Saberes emerge como uma estratégia
metodológica apropriada devido à amplitude de opções para coleta de informações e a aquisição
de conhecimento em um sentido mais abrangente. As quatro trilhas que a compõem, a saber:
Trilha de Saberes Pessoais, Trilha de Saberes Teóricos, Usina de Produção e Dimensão Intuitiva
da Pesquisa, convergem para a multiplicidade, em linha com o conceito esquizo advogado por
Deleuze e Guattari (2004). Isso se traduz tanto na produção das narrativas de viagem
investigativa quanto na construção da subjetividade dos indivíduos viajantes. Portanto, é
imperativo considerar constantemente o enfoque na intersecção das dimensões trama” e
“rizoma”, conforme sustentado pelas pesquisas que temos conduzido.
A partir desses princípios, a Usina de Produção assume o papel de orientação para a
coleta, organização, análise e apresentação de dados, estabelecendo interconexões e
transversalidades com as demais trilhas. Ela representa a diretriz que dita a operacionalização
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da pesquisa, podendo ser executada por meio de abordagens convencionais ou procedimentos
adaptados especificamente para o estudo, de acordo com a natureza do objeto de pesquisa.
Baptista propõe a concepção e implementação das pesquisas por meio da combinação de
abordagens investigativas iniciais, quando o pesquisador entra em campo para realizar uma
escuta sensível e empregar uma diversidade de métodos, com ações investigativas que
pressupõem um planejamento, em consonância com as descobertas das abordagens iniciais.
Por outro lado, a Dimensão Intuitiva da Pesquisa engloba aspectos subjetivos e escolhas
que guiam as direções da pesquisa, muitas vezes não destacadas de forma explícita nas outras
trilhas. Conforme a perspectiva de Baptista (2014, 2020a) a dimensão intuitiva se manifesta por
meio de insights espontâneos que se desenvolvem em constante interação com as
subjetividades. Isso implica reconhecer que a intuição serve como um convite para uma análise
mais profunda das ocorrências no campo de estudo e, de acordo com a autora, esses insights
devem ser considerados como uma via para se aproximar do objeto de pesquisa e estabelecer
uma relação com ele.
Em virtude da multiplicidade de acontecimentos, momentos e trânsitos que podem
propiciar o surgimento da Dimensão Intuitiva da Pesquisa, compreende-se que a adoção das
Matrizes Rizomáticas (Baptista, 2020), como uma estratégia metodológica integrada à
Cartografia dos Saberes envolve a criação de condições para a retomada da orientação e do
percurso da pesquisa. As matrizes se traduzem em um instrumento de organização da pesquisa,
considerando pontos-chave e cleos de informações, que auxiliam a mapear a coerência
interna da pesquisa. Nessa abordagem metodológica, a autora enfatiza a importância da
verificação estratégica da correspondência entre o Título, o Objeto de Estudo, os Objetivos e a
Questão de Pesquisa, bem como o alinhamento entre os objetivos específicos, as abordagens
teóricas e os procedimentos operacionais, abrangendo tanto as abordagens iniciais quanto as
ações investigativas posteriores.
É relevante destacar que a construção de uma matriz com base nas Matrizes Rizomáticas
(BAPTISTA, 2020) não se configura como um processo rígido. Baptista explica que a matriz é
concebida como o ponto gerador da pesquisa, assemelhando-se, neste contexto, à nascente de
um rio que constitui o ponto de partida de um afluente. Esse afluente pode representar fluxos
de intensidade variada, percorrendo trajetos com diversas possibilidades, enquanto a matriz, a
partir de sua nascente, permanece constante, mesmo que direcione cursos d'água maiores que
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deságuam no oceano
. Portanto, as matrizes funcionam como o ponto inicial e o local de
identificação de convergências, apresentando várias oportunidades de desenvolvimento,
revisão do entendimento, pontos de retorno e passagens ao longo da pesquisa.
Nesse contexto, a redação em primeira pessoa de algumas das narrativas apresentadas
neste texto, com um caráter reflexivo e autobiográfico, é baseada na Trilha de Saberes Pessoais.
Importa destacar que a produção textual é fruto de uma colaboração com a orientadora,
permeada por diálogos e reflexões cruzadas, nos quais os dois autores se engajam de forma
equitativa nas discussões de natureza epistemológica e teórica. No tocante à abordagem da
escrita, particularmente nos segmentos que envolvem relatos de cunho biográfico, -se
prioridade à voz do doutorando em Turismo e Hospitalidade. Em diversos outros trechos,
observam-se incursões reflexivas resultantes das 'com-versações' entre orientando e
orientadora. Desse modo, a produção textual se configura como um metatexto, proporcionando
uma amplitude significativa para a reflexão acerca do processo de geração do conhecimento,
tanto em âmbito das práticas investigativas de forma geral quanto, mais especificamente, nas
práticas investigativas relacionadas ao campo do Turismo.
Nesse contexto, sugerimos a leitura do presente diálogo
, o qual se origina a partir da
narrativa de questionamentos que orientaram a construção deste texto e a condução da pesquisa
sobre as narrativas de viagem, entendida como um dispositivo de investigação e reflexão no
contexto do Turismo, com um foco particular na observação das realidades nas Favelas.
A proposição desse enfoque revela o papel preponderante das narrativas na direção
desse olhar e na interação com as narrativas. A relevância das narrativas foi enfaticamente
evidenciada durante o Percurso de Aprendizagem
ministrado pela Dra Maria Luiza Cardinale
Baptista, no PPGTURH-UCS, intitulado: ‘Com-versar’ Lugares e Sujeitos: Narrativas sensíveis
para reinvenção do turismo.
No texto original de proposição das matrizes rizomáticas (BAPTISTA, 2017), a autora apresenta, como
visualidade expressiva do desenho das matrizes, uma imagem aérea dos rios amazônicos, em que ela associa os
pontos essenciais da pesquisa. Ela explica que pretende, dessa forma, demonstrar que “a pesquisa tem
direcionalidade, que é possível checar a coerência das inflexões, mas que isso envolve a compreensão de uma
lógica de fluidez, rizomática e dissipativa”. (Declaração de Baptista, em Encontro Caótico do Amorcomtur,
primeiro semestre de 2022).
Aqui usado como no sentido proposto por Maturana (1988) e Baptista (2018), a que nos referimos
anteriormente.
A denominação Percurso de Aprendizagem é utilizada por Baptista, em substituição ao termo ‘disciplina’, por
uma questão epistemológica, em relação à Educação e à Ciência. Segundo a autora, o termo ‘disciplina’ não faz
mais sentido contemporaneamente, em se tratando de percursos de aprendizagem, mutantes, processuais,
subjetivos, transversais, holísticos.
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Me vi envolto em uma condição incipiente e desafiadora de ter coragem de
olhar para episódios passados e que me criavam incômodo ao longo do
percurso de ensino e aprendizagem, ainda que, cada vez que eu narrei
episódios passados, fui tendo a oportunidade de compreender melhor o
sujeito e as subjetividades daquele meu período do passado, e imbuído das
minhas orientações atuais, percebi as múltiplas partes que me compunham e
que me compõem atualmente, aceitando-as e percebendo-as nos meus
trânsitos atuais” (ORIENTANDO).
A construção e reconstrução deste texto envolvem, portanto, simultaneamente, a
produção de narrativas e a compreensão narrativa. Essa abordagem reflete a percepção da
relevância de relatar e reexaminar histórias e contextos que se aproximam como realidades a
serem documentadas, descritas e registradas, por sua importância tanto em relação à narrativa
em si quanto àqueles que as narram.
O que se busca, com isso, é uma aproximação com a ciência contemporânea, que
valoriza o reconhecimento de elementos subjetivos e complexos, transcendendo a modelagem
estrita do rigor científico baseado exclusivamente nos princípios tradicionais da ciência
moderna
.
Nesse contexto, a partir da experiência e das explorações das narrativas apresentadas ao
longo deste texto, surgiram uma série de indagações que passaram a integrar as abordagens
relacionadas ao objeto de pesquisa.
Percebemos, orientadora e orientando, que essas percepções iniciais estavam - e
continuam a estar - em sintonia com a história de vida do doutorando, um dos autores deste
trabalho. Tais histórias são representativas de estudos em andamento no âmbito do Doutorado
em Turismo e Hospitalidade, parte do Programa de Pós-Graduação da Universidade de Caxias
do Sul, assim como do projeto Amorcomtur!. Neste contexto, está sendo desenvolvida uma tese
com um tema amplo que envolve a elaboração de uma Cartografia do lazer e do turismo nas
Favelas do Rio de Janeiro.
Como ponto de partida, este texto se propõe a apresentar narrativas que giram em torno
de conversas sobre narrativas, vinculadas à trajetória de vida de um acadêmico que também é
surfista, morador de uma favela e turismólogo. Ele concebeu a pesquisa que aborda a Favela
não apenas como objeto, mas como um sujeito-trama
. Esse sujeito teve sua vida transformada
a partir do encontro de diferentes fluxos, e essa transformação se deu sob a orientação de uma
Crítica baseada na análise sobre ciência contemporânea, realizada por autores como Capra (1991, 1997), Santos
(2010), Crema (1989) Baptista (2016; 2020a; 2021), entre outros, base teórica para os estudos do Amorcomtur.
A noção de sujeito-trama é proposição de Baptista, em vários de seus textos, com fundamentação
esquizoanalítica, pensando o sujeito em produção contínua, resultado de agenciamentos e transversalizações
desejantes, com marcas profundas de seus universos existenciais.
Renan de Lima da SILVA e Maria Luiza Cardinale BAPTISTA
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professora doutora em Ciências da Comunicação pela USP, com pós-doutorado em Sociedade
e Cultura da Amazônia. Ela, nascida e criada no interior de São Paulo, em suas múltiplas
reflexões, propõe e possibilita a vivência dessa trama de desejos e espelhos. Essa trama se forma
pela interseção das narrativas de vida de ambos os autores e pelas reflexões que surgem a partir
das possíveis conexões entre essas narrativas.
Dessa forma, cada um desses sujeitos representa uma trama de significado, como
mencionado anteriormente, um intrincado e complexo emaranhado de espelhos que se conecta
e constantemente produz, à medida que eles percorrem o mundo, subjetividade e recorrência na
relação entre um e outro (BAPTISTA, 1996). Esses sujeitos são os agentes da comunicação em
uma troca entre subjetividades, seus locais de pertencimento e outros sujeitos. Isso ocorre
durante seus trânsitos multifacetados pelo mundo, que podem ser entendidos como tramas que,
ao serem narradas, revelam indicadores dos elementos anteriormente mencionados.
O trânsito por essa intricada trama de desejos e espelhos potencializa a dimensão
subjetiva, corporal e cognitiva de tal maneira que gera manifestações e impressões no mundo.
Como resultado desse envolvimento, emergem as narrativas. É fundamental compreender que
a narrativa não apenas representa um local de expressão, mas também um espaço de percepção
do mundo, onde o sujeito se insere como um ato político de existência. Além disso, a narrativa
serve para assinalar ausências, sugerindo uma episteme própria, que é uma manifestação de
uma epistemologia emergente, resultante das múltiplas conexões de vida e de suas valorações.
Isso está em consonância com as ideias apresentadas por Santos (2002) e por Maturana (1988).
Vale ressaltar que a pesquisa que explora o contexto das favelas do Rio de Janeiro é
também inspirada pela Ecologia dos Saberes de Santos (2010). Esse enfoque transcende a
dicotomia entre o pensamento abissal e busca estabelecer pontes entre essas realidades distintas.
Nesse contexto, os saberes são produzidos e validados de forma análoga ao surgimento das
favelas, ou seja, por meio de processos multifacetados de tramas e fluxos superpostos, que dão
origem a oportunidades de desenvolvimento do potencial para sobrevivência. Essas
manifestações orientam o pesquisador, que é originário da favela, na direção da criação de
aberturas e na exploração de vias para alcançar as possibilidades do realizável.
Após a exposição das reflexões acerca da abordagem cartográfica e matricial rizomática,
é oportuno destacar que o presente texto é o desdobramento de uma rede de narrativas. Em
consonância com os princípios da Esquizonálise e outros fundamentos previamente delineados,
ele não está comprometido com uma rigidez linear e axiomática, mas sim com uma estrutura
que, embora lógica, é permeada por desvios. Dentro desse contexto, a construção textual se
Narrativas e ‘Com-versações’ de Favela: Dispositivos sensíveis e complexos para Viagens Investigativas em Turismo
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manifesta como uma interação entre narração e reflexão, entre subjetividade e traços de
racionalidade estratégica discursiva, em conexão com uma ecologia de saberes que concede
voz, teoria e empirismo
. De certo modo, o texto é concebido como uma rede de narrativas e
como uma desterritorialização que atravessa ‘becos e vielas’ que, no caso, também se refere
aos ‘becos e vielas’ do próprio texto. Essa caracterização é emblemática do ambiente empírico
em análise: as favelas.
‘Com-versas’ de Favela
A partir do reconhecimento da multiplicidade que constitui o sujeito como esquizo, o
que fazer e como transitar pelos saberes que emergem nas narrativas? Acreditamos que, ao
compreender as múltiplas facetas e convergências entre sujeitos e lugares, na pesquisa em
Turismo, é possível identificar os meandros e as singularidades que constituem as
Esquizografias Turísticas, resultantes da nossa interação com o mundo.
Dessa forma, a concepção de “esquizografar” envolve a narrativa que aborda a
multiplicidade intrínseca dos autores, transitando de uma perspectiva em primeira pessoa para
uma coletiva e plural. Esse deslocamento ocorre em virtude dos trechos narrativos que possuem
caráter pessoal e autobiográfico, nos quais o pensamento reflexivo é uma resultante de reflexões
pessoais. Além disso, é importante notar que mesmo essas inscrições foram objeto de diálogo
e supervisão por parte da orientadora.
Dessa maneira, o episódio que se segue trata de apresentar algumas das sinuosidades e
singularidades, percebidas em narrativas. Desse modo, reviver alguns dos aspectos aqui e
percebê-los como singularidades permite ressignificar e orientar os ‘trânsitos da pesquisa’, os
caminhos percorridos, como uma experiência intelectual e existencial, evidenciada nas
narrativas retiradas de diários de pesquisa e gravações de orientações. Nesse processo, emerge
a perspectiva de compreender o turismo como uma consequência do fluxo do desejo, inserido
em um ecossistema que pode ser interpretado como turístico.
“Vamos conversar, vamos conversar sobre Favela, vamos conversar sobre
turismo, mas, vamos falar em outra rotação, vamos pensar sobre um turismo
não na Favela, mas sobre um turismo de Favela, e quando eu digo de Favela,
tento falar sobre a espoliação feita com a Favela, sobre um processo de
inclusão e exclusão que trata e ocorre para e com o próprio sujeito favelado”
(ORIENTANDO).
Ecologia de Saberes como proposto no capítulo do livro sobre Epistemológicas do Sul, de Santos e Meneses,
em que Santos (2010) apresenta a ideia como construção autônoma de pontes de conhecimento.
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Compreendemos que, ao expressar essas reflexões, é possível analisar a Favela como
uma resposta à espoliação, fortalecendo-se por meio de sua própria produção e autoprodução.
Isso contrasta com a percepção de sua infância, na qual ser considerado bem-sucedido
implicava não pertencer à Favela e não adotar comportamentos associados a ela.
A Favela, frequentemente vista como uma 'periferia', é estigmatizada por uma narrativa
única que a caracteriza com adjetivos pejorativos, como 'violenta, pobre, suja e brega', perante
o restante do município. Esse estigma é tão enraizado que, enquanto cresciam na Favela, os
residentes são confrontados com a representação negativa perpetuada na televisão, telenovelas
e programas de jornalismo, que constroem um imaginário pré-concebido sobre a vida cotidiana
na Favela.
Querendo ou não querendo, vivi Favela, respirei e sou parte dela. Hoje
percebo isso, mas em muito sai pensando em tentar não ser isso, me mudei,
fiz faculdade e felizmente, retornei, autopoieticamente também, sujeito do
Amorcomtur, e, portanto, reflexivo, amoroso e ponderado quanto ao passado,
ao presente e ao futuro do sujeito favelado” (ORIENTANDO).
Refletimos, então, sobre o sujeito da Favela, aquele que reside na Favela e compartilha
suas características, tanto as pejorativas quanto as não. Consideramos os fluxos, influxos,
caminhos e descaminhos que permeiam a vida desse sujeito, e como esses fatores geram
dinâmicas. Reconhecemos que, imersos no ecossistema narrativo, especialmente na esfera
midiática, é fácil cair na armadilha de enxergar a Favela apenas como um lugar de
impossibilidades, sem saídas aparentes.
Então, temos optado por perceber a Favela como fonte geradora de fluxo e de desejos,
e como compositiva de desejos e fluxos de turismo. Isso implica que a organização e produção
do Turismo/Favela decorrem das ações que, embora subjetivas, consistem em camadas de
objetividade e subjetividade, dentro de um contexto complexo e ecossistêmico, alinhando-se
com a visão de Turismo proposta por Baptista (2021a, 2020b).
A apropriação do turismo por parte daqueles que o objetificam negligencia amplamente
os cruzamentos subjetivos e o âmbito das práticas como elas se manifestam nas experiências
de vida. Esse enfoque tende a enquadrar o turismo em uma narrativa hegemônica superficial.
Isso, por sua vez, obscurece a emergência de aspectos subjetivos que permeiam as vivências e
práticas na própria Favela em seu papel turístico. A comparação entre as narrativas superficiais
e as perspectivas mais profundas do turismo evidencia a influência de narrativas que ditam o
que pode ou não ser considerado Turismo/Favela.
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Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154
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A proposta aqui é que, independentemente da exploração de dispositivos de lazer na
Favela, existe a formação de uma produção subjetiva de experiências de lazer e turismo por
parte dos residentes da Favela. Essas experiências podem ou não ser compatíveis com um
turismo de caráter superficial.
Como e onde eu percebi isso? De volta ao Rio, depois de um longo período
fora, recebi um convite para trabalhar em uma festa, na verdade um show
com djs e um grupo de pagode
gênero musical bastante forte no Rio, com
alguns djs de Funk,
outro gênero importante.
Devido à quantidade de djs, eu acabei sendo convidado a acompanhar um
deles em outra festa, em que havia menos djs, mas sem, antes, dar uma
passada em um terceiro baile na mesma Favela. Passamos em um dos bailes
também vazio e fomos para o evento um pouco mais distante, que tinha poucos
djs. Ao fim, acabei estando presente em três eventos, fluindo de um para outro,
como se fosse uma trip, Favela trip, vários mundos e vários sentires em cada
um dos espaços” (ORIENTANDO).
Essa reflexão suscita a consideração da possibilidade de a Favela gerenciar seus próprios
fluxos e relações turísticas, que, seja por restrições financeiras ou, mais profundamente, devido
à exploração da própria Favela, ela acaba não explorando ou praticando, mesmo que tenha o
desejo de fazê-lo. Portanto, a ideia de um turismo na Favela, não como um destino estagnado,
mas sim como um fluxo dinâmico, se torna relevante. Essa abordagem representa um lado
alternativo do turismo, um lado que é construído pelas complexas redes locais, impulsionado
pelo potencial dos residentes e entrelaçado com o ecossistema da Favela.
A questão que surge para reflexão é como o Amorcomtur! concebe o Turismo. O grupo
reconhece o Turismo para além de sua evolução histórica como uma indústria, considerando-o
como uma prática social compartilhada que envolve interesses onde a relação de poder do
capital estava claramente estabelecida. O enfoque do grupo gira em torno da discussão
ontológica sobre o turismo, com ênfase na conexão com a viagem, explorando a viagem como
um meio de desterritorialização do desejo. Isso implica na compreensão do movimento que
retira o sujeito de sua zona de conforto, incentivando-o a vivenciar a intensidade do contínuo
processo de transformação e possibilidades.
Gênero musical oriundo de um Rio de Janeiro marginal, que tem sua condição de gênero musical estabelecida
como uma variação do Samba, outro Gênero musical típico da Cultura local. Para Salles (2007), o Samba e o
Pagode são gêneros musicais representativos dos saberes e fazeres da cultura do Morro/Favela e significam, para
os espaços, expressão cultural das práticas sociais desenvolvidas e relacionadas aos lugares e aos sujeitos.
Gênero musical que tem origem pela influência e incidência nas favelas do Rio de Janeiro, de um do gênero
homônimo, oriundo de comunidades afrodescendentes norte-americanas. Inicia com festas com músicas originais
dessas comunidades norte-americanas, e se transforma em hibridismo que o constitui como gênero musical típico
da cultura local (SALLES, 2007). Segundo o autor, o Funk representa, para além da moda, modo de ser e estar no
mundo, capaz de construir pontes que afirmam a sua existência entre o morro e o asfalto, em cidades partidas nesse
binômio como áreas ricas/áreas pobres.
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Ao considerar a relação entre o Turismo e a Favela, é fundamental aprofundar a reflexão
sobre a presença do turismo que transcende as praias do Rio de Janeiro. Nesse contexto, foram
realizadas conversas e reflexões acerca das inúmeras jornadas que ocorrem diariamente na
Favela e que contribuem para estimular o desejo intrínseco à própria Favela.
As viagens possíveis, em modos possíveis de existência e desterritorialização.
É sobre elas que eu falo e é sobre essas que me instiga falar! Assim, me
autorizo a pensar a própria Favela, não mais como periferia, mas como a
própria potência, como eu a sinto e vivencio, como ‘lugar de estar no mundo’,
em modo diferenciado, singular, que pode, dependendo de como é visto e
vivido, constituir-se em potência de passagem. Assim, como ponto de
‘paragem’, de existência é também ‘potência de passagem’. Ela própria pode
ser vista não mais como parada, mas como potencial abertura de passagem,
de devires sujeito favelado(ORIENTANDO).
Como considerações finais, gostaríamos de deixar claro alguns possíveis entendimentos
sobre o trabalho com narrativas para a pesquisa em Turismo. De modo que, as mesmas sejam
passiveis de serem entendidas a partir das reflexões anteriormente apresentadas.
No contexto da pesquisa em Turismo, as narrativas desempenham um papel essencial,
uma vez que a Esquizoanálise é uma das estruturas teóricas centrais. Consequentemente, a
aplicação das narrativas é considerada de grande significância para o estudo da Ciência como
um todo, assim como para a pesquisa sobre o Turismo, entendido como um complexo e
rizomático processo de viagem e uma desterritorialização desejante, conforme estabelecido em
sua matriz ontológica. Essa perspectiva está alinhada com a abordagem da Ciência
Contemporânea, na qual, como observado por Baptista (2021a, 2021b), o Avesso do Turismo
é um domínio que pode ser explorado por meio das narrativas de viagem.
Cosiderações finais
Nas considerações finais, é importante ressaltar alguns pontos-chave que se destacam
no trabalho com narrativas no contexto da pesquisa em Turismo. Esses entendimentos derivam
das reflexões apresentadas anteriormente.
Quando abordamos o conceito de Esquizografias Turísticas (SILVA; BAPTISTA, 2021,
2022), estamos, na verdade, discutindo as representações subjetivas múltiplas do turismo, as
quais podem ser mapeadas e analisadas, enfatizando, desde o início, a relevância das narrativas
para a pesquisa em Turismo. O termo “Esquizografias Turísticas” foi concebido a partir da
vivência na Favela, considerando sua riqueza em diversos saberes e práticas, bem como suas
implicações nas esferas subjetivas e objetivas. Essas esquizografias revelam conexões mais
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profundas com as atividades relacionadas ao turismo, ao lazer e às viagens, tanto por parte dos
sujeitos favelados quanto pelo ecossistema turístico da cidade do Rio de Janeiro. Ao mesmo
tempo, o termo faz alusão à natureza esquizofrênica da Favela e à sua característica de
“favelado”, que brota espontaneamente e persiste diante das adversidades com grande potência,
contribuindo para a compreensão do que pode ser considerado como turismo na Favela, ou seja,
as chamadas Esquizografias Turísticas.
Nesta abordagem, a Cartografia dos Saberes se configura como uma diretriz estratégica
destinada a compreender e contemplar múltiplas narrativas e subjetividades inerentes às
práticas e conhecimentos. Isso inclui as próprias narrativas apresentadas pelo orientando, que
atuam como recursos fundamentais para a condução da pesquisa e para a elaboração de uma
perspectiva alternativa sobre o Turismo, com ênfase na análise global. O entendimento
resultante é de que, ao longo das diferentes fases da pesquisa, a consideração das Trilhas de
Saberes Teóricos, Trilhas de Saberes Pessoais, a Usina de Produção e a Dimensão Intuitiva da
Pesquisa proporciona diversas abordagens para a interpretação das narrativas de viagem.
Portanto, conforme evidenciado neste texto, a contribuição da Cartografia dos Saberes
na coleta e análise das Narrativas de Viagens Investigativas culmina na sua organização ao
longo dessas quatro trilhas interconectadas. Como ilustrado, a Dimensão Intuitiva da pesquisa
manifesta-se principalmente na coleta das narrativas que compõem a Trilha de Saberes
Pessoais, as quais podem ser interpretadas à luz das informações provenientes da Trilha de
Saberes Teóricos. Estas, por sua vez, servem como diretrizes para a Usina de Produção, que se
dedica à leitura e à escrita das complexas interconexões presentes nas esquigrafias,
representando as manifestações derivadas dos núcleos de complexidade. Tudo isso visa a uma
compreensão mais profunda e à exposição das intrincadas relações presentes no contexto das
narrativas de viagem.
Nesse contexto, as narrativas revelam obstáculos e oportunidades de fluidez que
contribuem para a compreensão da Dimensão Intuitiva da Pesquisa. Através da análise crítica
dessas narrativas, elas podem ser identificadas como elementos cruciais da investigação,
desempenhando um papel fundamental na composição global do estudo, ao promover
possibilidades de investigações no campo do Turismo com menos restrições e entraves.
Nesse sentido, é demonstrada a presença e relevância da narrativa na pesquisa. A
Dimensão Intuitiva da Pesquisa é apresentada como uma abordagem que atravessa todas as
trilhas de pesquisa, sob a orientação da Cartografia dos Saberes. Isso permite perceber a
emergência de subjetividades no âmbito de uma ciência contemporânea e a compreensão do
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Turismo não apenas em seu contexto mais convencional, mas de forma mais ampla, como uma
viagem e um processo que desafia as fronteiras territoriais dos desejos.
Neste contexto, ressalta-se a relevância da própria narrativa como um meio de explorar
múltiplas narrativas, conforme evidenciado na afirmação da natureza recursiva da 'produção de
narrativas a partir de viagens' e 'viagens a partir de múltiplas narrativas', conforme ilustrado nos
diversos trechos do pesquisador orientando. Para esclarecer, o sujeito favelado se percebe 're e
espelhado' pelas narrativas predominantes e dominantes. Esse processo de reflexão e
autorreflexão o conduz à tentativa de escapar e se desvincular dessas narrativas, resultando em
um encontro com uma miríade de outras narrativas que o atravessam. Algumas delas o levam
a reconsiderar e reformular suas narrativas iniciais, como exemplificado nas conversas entre o
orientando e a orientadora.
A orientação dessa prática de revisão das narrativas originais contribui para a corrente
atual da pesquisa, que se baseia em experiências anteriores que são relevantes e que estimulam
novas explorações, refletindo uma rede de reflexões que molda os desejos do presente,
contrastando significativamente com os desejos passados do eu como indivíduo favelado.
Portanto, é evidente que a narrativa, em conjunto com as reflexões, atua como um dispositivo
comunicativo que se desenvolve através de 'com-versações', redefinindo as experiências vividas
e ativando a capacidade autopoiética (de autogerar) tanto dos pesquisadores envolvidos quanto
da própria pesquisa.
Dessa forma, o conteúdo apresentado exemplifica, por meio das 'transições da
identidade', a complexa interconexão das múltiplas dimensões que compõem o indivíduo. Fica
claro que a prática de narrar e refletir acerca das numerosas narrativas geradas representa um
exercício de grande impacto, permitindo a descoberta de nuances abstratas e aprofundando a
compreensão das 'com-versações' que ocorrem entre e sobre lugares e sujeitos.
Nesse sentido, acredita-se ter evidenciado a considerável importância das narrativas no
contexto da pesquisa em Turismo, destacando a natureza esquizofrênica das múltiplas
narrativas às quais o favelado, como parte integrante dessa complexidade, está sujeito. Tais
narrativas e reflexões apontam para novas oportunidades de investigação, partindo da premissa
de que os fluxos de turismo estão intrinsecamente relacionados à rede de narrativas que
continuam a influenciar tanto os pesquisadores, quanto os turistas e os moradores de favelas.
Dessa forma, a pesquisa continua em constante movimento, explorando os intricados caminhos
das favelas, seus becos e vielas, bem como os complexos e multifacetados caminhos
rizomáticos da pesquisa.
Narrativas e ‘Com-versações’ de Favela: Dispositivos sensíveis e complexos para Viagens Investigativas em Turismo
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154
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Renan de Lima da SILVA e Maria Luiza Cardinale BAPTISTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.427 29
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Gostaríamos de mencionar e agradecer, a transversalização de temas
tocantes nesse estudo em ‘com-versas’ nos encontros caóticos do Amorcomtur! Grupo de
estudos em Comunicação, Turismo, Amorosidade e Autopoiese, vinculado ao Programa de
Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade - PPGTURH da Universidade de Caxias do
Sul - UCS instituição à qual estendemos agradecimentos. Agradecemos as Favelas do Rio
de Janeiro, em especial aos territórios de intempérie de Cosmos, locus dessa pesquisa.
Financiamento: Um dos autores recebe bolsa de produção de pesquisa de doutoramento da
Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal, a CAPES, em que o doutorando discute alguns
dos temas refletidos nesse estudo.
Conflitos de interesse: Declaramos que não há conflitos de interesse de ordem financeira,
comercial, politica, acadêmica e pessoal.
Aprovação ética: Declaramos que o artigo não foi submetido ao comitê de ética, pois, em
parte, se trata de reflexões resultantes de relato de experiência pessoal de um dos autores.
Disponibilidade de dados e material: Declaramos que somos responsáveis pela
construção e formação desse estudo, e assumimos a responsabilidade pública pelo
conteúdo.
Contribuições dos autores: As contribuições dos autores foram transversalizadas ao longo
do estudo. O autor Renan de Lima da Silva, foi responsável pela vivência e narrativa da
experiência, conceituação e revisão de estudos correlatos, reflexões e proposições
conceituais, estruturação e orientação metodológica, revisão. A autora, Maria Luiza
Cardinale Baptista, foi responsável por supervisão e orientação ‘com-versada’ a partir das
narrativas de experiência, conceituação e revisão de estudos correlatos, reflexões e
proposições conceituais, estruturação e orientação metodológica, revisão e revisão textual.
Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.427 1
FAVELA NARRATIVES AND ‘COM-VERSATIONS’: SENSITIVE AND COMPLEX
DEVICES FOR INVESTIGATIVE TRIPS IN TOURISM
NARRATIVAS E ‘COM-VERSAÇÕES’ DE FAVELA: DISPOSITIVOS SENSÍVEIS E
COMPLEXOS PARA VIAGENS INVESTIGATIVAS EM TURISMO
NARRATIVAS DE FAVELAS Y ‘COM-VERSACIONES’: DISPOSITIVOS SENSIBLES
Y COMPLEJOS PARA VIAJES DE INVESTIGACIÓN EN TURISMO
Renan de Lima da SILVA1
e-mail: renan.turismo@gmail.com
Maria Luiza Cardinale BAPTISTA2
e-mail: malu@pazza.com.br
How to reference this paper:
SILVA, R. De L. da; BAPTISTA, M. L. C. Favela narratives and Com-
versations’: Sensitive and complex devices for Investigative Trips
in Tourism. Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-
ISSN: 2446-7154. DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.427
| Submitted: 10/07/2023
| Revisions required: 22/09/2023
| Approved: 17/10/2023
| Published: 09/11/2023
Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
University of Caxias do Sul (UCS), Caxias do Sul RS Brazil. Doctoral candidate in the Postgraduate Program
in Tourism and Hospitality. Member of the Amorcomtur! Study Group on Communication, Tourism, and
Autopoiesis. CAPES Scholarship student.
University of Caxias do Sul (UCS), Caxias do Sul RS Brazil. Professor and researcher in the Postgraduate
Program in Tourism and Hospitality. Editor of the Conexão Comunicação e Cultura Journal. Doctoral degree in
Communication Sciences (USP). Coordinator of the Amorcomtur! Study Group on Communication, Tourism,
Affection, and Autopoiesis (CNPq-UCS).
Favela narratives and ‘Com-versations’: Sensitive and complex devices for Investigative Trips in Tourism
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154
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ABSTRACT: The text is essayistic co-authored, positioning itself as a meta-text of a journey
and an investigative journey, aiming to reflect on narratives and "con-versations" as a research
device for Tourism and investigative travels, as proposed by Baptista. The text provides
epistemological and theoretical signposts for research guided by the ecologically complex
views in investigative journeys in Tourism. The array of theoretical approaches prominently
features Deleuze and Guattari's Schizoanalysis, combined with Baptista's holistic, complex
perspective on communication, subjectivity, and the tourism narrative. The formulation was
methodologically guided by the strategy of Knowledge Cartography and anchored by Baptista's
Rhizomatic Matrices. Based on the narrated experience of one of the authors in the favelas of
Rio de Janeiro, transversal and reflective "con-versations" were produced about the flows of
Tourism as a narrative producer and the narrative flow as a producer of more Tourism
recursively, potentiating (self)transposition and Desire for investigative journeys as well.
KEYWORDS: Tourism. Schizoanalyze. Travel Narratives. Shanty towns.
RESUMO: O texto tem caráter ensaístico com dupla autoria, inscrevendo-se como meta texto
de viagem e viajem investigativa, visando refletir as narrativas e ‘com-versações’, como
dispositivo de pesquisa para o Turismo e viagens investigativas, como proposto por Baptista.
O texto apresenta sinalizadores epistemológico-teóricos para pesquisas orientadas pelas
visões ecossistêmica-complexa, nas viagens investigativas em Turismo. A trama de abordagens
teóricas tem destaque na Esquizoanalise de Deleuze e Guattari, associada à visão holística,
complexa de comunicação, subjetividade e turismo-trama de Baptista. A formulação foi
produzida, orientada metodologicamente pela estratégia da Cartografia dos Saberes e
balizada pelas Matrizes Rizomáticas, também de Baptista. A partir da experiência narrada de
um dos autores, em Favelas do Rio de Janeiro, produziram-se ‘com-versas’ transversais e
reflexivas sobre os fluxos do Turismo, como produtor de narrativas, e do fluxo narrativo, como
produtor de mais Turismo recursivamente, potencializando a (auto)transpoiese e o Desejo
também por viagens investigativas.
PALAVRAS-CHAVE: Turismo. Esquizoanálise. Narrativas de Viagem. Favela.
RESUMEN: El texto tiene un carácter ensayístico con doble autoría, inscribiéndose como un
metatexto de viajes y viajes de investigación, con el objetivo de reflejar narrativas y 'com-
conversaciones', como dispositivo de investigación para el Turismo y los viajes de
investigación, como propone Baptista. . El texto presenta señales epistemológico-teóricas para
investigaciones guiadas por una visión ecosistémica compleja, en viajes de investigación en
Turismo. La red de enfoques teóricos se destaca en el esquizoanálisis de Deleuze y Guattari,
asociado a la visión holística y compleja de Baptista sobre la comunicación, la subjetividad y
el turismo-trama. La formulación fue producida, guiada metodológicamente por la estrategia
Cartografía del Conocimiento y guiada por Matrices Rizomáticas, también de Baptista. A
partir de la experiencia narrada por uno de los autores, en Favelas de Río de Janeiro, se
produjeron 'conversaciones' transversales y reflexivas sobre los flujos del Turismo, como
productor de narrativas, y el flujo narrativo, como productor de más El turismo
recursivamente, potenciando la (auto)transpoiesis y el Deseo de viajes de investigación.
PALABRAS CLAVE: Turismo. Esquizoanálise. Narrativas de viaje. Favela.
Renan de Lima da SILVA and Maria Luiza Cardinale BAPTISTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154
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Introduction
As I moved to another state to pursue my studies, one of the first questions
people would ask when I mentioned I was from Rio de Janeiro was, "Where
in Rio are you from?" The response was never about specific locations like
the shanty towns, Santa Margarida, Cosmos, or Barbante, which are names
of the sub-neighborhood, neighborhood, and the nearest slums, respectively.
My description always revolved around how I lived near a bohemian place
near a renowned samba school representing the Rio Carnival. "Ah, I live near
Mocidade Independente de Padre Miguel," or a reference to a well-known
neighborhood from a famous song, "You know the song about Realengo by
Tim Maia? Well, that's where I live." Remembering these stories as a
narrative of my investigative journeys contributes to the production of this
research, much like other investigations have shaped this narrative. This is
what we will discuss…” (DOCTORAL STUDENT, our translation).
First and foremost, it is essential to acknowledge the challenge presented in this context:
to foster reflections on narratives and conversations related to shanty towns, considering them
as sensitive and complex methodological devices for conducting investigative journeys in the
field of tourism. As a starting point, this text seeks coherence in its presentation, aligning the
content under consideration with scientific assumptions and methodological strategies that
allow for the development of reflections on the relationship between narratives and
investigative journeys.
These reflections and the production of these narratives align with our research group's
perspective in the South of Brazil, where we view research as an 'investigative journey,' as
proposed by Baptista (2014, 2020a) in their studies. In this context, this work takes the form of
a metatext, with the purpose of addressing the topic of narratives, fully recognizing that the text
itself is inherently a narrative. Furthermore, this metatext aims to present a collection of
narratives related to the investigative journey, which, in turn, represents the research process
itself to contribute to the understanding of the developed reflections.
As previously presented, the focus here lies in the approach to narratives and 'com-
versations' of the slums as sensitive and complex methodological devices for investigative
journeys in tourism. This implies discussing reports as a research tool and the slums as a
dynamic and living framework for contemplating research, Science, Tourism, and Narratives.
Therefore, this text aims to present the relevance of narratives in the context of tourism research.
This approach considers narratives both as generators and as products of investigative journeys,
emphasizing their intrinsic nature of arising from constant interactions and dialogues; in other
words, they are constructed through 'com-versations.' In this way, it is essential to explicitly
outline some presuppositions that will be revisited as the text unfolds. These presuppositions
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are introduced as 'reading operators' (BAPTISTA, 2000), to enhance the readability and
comprehension of narratives and reflections.
It is important to note that the term 'Shanty towns' is being employed in accordance with
the approach presented in another text, which considers it as a potential for spontaneous
manifestations (SILVA; BAPTISTA, 2021, 2022). We should recall that etymologically, the
word corresponds to a type of vegetation known as "Cnidoscolus quercifolius" due to its fruit
resembling the fava bean flower. In this sense, a historical excursion is fascinating. This plant
was representative of the region irregularly inhabited by Brazilian army troops from Rio de
Janeiro, who were called upon to combat in the Canudos campaign in the interior of Bahia. The
Canudos Rebellion was a significant episode in Brazilian history in which Brazilian army
troops were directed to engage with members of a popular religious movement led by Antonio
Conselheiro (QUEIROZ FILHO, 2011).
According to the author, the soldiers settled on the Belo Monte hill in the interior of
Bahia, where there was vegetation bearing the same name as the dwellings now known as
slums. Upon their return to Rio de Janeiro, due to an unfulfilled promise of land allocation for
the victorious soldiers, a revolt ensued, leading to the occupation of a farm on the Providência
hill by these troops.
Subsequently, the hill was recognized and regularized. Although this regularization
occurred for the dwellings that 'spontaneously emerged,' their organization remained, resulting
in 'irregular and spontaneous dwellings' that, colloquially, spread throughout Brazil. These
dwellings became known as shanty towns due to their association with the term stemming from
their botanical etymology but carrying a pejorative connotation of any collection of precarious
and irregular dwellings.
In this regard, the slums are a system of constructions that spontaneously spring up,
often of a precarious and irregular nature, in harsh, inhospitable conditions, lacking support and
recognition from the public authorities. Thus, there is a core significance that conveys
spontaneous growth, precariousness in construction, and neglect by public authorities in the
shanty town ecosystem. The counterpoint to this is also a potential for 'surviving beyond the
elements,' manifesting in the experiences and modes of coexistence of individuals in harmony
with the place.
We acknowledge a more popularly known sense of shanty towns that refers to the city
of Rio de Janeiro in the Southeast of Brazil, associated with the irregularity and precariousness
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of territories and peripheral communities. This sense is often 'slipped' into
, in many situations,
a media portrayal of violence and criminality (POSTIGO, 2014). However, we reiterate that the
term 'shanty town' in this text differs from this pejorative sense. Thus, in a distinct purpose,
slums correspond to a territory of inscriational potential a place that inscribes, creates, and
activates potential (BAPTISTA, 2000). Therefore, the term refers to the sprouting of autonomy,
which conditions multiple narrative intersections. Hence, we recognize in the shanty town the
potential for transforming and preserving its existence.
This approach, in this sense, helps reflect on the historical and cultural existence of the
'facade of Rio de Janeiro,' an expression used in connection with what we refer to in the
Amorcomtur! Study Group on Communication, Tourism, Affection, and Autopoiesis in the
South of Brazil as 'tourism facade'
. It is essential to highlight that Rio de Janeiro is widely
recognized as a destination for domestic and international travelers. According to the Statistical
Yearbook of Tourism (BRASIL, 2020), in 2019, the city welcomed a total of 1,252,267
international tourists, making it the second most frequent destination in terms of international
arrivals by air. In the context of domestic tourism, this destination also stands out, ranking as
the second-largest in revenue generated by tourist activities. This position is notable,
particularly when considering the country's territorial dimensions.
Furthermore, Rio de Janeiro presents peculiarities that serve as attractions for the city,
particularly concerning its natural environment (IBGE, 2020). The relationship between society
and the natural environment results from human action in its anthropic processes, creating a
plurality of possibilities for unique intersections between nature and culture-specific to a
particular biome. This way of relating to the environment historically represents a configuration
of territorial occupation influenced by both subjective and objective disputes within the social
spaces of the city.
Hence, the formation of Rio de Janeiro's historic center was established at some distance
from the marginal areas, which were inhabited more peripherally compared to the city's primary
commercial districts. This resulted in an economic division, with a more central location
pulsating with economic activity and another with lower economic activity. The point with the
more significant economic pulse is the region that is wealthier and occupies a more minor part
We work here with the sense of slippage involving transpositions of meanings and associations regarded as
axiomatic, naturalized, and crystallized in such a way that they become accepted as given without questioning.
The term opposes what Baptista (2021a) refers to as the "Flip Side of Tourism," where the complex constituent
threads are expressed in connection with its spontaneous and natural production. The proposition of the "Flip Side
of Tourism" was initially introduced by Baptista at the Anptur Seminar in 2021 and subsequently published in the
Cenário Journal (BAPTISTA, 2021a).
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of Rio de Janeiro from a territorial perspective. However, this area houses the highest number
of widely recognized attractions promoted by the municipal administration of Rio de Janeiro.
It serves as the showcase for tourism, according to the interpretation of a showcase we are
adopting here, meaning what is conceived to be displayed to external visitors.
On the other hand, the reverse, which opposes what is merely visible on the surface,
'cleverly' emerges spontaneously in areas characterized by adversity and inhabited by the
segment of the population that performs functions in the locally promoted tourist services. This
community, as it naturally emerges, creatively radiates the potential of its existence. Even
though it resides on the fringes of the "facade," this population represents the flip side due to
its significance for tourist schizography and a tourist facade.
While this community may not be recognized for its potential in cultural production and
sustaining its existence, it plays a significant role as a driving force behind these "touristic"
spaces, providing them with the necessary conditions for their existence, which depend on the
inherent vitality of both the area and the people segregated within this environment.
The point is that Rio de Janeiro is not just this artificially prepared "touristic facade"
designed to "sell the destination" as the "Marvelous City." In this case, it is about tourism that
aims to deny and conceal the complex web of the flip side of Rio de Janeiro's existential
ecosystem in its multiple dimensions and expressions. Therefore, we reiterate Baptista's
(2021a) perspective, which proposes looking at tourism beyond the "facade," considering the
numerous and intricate relationships established in the Tourism ecosystem and the interrelated
web that tourism provides, not only in its end but throughout its inception.
In this context, the shanty town emerges as the counterpart to this façade, forming a
territory of human experiences where the complex web of Rio de Janeiro unfolds and inserts
itself. This web doesn't unravel in settings created exclusively for tourist exposure but rather in
the history that encompasses various territories. It is within these spaces that the dynamics of
power manifest, flowing and pushing people to peripheral areas or inhospitable regions,
excluding those who do not fit into the vision of the "touristic waterfront."
In this context, it is crucial to recognize the presence of the slums as an element of
potential linked to the idea of 'spontaneous sproutings,' in line with the perspective that
characterizes territories subject to various adversities and challenges. The debate proposed by
Boaventura de Sousa Santos (2002) on the Sociology of Absences and Emergences gains
relevance in this scenario.
Renan de Lima da SILVA and Maria Luiza Cardinale BAPTISTA
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Therefore, the shanty town represents one of the city's territories with historical,
environmental, and cultural wealth, although it doesn't acknowledge its margins as constituent
elements of this wealth. The distinctive characteristic of the slums is the occupation of space
without professional or officially organized urban planning. It manifests in the opening and
closing of streets as needed for the survival of this shanty town expression. Once again, this
relationship harkens back to the botanical inspiration mentioned earlier.
This text addresses an environment characterized by complexity and unique features, an
'ecosystemic-web' that falls into the category of a complex ecosystemic environment. In this
context, we include a passage from a dialogue derived from the conversations that contributed
to the elaboration of this essay. In this dialogue, the definition of the concept of "episteme" is
proposed as: "The set of knowledge, values, perceptions, and feelings that, intertwined, guide
the production of knowledge" (SUPERVISOR, our translation).
Thus, in exploring the episteme of the shanty town and its counterpoint with tourism,
this work is based on reflections originating from dialogues and the understanding of the
relevance of conversations and the creation of narratives that emerge from these interactions. It
is, therefore, a text produced in exchange between two authors with a long-shared trajectory of
sharing and reflecting upon narratives to contemplate research and investigative journeys.
The authors of this text, with an extensive shared history, have stories intertwined with
joint research, both past and present. Currently, as a supervisee and supervisor, they are
dedicated to two studies being conducted at the University of Caxias do Sul, in the Graduate
Program in Tourism and Hospitality, affiliated with the Amorcomtur! Study Group on
Communication, Tourism, Affection, and Autopoiesis.
Thus, the writing of this text is aligned with the methodological strategies "Cartography
of Knowledges and Rhizomatic Matrices," proposed by Baptista (2020, 2014, our translation),
which are plu-rimethodological, procedural, authorial, and subjective. These strategies
correspond to a series of epistemological assumptions of contemporary ecosystemic and
complex science, including the importance of approaching narrative as a research tool.
Moreover, within the Cartography of Knowledge framework, there is the guideline that
research, conceived as an investigative journey, occurs through investigative paths, one of
which is the Path of Personal Knowledge, which encourages the collection and documentation
of the experiences, knowledge, and insights of the researchers related to the subject of study.
Thus, the text operates from fragments of the supervisee's research diary, which function
as narratives of their investigative journey, offering complementary explanations to what is
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being proposed and discussed in epistemological terms. In contrast, the reflections guide the
selection of narratives and provide reflective perspectives on them. Therefore, in conducting
this research, the identification of narratives through the use of quotation marks and italics
becomes crucial and inseparable.
“[…] I enrolled in a course and found myself on a journey of teaching and
learning, with multiple exchanges between students and the teacher. In the
Doctorate in Tourism and Hospitality at the University of Caxias do Sul, I had
the opportunity to delve into the study of narratives in which the proposal was
to write about our narratives and reflect on the investigative journey based on
these narratives. The result of this look back is a part of what we inscribe
here... learning to (re)know oneself (DOCTORAL STUDENT, our
translation).
As an operation, this narrative represents discovery and orientation regarding the
sprouting of this research. We present records of an investigative journey, shared between the
supervisor and the supervisee, with an intertwining of conversations and a research diary. We
continue with the foundation of narrative, based on Martinez (2012) and Botton (2012),
integrating them into the approach of the investigative journey proposed by Baptista (2014,
2020a). The conversations are considered manifestations of autopoiesis, presenting themselves
in the form of travel narratives. In this context, in accordance with Baptista's perspective (2022),
these narratives are suggested and outlined as a research tool in the field of Tourism,
The 'com-versations' are (self)transpoietic because they are transversal,
related to the power of reinvention in movement, both the movement of the
individual in places, but also the movement between individuals who 'com-
verse,' produce 'com-versations.' They are also transpoietic in the movement
of communicative devices used as resources for narrative production. This
means that 'transpoiese' a term I propose to represent the transversalized
production following schizoanalytic logic also occurs in the transition
between narrative resources. Narrative, 'con-versation,' is not only verbal. All
senses are engaged and enhanced for the production of knowledge in a kind
of subjective narrative production plant, with consideration of the ecosystemic
web that generates relationships and self-production of the researchers
involved in a continuous dynamic of autopoiesis (BAPTISTA, 2022, p. 258,
our translation).
This implies the production of this essayistic approach based on the narrative presented
in the introduction and other narratives appearing throughout the text. This resource is
employed to elucidate the investigative journey and strengthen the argument that, recurrently,
both narrative and journey are generated and reiterated.
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The production stems from Baptista's international research project (2018) titled "Com-
versar Amorcomtur! lugares e sujeitos (Com-versar Amorcomtur! places, and subjects)." This
project provides the foundation for the 'con-versations' presented in this study, focusing on the
shanty town as the starting point for reflections. Additionally, an approach aligned with the
Ontology of Conversation by Maturana (1988) is adopted, which considers the production of
dialogue between the supervisor and the supervisee as a process of 'turning with each other.'
According to Maturana's view, the act of conversing is fundamental for shared life, coexistence,
and, consequently, for the creation of social bonds, knowledge, and shared experiences. The
author emphasizes the importance of walking together and conversing, revolving around, and
turning as fundamental actions in building coexistence and the meaning of life. Therefore, we
understand these elements are essential for producing meaning in the Sciences and investigative
journeys.
This text is a composition that aligns with the understanding of personality and
subjectivity in producing scientific knowledge. In the form of a narrative, it portrays
experiences that, when recounted and reflected upon, bring a re-signification both to the lived
experience itself and to knowledge. It is a collection of narratives from multiple encounters and
experiences, presented here with distinct and complementary meanings. These narratives
represent a tapestry of diverse stories resulting from conversations and reflections between the
authors of this text, shaped during the research process and based on the analysis of their own
conversed and reflected narratives.
The theoretical orientation of perspectives on narratives
When considering the role of narrative in the conception of investigative journeys, the
importance of constructing these narratives becomes evident. Narratives represent memories
originating from past experiences, trajectories, and flows contributing to our subjective
constitution.
Our memories, many of which can be expressed as narratives, play a fundamental role
in shaping our identity. Reflecting on everyday events from the past allows us to assign new
meanings to seemingly trivial aspects of our current experience, thus enriching our subjective
composition.
Professor, I was thinking about my fascination with the beach. I think going
to the beach meant, for me and my friends, both a challenge and social
Favela narratives and ‘Com-versations’: Sensitive and complex devices for Investigative Trips in Tourism
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elevation. In the shanty town, being perceived as a surfer meant an ascent. I
remember that this was representative, we did everything to try to get as close
as possible to that universe. There were many surf clothing stores, and some
of my friends, including my older brother, tried very hard to get a surfboard,
take the bus early in the morning, and, many hours later, arrive at the beach
and try to surf. I, the younger brother, watched and listened, and without being
able to go, I sought the same path of distancing from the slums, with clothes
that didn't represent the place but represented the beach that was so far away,
and I looked to skateboarding for a bit of the experience that I didn't have the
opportunity to have to cross me…” (DOCTORAL STUDENT, our
translation).
In line with the reflection presented in the introduction about Rio de Janeiro, it is
possible to observe the formation of a complex network of interconnections and intertwining
that compose an intricate web of meanings, coherences, convergences, and divergences. These
connections arise from the subjectivities that shape a specific ecosystem. In this context,
narratives play a fundamental role in recording elements that stand out, becoming representative
and enriching the understanding that underlies the proposed approaches.
It is thus asserted that the focus of this study implies the analysis of a complex
composition involving subjectivities as well as natural and machinic assemblages that intersect
transversally. These interactions occur in potential couplings with a peculiar and challenging
ecosystem. This approach is grounded in an essential theoretical framework that guides this
study: Schizoanalysis, initially proposed by Deleuze and Guattari (2004), in their text "O
Antiédipo: Capitalismo e Esquizofrenia (Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia)".
The term "schizo," etymologically derived from "split," in the context of the
assumptions addressed in this study, acquires a dissipative connotation, resembling a kind of
nebulousness that diffuses and becomes invisible at a distance while becoming tangible and
visible when it agglomerates. This terminology finds its basis in the writings of Deleuze and
Guattari (2004), in which the authors explore the unconscious construction of subjectivity, with
schizophrenia as a reference. Based on these reflections, they developed Schizoanalysis as an
approach that recognizes the continuous production of subjectivity through assemblages and
intersections.
By dissociating from the deterministic aspects of Psychoanalysis of that time, the
authors focused their attention on the coupling processes of the capitalist universe of meaning
with other universes of signification. These couplings, which transcend the purely objective
domain, manifest as overflows of subjectivities. In this way, these overflows, characterized by
a "schizo" propensity to exceed defining boundaries, contribute to the construction and
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deconstruction of singular intersections, which are the subject of analysis in this study. The
choice to approach these "schizo" traits, therefore, stems from these reflections.
Based on this approach, the present study conceives Tourism as a schizo composition
characterized by multiple subjective intertwinements. This composition results in the formation
of a Touristic Ecosystem, as previously elaborated by Baptista in her earlier texts (2020a,
2021a), allowing for encounters between communicative flows and universes of signification.
The notion of a communicational touristic ecosystem explored in this context is grounded in a
theory developed by Baptista (2020a).
In this theory, the author proposes an understanding of Tourism as a process of
deterritorialization that occurs within ecosystemic intertwinements. This perspective arises
from a view of science as a complex, interconnected, and communicative ecosystem. This
approach considers fundamental and subjective knowledge, as well as objective elements of
living systems that are open and fluid. All of this happens in a dynamic balance of knowledge
and practice.
And if we think about Tourism, as a tourist ecosystem, how does this ecosystem
establish itself, or rather, how does it inscribe itself? In response to this question, in 2021, the
concept of Touristic Eschographies was proposed, which refers to the subjective developments
that cause tourism to spread across different places, cultures, and among individuals through
inscriptions frequently observed in conversations and narratives. Tourism, as a complex process
of deterritorialization, is inherent in the human experience and life itself. Therefore, what
manifests is a complex configuration that can be examined from the perspective of the web and
rhizomatic logic, characterized as complex and rhizomatic systems with multiple ramifications
and interconnections. This approach suggests that adhering to superficial models of tourist and
leisure practices, as described by a single narrative or as a simple representation of tourism, is
not feasible.
These Touristic Schizography should be interpreted as overlaid layers and
interconnections, exhibiting multiple complexity and a processual nature. Therefore, the
adopted methodological aspects should be strategic and diverse to support the understanding of
these compositions, which arise from numerous narratives rather than a single narrative. The
meanings and dynamics of ecosystems and tourism processes are shaped by a plural logic of
cross-cutting and the dissipation of inscriptions, thus justifying the use of narratives to describe
these Schizography.
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These inscriptions result from reflection on various episodes experienced in personal
journeys, together with the ecological niche of the authors, contributing to the formation of the
subjectivity of individuals within this ecosystem. In this context, this text consists of narratives
that reflect conversations between the authors and their reflections. Furthermore, the
elaboration of these narratives is influenced by interaction with the authors of theoretical texts
that underpin the reflections, as well as the assumption of a dialogue with the readers who will
encounter the narrative.
Our understanding is partly influenced by the principles of communication presented by
Baptista (1996), which emphasize the importance of the subject's multiple experiences in line
with a play of desires and reflections involved in a complex communicational web. This implies
that the adopted approach follows this perspective of intertwining desires and reflections, of the
desiring movements that are generated and, at the same time, of the mirrors in which we see
ourselves and reflect upon ourselves throughout life.
We think that this significance is important because when we look at our narrative
production, we realize that it results from the composition of mirrors that make up the narrating
subject, the listener, and those who experience the journey, seeking art and knowledge in the
apparent simplicity of the memories of this journey, especially in the context of individuals
involved in travel investigations.
Furthermore, it is relevant to reflect that, in Science, narrative has often been relegated
to a secondary role, frequently seen as a marker of subjectivity and imprecision in academic
discourse. Martinez (2012) and Baptista (2016) argue that this is due to the emphasis on
materiality and objectivity in Science, characteristics rooted in the principles that have shaped
Science over the past centuries, originating from what is known as the Scientific Revolution.
In contrast, narrative is understood in this context as a form of production that enables
the hearing, reading, and expression of subjectivities, resulting in the creation of dialogues
(conversations). This perspective may imply a revaluation of elements that the structured and
mechanistic construction of Science tends to overlook. The conception of narrative, in this
context, is based on the understanding of travel narratives, incorporating the historical account
presented by Martinez (2012) and Alain de Botton's approach to the art of traveling (2016).
The way Martinez (2012) approaches narrative as a scientific tool, combining elements
from the literary genre with the theory of Advanced Literary Journalism and Ethnography,
supports narrative as a valuable approach for research in Tourism and highlights its role as an
essential resource in research as an investigative journey.
Renan de Lima da SILVA and Maria Luiza Cardinale BAPTISTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154
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What Martinez (2012) reclaims aligns with the ideas presented here, aligning with the
conception of travel as a form of art, as proposed by Botton (2016). The perspectives of these
authors converge in the sense of expanding the scientific possibilities of narratives in the
context of Tourism.
Thus, in this research, there is the audacity to recognize the recursive nature of narrative,
both as a product and as a producer of Tourism. This implies considering narrative as a tool to
analyze and understand the flows that constitute the tourism ecosystem and Tourism as a
catalyst for the process of desiring deterritorialization, resulting in the crossing of ecosystems
with such intensity that it generates inscriptions, forming narratives
. Therefore, the
understanding of Tourism that develops throughout the text emphasizes its processual and
permeable nature, addressing it in its vast complexity. In summary, this proposal is intrinsically
linked to another, as it recognizes the possibility of narrative emerging from Tourism and
Tourism arising from narrative, while the idea of narrative as a research device is grounded in
the conception of the recursive relationship between narrative and investigative travel.
In this context, the idea of the Communicational Tourism Ecosystem, as proposed by
Baptista (2016), emerges as the one that best harmonizes with the discussion presented due to
its comprehensive conception of the communicational encounters facilitated by Tourism. These
encounters reveal a complex, fluid, and processual nature, often manifesting in everyday
narratives, which serve as indicators of a Tourism Ecosystem in action. Therefore, the
narratives addressed here as a result of this investigative travel Tourism plays a significant role
in this dynamic.
Based on this principle, it is understood that narratives can be interpreted as components
of the network of mirrors that integrate the web of desires shaping the subject's movement.
Thus, the subject proposes a coupling that gives rise to and sustains the process of inscription
and existence of the traveling subject, which creates Tourist Schizographies (SILVA;
BAPTISTA, 2021, 2022). This process occurs both through their narratives and through the
narratives that emerge from their travel experiences.
In this way, the traveling subject records their journeys and creates their Schizographies
based on these paths, which are told and 're-looked' through narratives. The underlying proposal
is to trigger the desire for travel through desiring deterritorializations, fueling the longing for
The communicational tourism ecosystem, as presented by Baptista (2016), is the understanding of tourism within
a complex communicational web, composed of objectivity and subjectivity, involving biotic and abiotic elements
that make up the multiple transversalities that constitute tourism.
Favela narratives and ‘Com-versations’: Sensitive and complex devices for Investigative Trips in Tourism
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154
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travel, either through narratives told or heard, within the complex web of interactions between
subjects and with themselves.
To deal with the inherent complexity of this schizo inscription process, it is crucial to
adopt a methodological approach that is both coherent and intricate, providing the necessary
systematization capacity. The next topic aims to justify and delve into the methodological
strategy employed in this study, drawing on the Cartography of Knowledge and Rhizomatic
Matrices.
Methodological Guidance on How to Map the Slums
The methodological strategy known as the Cartography of Knowledge
, proposed by
Baptista (2014, 2020) and extensively applied in the context of the Amorcomtur! project,
represents an approach that guides the observation, understanding, knowledge generation, and
documentation of information related to the world and science. For a deeper grasp of this
approach, it is essential to revisit the notion of cartography, as outlined by Rolnik (1987), which
served as inspiration for Baptista's conception. According to Rolnik, cartography involves the
creation of a map that records the evolution of a landscape. Thus, in Baptista's view,
cartography translates into the direction of broad investigative paths involving comprehensive
and ever-evolving mapping of research data. Baptista reports that intending to assist researchers
in understanding how to conduct studies focusing on complexity, she developed the
Cartography of Knowledge approach, highlighting specific research paths as crucial
components.
As previously emphasized, the Cartography of Knowledge guides research through four
distinct investigation paths, which operate simultaneously and intertwine throughout the
process: Personal Knowledge, Theoretical Knowledge, Production Plant, and Intuitive
Dimension of Research.
In the year 2021, during the presentation of a paper at the Seminário da Associação
Nacional da Pesquisa em Turismo (Seminar of the National Association for Tourism Research),
conducted as part of the postgraduate program in Brazil, and subsequently in the publication in
the Cenário Journal, the authors highlighted the relevance of the methodological strategy known
as the Cartography of Knowledge in the context of mapping Touristic Esquizographies. This
The methodological strategy of Amorcomtur! which engages with various methods, is presented in multiple texts
by the group, mainly in Baptista's texts (2020, 2014).
Renan de Lima da SILVA and Maria Luiza Cardinale BAPTISTA
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methodological choice is justified by its ability to record and inscribe Tourism in discourse,
representing a materialization of the complex network of subjectivities that characterizes the
ephemeral nature of tourism (SILVA; BAPTISTA, 2021, 2022).
The purpose of this presentation is to highlight the processual and multidisciplinary
nature of the Cartography of Knowledge, which allows for multiple sources of data entry, in
line with the principle that the outputs should also be equally diversified, as outlined by Rolnik
(1987). Therefore, the Cartography of Knowledge emerges as an appropriate methodological
strategy due to the breadth of options for collecting information and acquiring knowledge in a
more comprehensive sense. The four paths that make it up, namely: Personal Knowledges Path,
Theoretical Knowledges Path, Production Plant, and Intuitive Dimension of Research,
converge toward multiplicity, in line with the schizo concept advocated by Deleuze and
Guattari (2004). This is reflected in the production of investigative travel narratives and the
construction of the subjectivity of traveling individuals. Therefore, it is imperative to constantly
consider the focus on the intersection of the "plot" and "rhizome" dimensions, as supported by
the research we have been conducting.
Based on these principles, the Production Unit takes on the role of guiding data
collection, organization, analysis, and presentation, establishing interconnections and
transversalities with the other tracks. It represents the guideline that dictates the
operationalization of research, which can be carried out through conventional approaches or
procedures explicitly adapted for the study, depending on the nature of the research subject.
Baptista proposes the conception and implementation of research by combining initial
investigative approaches, where the researcher enters the field to engage in sensitive listening
and employ various methods, with investigative actions that already presuppose planning in
line with the findings of the initial approaches.
On the other hand, the Intuitive Dimension of Research encompasses subjective aspects
and choices that guide the research directions, often not explicitly highlighted in the other
tracks. According to Baptista's perspective (2014, 2020a) the intuitive dimension is manifested
through spontaneous insights that develop in constant interaction with subjectivities. This
implies recognizing that intuition serves as an invitation for a deeper analysis of occurrences in
the field of study, and, according to the author, these insights should be considered as a way to
approach the research subject and establish a relationship with it.
Due to the multiplicity of events, moments, and transitions that can lead to the
emergence of the Intuitive Dimension of Research, it is understood that the adoption of
Favela narratives and ‘Com-versations’: Sensitive and complex devices for Investigative Trips in Tourism
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Rhizomatic Matrices (Baptista, 2020), as a methodological strategy integrated with the
Cartography of Knowledge, involves creating conditions for resuming the research's orientation
and trajectory. The matrices serve as an organizing tool for research, considering key points
and core information, which help map the internal coherence of the research. In this
methodological approach, the author emphasizes the importance of strategically verifying the
correspondence between the Title, the Object of Study, the Objectives, and the Research
Question, as well as the alignment between specific objectives, theoretical approaches, and
operational procedures, covering both initial approaches and subsequent investigative actions.
It is important to emphasize that constructing a matrix based on Rhizomatic Matrices
(BAPTISTA, 2020) s not a rigid process. Baptista explains that the matrix is conceived as the
point of origin for the research, resembling, in this context, the source of a river that serves as
the starting point of a tributary. This tributary can represent flows of varying intensity,
following paths with various possibilities, while the matrix, starting from its source, remains
constant, even when directing more significant watercourses that flow into the ocean
.
Therefore, matrices function as the initial point and the location for identifying convergences,
offering various development opportunities, understanding revision, points of return, and
passages throughout the research.
In this context, the first-person writing in some of the narratives presented in this text,
with a reflective and autobiographical character, is based on the Personal Knowledge Track. It
is important to note that the textual production results from collaboration with the supervisor,
permeated by dialogues and cross-reflections, in which both authors engage equitably in
epistemological and theoretical discussions. Regarding the approach to writing, particularly in
segments involving biographical accounts, priority is given to the voice of the PhD student in
Tourism and Hospitality. In various other passages, there are reflective insights resulting from
the 'com-versations' between the student and the supervisor. Thus, the textual production takes
the form of a metatext, providing significant scope for reflection on the process of knowledge
generation, both in the realm of investigative practices in general and, more specifically, in
investigative practices related to the field of Tourism.
In the original text proposing the rhizomatic matrices (BAPTISTA, 2017), the author presents, as an expressive
visuality of the design of the matrices, an aerial image of the Amazon rivers, in which she associates the essential
points of the research. She explains that she intends, in this way, to demonstrate that “the research has
directionality, that it is possible to check the coherence of the inflections, but that this involves the understanding
of a logic of fluidity, rhizomatic and dissipative” (Statement by Baptista, at the Chaotic Meeting of Amorcomtur!
the first semester of 2022, our translation).
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In this context, we suggest reading the present dialogue
, which originates from the
narrative of questions that guided the construction of this text and the conduct of research on
travel narratives, understood as a research and reflection tool in the context of Tourism, with a
particular focus on observing realities in the shanty towns.
The proposition of this approach reveals the preeminent role of narratives in directing
this perspective and interacting with narratives. The significance of narratives was emphatically
highlighted during the Learning Journey
by PhD Maria Luiza Cardinale Baptista, at
PPGTURH-UCS, titled: Com-versar’ Lugares e Sujeitos: Narrativas sensíveis para
reinvenção do turismo (Com-versar Places and Subjects: Sensitive Narratives for the
Reinvention of Tourism).
I found myself in an incipient and challenging condition of having the
courage to look at past episodes that made me uncomfortable during the
teaching and learning journey. However, each time I narrated past episodes,
I had the opportunity to better understand the subject and the subjectivities of
that period in my past. Imbued with my current insights, I realized the multiple
parts that composed me and continue to compose me today, accepting them
and perceiving them in my current journeys(DOCTORAL STUDENT, our
translation).
The construction and reconstruction of this text, therefore, involve simultaneously the
production of narratives and narrative understanding. This approach reflects the perception of
the relevance of reporting and reexamining stories and contexts that approach as realities to be
documented, described, and recorded for their importance both to the narrative itself and to
those who narrate them.
What is sought with this is an approach to contemporary science, which values the
recognition of subjective and complex elements, transcending the strict modeling of scientific
rigor based exclusively on the traditional principles of modern science
.
Here, it is used in the sense proposed by Maturana (1988) and Baptista (2018), to which we have already referred
previously.
The term' Learning Path is used by Baptista in substitution for the term' discipline' for an epistemological reason
concerning Education and Science. According to the author, the term 'discipline' no longer makes sense in
contemporary times when dealing with learning paths, which are mutating, procedural, subjective, transversal, and
holistic.
Critique based on the analysis of contemporary science, carried out by authors such as Capra (1991, 1997),
Santos (2010), Crema (1989) Baptista (2016; 2020a; 2021), among others, the theoretical basis for the studies of
Amorcomtur!
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In this context, from the experience and explorations of the narratives presented
throughout this text, a series of inquiries have emerged that have become part of the approaches
related to the research object.
We realized, supervisee and supervisor, that these initial perceptions were - and continue
to be - in tune with the life story of the doctoral student, one of the authors of this work. Such
stories represent ongoing studies within the scope of the Doctorate in Tourism and Hospitality,
part of the Postgraduate Program at the University of Caxias do Sul and the Amorcomtur!
Project. In this context, a thesis is being developed with a broad theme elaborating a
Cartography of leisure and tourism in the Favelas of Rio de Janeiro.
As a starting point, this text aims to present narratives that revolve around conversations
about narratives linked to the life trajectory of an academic who is also a surfer, a resident of a
slum, and a tourism professional. He conceived the research that addresses the shanty town not
only as an object but as a weft subject
. This subject had his life transformed from the meeting
of different flows, and this transformation took place under the guidance of a doctoral professor
in Communication Sciences from USP, with a post-doctorate in Amazon Society and Culture.
She, born and raised in the interior of São Paulo, in her multiple reflections, proposes and
enables the experience of this plot of desires and mirrors. This plot is formed by the intersection
of the life narratives of both authors and the reflections that arise from the possible connections
between these narratives.
In this way, each of these subjects represents a weft of meaning, as previously
mentioned, an intricate and complex tangle of mirrors that connects and constantly produces,
as they traverse the world, subjectivity and recurrence in the relationship between one and
another (BAPTISTA, 1996). These subjects are the agents of communication in an exchange
between subjectivities, their places of belonging, and other subjects. This occurs during their
multifaceted transits through the world, which can be understood as plots that, when narrated,
reveal indicators of the previously mentioned elements.
The transit through this intricate plot of desires and mirrors enhances the subjective,
bodily, and cognitive dimensions to generate manifestations and impressions in the world. As
a result of this involvement, narratives emerge. It is essential to understand that the narrative
not only represents a place of expression but also a space of perception of the world, where the
subject inserts itself as a political act of existence. Furthermore, the narrative serves to mark
The notion of subject-weft is a proposition by Baptista, in several of his texts, with a schizoanalytic foundation,
considering the subject in continuous production, a result of assemblages and desiring cut across, with deep marks
of their existential universes.
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absences, suggesting its episteme, which is a manifestation of an emerging epistemology
resulting from the multiple connections of life and their valuations. This aligns with the ideas
presented by Santos (2002) and Maturana (1988).
It is worth noting that the research exploring the context of the favelas in Rio de Janeiro
is also inspired by Santos’ Ecology of Knowledge (2010). This approach transcends the abyssal
thinking dichotomy and seeks to establish bridges between these distinct realities. In this
context, knowledge is produced and validated in a way analogous to the emergence of the
favelas, that is, through multifaceted processes of overlapping plots and flows, which give rise
to opportunities for developing survival potential. These manifestations guide the researcher,
who is originally from the favela, towards the creation of openings and the exploration of ways
to reach the possibilities of the achievable.
After presenting the reflections on the cartographic and rhizomatic matrix approach, it
is appropriate to highlight that the present text is the unfolding of a network of narratives. In
line with the principles of Schizoanalysis and other previously outlined foundations, it is not
committed to a linear and axiomatic rigidity but rather to a structure that, although logical, is
permeated by deviations. Within this context, the textual construction manifests as an
interaction between narration and reflection, between subjectivity and traces of strategic
discursive rationality, in connection with an ecology of knowledge that grants voice, theory,
and empiricism
. In a way, the text is conceived as a network of narratives and as a
deterritorialization that crosses ‘alleys and lanes’ - which, in this case, also refers to the ‘alleys
and lanes’ of the text itself. This characterization is emblematic of the empirical environment
under analysis: the slums.
Com-versas
of Slums
From the recognition of the multiplicity that constitutes the subject as schizo, what to
do and how to transit through the knowledge that emerges in the narratives? By understanding
the multiple facets and convergences between subjects and places in Tourism research, it is
Ecology of Knowledge, as proposed in the chapter of the book "Epistemológicas do Sul (Epistemologies of the
South)" by Santos and Meneses, in which Santos (2010) introduces the concept as an autonomous construction of
knowledge bridges.
The authors created the term. A “pun” was made with the word conversations; they replaced the N with M
because “Com” means Accompanied by.
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possible to identify the meanders and singularities that constitute the Touristic Schizographies
resulting from our interaction with the world.
Thus, the concept of esquizografarinvolves the narrative that addresses the intrinsic
multiplicity of the authors, transitioning from a first-person perspective to a collective and
plural one. This displacement occurs due to the narrative passages that have a personal and
autobiographical character, in which reflective thinking is a result of personal reflections.
Furthermore, it is essential to note that even these inscriptions were the subject of dialogue and
supervision by the advisor.
Thus, the following episode aims to present some of the intricacies and singularities
observed in narratives. By revisiting and perceiving certain aspects as singularities, we aim to
reframe and guide the "research journeys," the paths taken, as an intellectual and existential
experience, as evidenced in the narratives extracted from research diaries and guidance
recordings. In this process, the perspective emerges to understand tourism as a consequence of
the flow of desire embedded in an ecosystem that can be interpreted as touristic.
Let's talk, let's talk about the slum, let's talk about tourism, but let's speak
from a different perspective. Let's think about tourism not in the shanty towns
but about tourism of the slums, and when I say 'of the shanty towns,' I'm trying
to address the exploitation carried out with the slum, about a process of
inclusion and exclusion that deals with and occurs for and with the very slums
dweller (DOCTORAL STUDENT, our translation).
We understand that by expressing these reflections, it is possible to analyze the shanty
towns as a response to exploitation, strengthening itself through its production and self-
production. This contrasts with their childhood perception, where being considered successful
implied not belonging to the slums and not adopting behaviors associated with it.
The shanty towns, often viewed as a 'periphery,' are stigmatized by a single narrative
that characterizes them with pejorative adjectives such as 'violent, poor, dirty, and tacky'
compared to the rest of the municipality. This stigma is so deeply ingrained that while growing
up in the slums, residents are confronted with the negative representation perpetuated on
television, soap operas, and news programs, constructing a preconceived imagination about
daily life in the shanty towns.
Whether I wanted it or not, I lived in the slums, breathed it, and am part of
it. Today, I realize this, but for a long time, I thought about trying not to be a
part of it. I moved away, went to college, and thankfully, returned,
autopoietically as well, a subject of Amorcomtur! and therefore, reflective,
loving, and considerate regarding the past, present, and future of the shanty
town dweller” (DOCTORAL STUDENT, our translation)
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We then reflect on the subject of the shanty town, the one who resides in the shanty
town and shares its characteristics, both the pejorative and non-pejorative ones. We consider
the flows, influxes, paths, and detours that permeate the life of this subject and how these factors
generate dynamics. We acknowledge that immersed in the narrative ecosystem, especially in
the media sphere, it is easy to see the shanty town only as a place of impossibility, with no
apparent way out.
So, we have chosen to perceive the shanty town as a source that generates flows and
desires and as a component of desires and tourism flows. This implies that the organization and
production of Tourism/shanty towns result from actions that, although subjective, consist of
layers of objectivity and subjectivity within a complex and ecosystemic context, aligning with
Baptista's view of Tourism (2021a, 2020b).
The appropriation of tourism by those who objectify it largely neglects subjective
intersections and the realm of practices as they manifest in life experiences. This approach tends
to frame tourism within a superficial hegemonic narrative. This, in turn, obscures the emergence
of subjective aspects that permeate experiences and practices within the slum in its touristic
role. The comparison between superficial narratives and deeper perspectives of tourism
highlights the influence of narratives that dictate what can or cannot be considered
Tourism/shanty town.
The proposal here is that, regardless of the exploration of leisure facilities in the slum,
there is a subjective production of leisure and tourism experiences by the shanty town's
residents. These experiences may or may not align with a superficial type of tourism.
How and where did I realize this? Back in Rio, after a long period away, I
received an invitation to work at a party, a show with DJs, and a pagode
group
a very influential musical genre in Rio, with some Funk DJs,
another important genre.
Due to the number of DJs, I was invited to accompany one of them to another
party, with fewer DJs, but not before stopping at a third dance in the same
shanty town. We also stopped by one of the empty dances and went to the event
A music genre originating from a marginalized Rio de Janeiro, established as a variation of Samba, another
typical music genre of the local culture. According to Salles (2007), Samba and Pagode are music genres
representative of the knowledge and practices of the Hill/Shanty Town culture and signify, for the spaces, a cultural
expression of the social traditions developed and related to the places and individuals.
A music genre that originates from the influence and incidence in the shanty towns of Rio de Janeiro, based on
a homonymous genre from African American communities. It starts with parties featuring original music from
these North American communities and transforms into a hybrid genre typical of the local culture (SALLES,
2007). According to the author, Funk represents, beyond fashion, a way of being and existing in the world, capable
of building bridges that affirm its existence between the hill and the asphalt in cities divided along this binary as
affluent areas/poor areas.
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a little further away, with a few DJs. In the end, I ended up being present at
three events, flowing from one to another, as if it were a trip, a Shanty Town
trip, with several worlds and feelings in each of the spaces” (DOCTORAL
STUDENT, our translation).
This reflection raises the consideration of the possibility for the shanty town to manage
its tourism flows and relationships, which, whether due to financial constraints or, more
profoundly, due to the exploitation of the shanty town itself, it ends up not exploring or
practicing, even if it has the desire to do so. Therefore, tourism in the shanty town becomes
relevant, not as a stagnant destination but as a dynamic flow. This approach represents an
alternative side of tourism, built by complex local networks, driven by the potential of the
residents, and intertwined with the slum's ecosystem.
The question that arises for reflection is how Amorcomtur! Conceives of Tourism. The
group recognizes Tourism beyond its historical evolution as an industry, considering it a shared
social practice involving interests where the power relation of capital was already clearly
established. The group's focus revolves around the ontological discussion about tourism,
emphasizing the connection with travel and exploring travel as a means of deterritorializing
desire. This implies an understanding of the movement that takes the subject out of their
comfort zone, encouraging them to experience the intensity of the continuous process of
transformation and possibilities.
When considering the relationship between Tourism and shanty town, it is essential to
reflect on the presence of tourism beyond Rio de Janeiro's beaches. In this context,
conversations and reflections were conducted on the numerous journeys that take place daily in
the slum and contribute to stimulating the intrinsic desire of the shanty town itself.
The possible journeys, in possible modes of existence and deterritorialization.
It is about them that I speak, and it is about them that compels me to say!
Thus, I authorize myself to think of the shanty town itself, no longer as a
periphery, but as its potency, as I feel and experience it, as a 'place to be in
the world,' in a different, singular mode that can, depending on how it is seen
and experienced, constitute a power of passage. Thus, as a point of 'stop' of
existence, it is also a 'power of passage.' It can be seen not as a mere stop but
as a potential opening for passage for becoming a slum
subject…(DOCTORAL STUDENT, our translation).
As final considerations, we want to make clear some possible understandings regarding
working with narratives for tourism research. These can be understood based on the earlier
reflections presented.
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In tourism research, narratives play an essential role, as Schizoanalysis is one of the
central theoretical structures. Consequently, the application of narratives is considered of great
significance for the study of Science as a whole and for tourism research, understood as a
complex and rhizomatic process of travel and desiring deterritorialization, as established in its
ontological matrix. This perspective is aligned with the approach of Contemporary Science, in
which, as observed by Baptista (2021a, 2021b), the Inside out of Tourism is a domain that can
be explored through travel narratives.
Final considerations
In the concluding remarks, it is essential to highlight some key points that stand out in
working with narratives in the context of tourism research. These understandings stem from the
earlier reflections presented.
When we address the concept of Tourist Esquizographies (SILVA; BAPTISTA, 2021,
2022), we are discussing the multiple subjective representations of tourism, which can be
mapped and analyzed, emphasizing the significance of narratives for tourism research from the
outset. The term "Tourist Esquizographies" was conceived based on the experience in the
shanty town, considering its richness in various knowledge and practices and its implications
in subjective and objective spheres. These esquizographies reveal deeper connections with
activities related to tourism, leisure, and travel, both by the slum subjects and the tourism
ecosystem of Rio de Janeiro. At the same time, the term alludes to the schizophrenic nature of
the shanty town and its characteristic "shanty dweller," which spontaneously emerges and
persists in the face of adversity with extraordinary potency, contributing to the understanding
of what can be considered as tourism in the Shanty Town, namely, the so-called Tourist
Esquizographies.
In this approach, the Cartography of Knowledge serves as a strategic guideline to
understand and embrace multiple narratives and subjectivities inherent to practices and
knowledge. This includes the narratives presented by the research subject, which act as
fundamental resources for conducting the research and developing an alternative perspective
on Tourism with an emphasis on global analysis. The resulting understanding is that, throughout
the different phases of the research, consideration of the Paths of Theoretical Knowledge,
Personal Knowledge, the Production Plant, and the Intuitive Dimension of Research provides
various approaches to interpreting travel narratives.
Favela narratives and ‘Com-versations’: Sensitive and complex devices for Investigative Trips in Tourism
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Therefore, as evidenced in this text, the contribution of the Cartography of Knowledge
in collecting and analyzing Investigative Travel Narratives culminates in their organization
along these four interconnected paths. As illustrated, the Intuitive Dimension of the research
primarily manifests in the collection of narratives that comprise the Path of Personal
Knowledge, which can be interpreted in light of information from the Path of Theoretical
Knowledge. These, in turn, serve as guidelines for the Production Plant, which is dedicated to
reading and writing about the complex interconnections present in the esquigrafias,
representing the manifestations derived from the cores of complexity. All of this aims at a
deeper understanding and exposure of the intricate relationships within the context of travel
narratives.
The narratives reveal obstacles and opportunities for fluidity that contribute to
understanding the Intuitive Dimension of Research. Through the critical analysis of these
narratives, they can be identified as crucial elements of the investigation, playing a fundamental
role in the overall composition of the study by promoting opportunities for research in the field
of Tourism with fewer restrictions and obstacles.
In this sense, the presence and relevance of narrative in research are demonstrated. The
Intuitive Dimension of Research is presented as an approach that cuts across all research paths,
guided by the Cartography of Knowledge. This allows us to perceive the emergence of
subjectivities within the scope of contemporary science and to understand Tourism not only in
its more conventional context but more broadly as a journey and a process that challenges the
territorial boundaries of desires.
The importance of the narrative as a means of exploring multiple narratives is
emphasized, as evidenced in the assertion of the recursive nature of 'narrative production from
journeys' and 'journeys from multiple narratives,' as illustrated in various segments of the
research subject. To clarify, the favela resident perceives themselves as mirrored' by the
predominant and dominant narratives. This process of reflection and self-reflection leads them
to attempt to escape and disassociate from these narratives, resulting in an encounter with many
other narratives that intersect with them. Some of these lead them to reconsider and reformulate
their initial narratives, as exemplified in the conversations between the doctoral student and the
research advisor.
The guidance of this practice of revising the original narratives contributes to the current
stream of research, which is based on previous experiences that are relevant and that stimulate
new explorations, reflecting a network of reflections that shape present desires, in significant
Renan de Lima da SILVA and Maria Luiza Cardinale BAPTISTA
Rev. Hipótese, Bauru, v. 9, n. 00, e023008, 2023. e-ISSN: 2446-7154
DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.427 25
contrast with the past desires of the self as a favela resident. Therefore, it is evident that
narrative and reflections act as a communicative device that evolves through 'com-versations,'
redefining lived experiences and activating the autopoietic capacity (self-generating) of both
the researchers involved and the research itself.
In this way, the content presented exemplifies, through the 'transitions of identity,' the
complex interconnection of the multiple dimensions that constitute the individual. It becomes
clear that the practice of narrating and reflecting on the numerous generated narratives
represents an exercise of significant impact, allowing the discovery of abstract nuances and
deepening the understanding of the 'com-versations' that occur between and about places and
subjects.
It is believed to have demonstrated the considerable importance of narratives in the
context of Tourism research, highlighting the schizophrenic nature of the multiple narratives to
which the favela resident, as an integral part of this complexity, is subject. Such narratives and
reflections point to new research opportunities, starting from the premise that tourism flows
intrinsically relate to the network of narratives that continue to influence researchers, tourists,
and favela residents. Thus, research remains in constant motion, exploring the intricate paths
of the favelas, their alleys, and lanes, as well as the complex and multifaceted rhizomatic
research paths.
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DOI: https://doi.org/10.58980/eiaerh.v9i00.427 29
CRediT Author Statement
Acknowledgments: We would like to mention and express our gratitude for the cross-
cutting themes explored in this study through 'com-versations' in the chaotic meetings of
Amorcomtur! Study Group on Communication, Tourism, Affection, and Autopoiesis,
affiliated with the Postgraduate Program in Tourism and Hospitality - PPGTURH at the
University of Caxias do Sul - UCS, to which we extend our thanks. We are grateful to the
slums of Rio de Janeiro, especially to the territories of Cosmos, the focal point of this
research.
Funding: One of the authors receives a doctoral research fellowship from the Coordination
for the Improvement of Higher Education Personnel (CAPES), in which the doctoral
candidate discusses some of the themes reflected in this study.
Conflicts of interest: We declare no conflicts of interest, whether financial, commercial,
political, academic, or personal.
Ethical approval: We declare that the article was not submitted to an ethics committee
since it partly consists of reflections resulting from the personal experience report of one of
the authors.
Data and material availability: We declare that we are responsible for the construction
and development of this study and assume public responsibility for the content.
Authors' contributions: The authors' contributions were intertwined throughout the study.
The author, Renan de Lima da Silva, was responsible for experiencing and narrating the
experience, conceptualization, and review of related studies, reflections, conceptual
propositions, methodological structuring and guidance, and review. The author, Maria
Luiza Cardinale Baptista, was responsible for supervision and 'com-versational' guidance
based on the experience narratives, conceptualization and review of related studies,
reflections and conceptual propositions, methodological structuring and guidance, review,
and text review.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.